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ClearMind
Original:ClearMind
Ano:2024•País:EUA
Direção:Rebecca Eskreis
Roteiro:Seana Kofoed
Produção:Kristin T. Higgins, Seana Kofoed
Elenco:Rebecca Creskoff, Toks Olagundoye, Rob Benedict, Kadeem Hardison, Jenn Lyon, Seana Kofoed, Jessica Meraz, Alec Mapa, Matt Petters

Imagine que, após passar por um grande trauma, você utilize uma realidade virtual para simular sua vingança e descontar toda sua raiva. Essa é a premissa de ClearMind (2024), um terror com toques de comédia dirigido por Rebecca Eskreis.

Em um churrasco reunindo todos os colegas e familiares, ninguém parece prestar atenção quando a filha de Nora (Rebecca Creskoff) se afoga na piscina e morre. A partir daí, temos o primeiro ato do filme com um tom mais dramático: Nora está tentando lidar com a dor e o luto junto de seu marido Michael (Rob Benedict). Ela então decide tentar uma nova forma de “terapia” ainda em experimentação, sugerida por sua amiga Lily (Jenn Lyon), que também estava presente no dia da tragédia.

Esse novo tratamento sugere uma imersão completa e monitorada, onde Nora consegue ver e ouvir seus colegas. E principalmente decidir o que fará com eles. Na vida real, eles se afastaram após o ocorrido, mas continuam se reunindo uma vez por ano. A maior parte do filme se passa com Nora aparecendo de surpresa em uma dessas reuniões em uma casa no lago, afastada da cidade.

O filme repete propositalmente várias frases de efeito para deixar claro que está falando sobre luto. Nora está apegada ao passado e não consegue superar a perda da filha, e isso reflete em tudo, sendo o novo centro de sua vida. Todos os sentimentos que tem que lidar são mostrados e relacionados às fases do luto: sua raiva, negação, culpa e principalmente a discussão com cada um de seus amigos sobre como foram também responsáveis por tudo ter acontecido.

Vendido como uma comédia+horror, falha com os dois gêneros. Não é engraçado o suficiente para sustentar os momentos em que precisa utilizar o humor. Não tem terror o suficiente nos momentos em que precisa exprimir toda a violência contida em seu contexto de brutalidade de sentimentos. Infelizmente tudo é muito fraco: as piadas, as mortes e até as atuações. E aqui nem podemos considerar o “não se leva a sério” porque não justifica e não é o que transparece.

Mas é um filme que tenta. Tenta ser maior do que é, apesar de ser um indie de baixo orçamento. Almeja alto e infelizmente, consegue pouco. Os personagens são burros e detestáveis. A realidade virtual é jogada na história aleatoriamente, perdendo o foco da sua importância na execução, mal servindo de gancho para o clímax (que também passa batido).

O ritmo é lento e os diálogos são chatos. As frases de efeito que são ditas repetidas vezes não causam o impacto pretendido. Não conseguimos levar a sério nenhum dos personagens e nem nos conectar com ninguém ali. Por mais que queira mostrar que “hey, todo mundo tem um desse no grupo de amigos”, ainda assim parece falso e forçado. Nada disso é suficiente para segurar a atenção do espectador.

O final, que deveria ser o grande ápice do longa, também não agrada e não impacta em nada. Na verdade, a construção é tão fraca que até sentimos um alívio ao ver os créditos rolando. Como usa todas as cartadas desde o começo, não impressiona e não surpreende em nenhum momento.

Rebecca Creskoff é a única que se salva com um atuação bem pontual, mas o roteiro não a ajuda a ter o brilho e destaque que merece. Então é uma atriz que adoraria ver performando em um filme de qualidade. Num geral parece o tipo de filme que os atores podem se divertir por estarem “entre amigos”, mas para nós, nem tanto.

ClearMind tentou chutar alto e errou feio o alvo. É o tipo de filme que vale assistir para criticar com propriedade, mas já aviso para não esperar muito. Quem sabe assim você se surpreenda, mas ouso dizer que não. Por ser fraquinho, é facilmente esquecível apesar de pela sinopse parecer ter um plot interessante. Dei o play pelo fator “filme que fala sobre lidar com luto através do terror”, mas quem saiu de luto fui eu pelos 85 minutos na frente da TV.

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