4.3
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Alien: Romulus
Original:Alien: Romulus
Ano:2024•País:EUA, UK
Direção:Fede Alvarez
Roteiro:Fede Alvarez, Rodo Sayagues
Produção:Walter Hill, Michael Pruss, Ridley Scott
Elenco:Cailee Spaeny, David Jonsson, Archie Renaux, Archie Renaux, Isabela Merced, Spike Fearn, Aileen Wu, Rosie Ede

Retornar ao espaço é sempre uma boa pedida ainda mais se houver confrontos com as criaturas concebidas visualmente por H. R. Giger. Para tal, basta explorar naves ou estações espaciais perdidas, algum planeta inóspito para atender um pedido de ajuda ou enquanto aguarda um resgate. A franquia Alien se desenvolveu pela química entre o trabalho de Giger, o roteiro de Dan O’Bannon, o comando de Ridley Scott e o protagonismo de Sigourney Weaver, presente em quatro filmes: Alien, o Oitavo Passageiro (1979), Aliens, O Resgate (1986), Alien 3 (1992) e Alien, a Ressurreição (1997). Depois vieram outros roteiristas e diretores, destacando James Cameron do segundo filme, dois crossovers, Alien vs Predador (2004) e Aliens Vs Predador 2 (2007), e uma nova trilogia composta por Prometheus (2012), Alien: Covenant (2017) e o atual Alien: Romulus (2024).

O que se absorveu desses nove filmes, considerando o oportunismo e os conceitos mal desenvolvidos, é uma espécie que se desenvolve através de três processos: o ovo da Rainha, de onde saem os “facehuggers” em busca de um hospedeiro humano para o nascimento dos “xenomorfos“. Estes últimos crescem rapidamente e possuem uma cabeça alongada, dentes e uma língua que aparenta dispor de mais dentes, além de seu sangue ser corrosivo. Tais criaturas, vistas pela primeira vez na colônia LV-426 (Alien, o Oitavo Passageiro e Aliens, O Resgate), estão diretamente relacionadas aos Engenheiros (Prometheus), a primeira geração humana, e que utilizava um líquido negro como arma biológica armazenada em recipientes no interior de um templo em LV-223, uma lua do planeta gasoso Calpamos, no Sistema Zeta Reticuli.

Em Prometheus, ambientado em 2093, o sintético David (Michael Fassbender), desenvolvido para ser curioso, foi percebendo a natureza dessas criaturas ao contaminar Charlie (Logan Marshall-Green) com o líquido, resultando na gravidez de Elizabeth Shaw (Noomi Rapace), que conseguiu extrair o embrião e fugiu do local com uma nave roubada dos Engenheiros. O resultado dessa extração se forma em um “facehugger” gigantesco, que posteriormente deposita seus resíduos em um Engenheiro para o nascimento do “alien zero“. David chegou ao planeta de origem desses seres, devastou a espécie com seus experimentos, incluindo Elizabeth, e descobriu mais sobre a concepção, a bordo da nave Covenant, com centenas de colonos. Contudo, você deve estar se perguntando: o que toda essa complexidade narrativa tem a ver com Alien: Romulus, o novo filme da franquia, comandado por Fede Alvarez?

Praticamente nada. É importante que o infernauta conheça a franquia para que possa apreciar as referências no novo filme. Mesmo com um enredo mais simples, a cargo do próprio Alvarez em parceria de Rodo Sayagues (também trabalhou com o diretor em A Morte do Demônio e O Homem nas Trevas 1 e 2), quem não esteve à bordo da Nostromo pode perder uma importante conexão; quem não embarcou em Prometheus ou na Covenant, pode não entender o que seria um certo recipiente visto em cena, nem as intenções do sintético. Ainda assim, Alien: Romulus funciona como entretenimento a qualquer tripulante de primeira viagem porque basicamente  sustenta seu enredo com cenas de tensão, bons efeitos especiais e peitos explodindo.

A trama se passa logo após os eventos de Alien, o Oitavo Passageiro. Em uma colônia de mineração, comandada pela Weyland-Yutani (praticamente a principal indústria existente no universo), a população trabalha para completar horas de serviço para ter direito de partir para um planeta terramorfado e encontrar a paz. Com os autofalantes acusando os responsáveis pela escravidão, Rain (Cailee Spaeny, Círculo de Fogo: A Revolta) acredita já ter completado o tempo para se livrar das obrigações, tendo em vista que seus pais morreram a serviço da empresa e a deixaram com o apoio do sintético Andy (David Jonsson), que fora encontrado em depósito de sucatas, tem uma inteligência artificial limitada e possui uma única diretriz: ajudar sua “irmã” Rain.

Ao ser informada que as horas de serviço se ampliaram e ela teria que trabalhar por mais seis anos, Rain encontra em Tyler (Archie Renaux) uma oportunidade única: alcançar uma nave – descobrem que se trata de uma gigantesca estação espacial dividida em dois setores, Romulus e Remus – aparentemente abandonada, roubar os módulos de criogenia para, assim, partir para o planeta desejado. Na verdade, ele precisa dos comandos de Andy, único capaz de ter os acessos necessários. Assim, os três se unem à irmã de Tyler, Kay (Isabela Merced), o intragável Bjorn (Spike Fearn) e Navarro (Aileen Wu) para explorar o ambiente caótico, com evidências de experimentos, e encontrar a carga. Contou os participantes? Sim, seis, mas há mais um que se revelará importante para a proposta em uma curiosa participação. Mas não há apenas um oitavo passageiro.

A primeira tensão se estabelece quando três deles ficam presos em depósito médico, e o sistema de proteção começa a aumentar a temperatura, descongelando uma família de facehuggers. A partir de então “a casa assombrada no espaço“, como o primeiro Alien foi caracterizado na época, promove situações de confrontos com as aranhas espaciais e consequentemente os conhecidos xenomorfos. Para piorar, o infantil Andy, com suas piadinhas infame, sofre uma atualização, mudando não apenas de personalidade, numa ótima atuação de David Jonsson, como também altera sua diretriz, ficando a serviço da Weyland-Yutani. E todos ali ainda precisam correr para escapar dali, antes que a estação seja destruída pelo anel que circunda o planeta de mineração.

Alvarez sabe criar suspense em locais fechados, como mostrou na moradia de um Stephen Lang cego e na cabana que precisaria recuperar a viciada Jane Levy. Assim, a primeira metade de Alien: Romulus é bem intensa, com os jovens tentando se proteger das ágeis ameaças, sem confiança no sintético e brigando entre si. É nessa simplicidade que reina os melhores momentos do filme, contudo ela não resiste até o fim. A aparição de um personagem e seus propósitos conduzem a um carrossel de situações que estão relacionadas a Prometheus e Alien Covenant, culminando no último e desnecessário ato, que remete – pode acreditar – a Alien, a Ressurreição. Sem adentrar em spoilers agressivos, quem recorda da sequência final do confronto de Ripley com “seu filho” vai entender do que estou falando.

Aliás, Rain se sai bem como “nova Ripley“, como era de se imaginar, tendo a mesma coragem e ousadia. É claro que, diferente da Ripley de Aliens, o Resgate, ela não tem uma natureza guerreira, mas se transforma aos poucos pela necessidade de lidar com as ameaças, demonstrando, inclusive, uma perspicácia que a personagem de Sigourney Weaver também tinha desde Nostromo. Destaque para as cenas da protagonista no passeio pelo ácido digital e na tentativa de fuga por um elevador, que também remete a Alien, a Ressurreição. É claro que Rain também conta com facilidades do roteiro, coincidências que estavam lá para ajudar as personagens de Jane Levy, tanto Mia (A Morte do Demônio) quanto Rocky (O Homem nas Trevas), e que já podem se considerar assinaturas do diretor.

A franquia adquiriu um novo oxigênio com Alien: Romulus. Extraiu as complexidades de Ridley Scott nos últimos filmes e injetou poucos elementos à mitologia. Agora sabemos como agem com mais precisão os facehuggers, e entendemos porque futuramente a Weyland-Yutani teria interesse no DNA Alien, algo já sugerido em Alien 3. Não se sabe se voltaremos ao mesmo espaço em uma nave ou estação espacial comandada por Fede Alvarez, porém o cineasta já mostrou que sabe respeitar franquias, buscando o que há de melhor nos clássicos. Talvez um tempo em um módulo de criogenia possa trazer algo melhor que a ressaca de um despertar, ainda mais se voltarmos a ver uma certa tenente em ação.

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2 Comentários

  1. O filme é legal, mas aparece poucos aliens mesmo e muito daquelas aranhas nojentas. E fica difícil acreditar numa nave daquele tamanho que só os jovens desajustados que viram.

  2. O filme é ótimo para ação, mas tem zero terror. No fim, torci para os xenomorfos o tempo todo, pois a tripulação é burra demais e é melhor que sejam devorados, e infelizmente suas mortes nem são mostradas com muito foco. Virou uma “sessão da tarde”.

    Um salve à referência à Ripley, uma das melhores frases do cinema!

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