4.5
(2)

Coringa: Delírio a Dois
Original:Joker: Folie à Deux
Ano:2024•País:EUA, Canadá
Direção:Todd Phillips
Roteiro:Todd Phillips, Scott Silver
Produção:Joseph Garner, Todd Phillips, Emma Tillinger Koskoff
Elenco:Joaquin Phoenix, Lady Gaga, Brendan Gleeson, Catherine Keener, Zazie Beetz, Steve Coogan, Harry Lawtey, Leigh Gill, Ken Leung, Jacob Lofland, Bill Smitrovich, Sharon Washington, Alfred Rubin Thompson

O comediante Arthur Fleck, depois de matar cinco pessoas e causar tumulto na cidade de Gotham, assumindo a identidade do Coringa, está preso na instituição para criminosos insanos Arkham, onde está aguardando o seu julgamento. Durante sua estadia no manicômio de segurança máxima, ele conhece Lee, uma outra paciente, e os dois se apaixonam e começam um romance em meio de violência, crime e insanidade.

Coringa: Delírio a Dois é a continuação do aclamado Coringa (Joker), de 2019, que apresentou uma versão realista do personagem, em uma história bastante distanciada dos quadrinhos, um thriller psicológico que mostrava a trajetória de um comediante fracassado com problemas mentais em seu confronto involuntário com uma sociedade opressora, que leva a consequências violentas, interpretadas erroneamente pela população como revolucionárias. Não havia planos para uma continuação para este filme, que havia sido pensado como uma história fechada, que estaria em uma nova linha de produções cinematográficas seguindo o selo Black Label da DC Comics, com versões e recontagem de personagens e histórias famosas dos quadrinhos da editora, mas em versões alternativas, mais adultas.

Mas, mesmo antes das filmagens de Coringa terminarem, o ator Joaquin Phoenix revelou ao diretor Todd Phillips que não queria largar totalmente o personagem Arthur Fleck, e que tinha sonhado com ele fazendo um programa de variedades, e que tinha vontade de eventualmente fazer um musical com ele.

E Coringa: Delírio a Dois se propõe a isso. Uma continuação direta da história apresentada anteriormente, onde o público acompanha Fleck na prisão/manicômio e vê mais da personalidade e mentalidade quebradas dele, que alterna fantasia e realidade, desta vez usando o elemento de números musicais para representar a loucura e seus delírios esquizofrênicos.

O filme começa com uma animação evocativa de época, para colocar o espectador no clima do que está por vir, mergulhando em seguida na rotina opressiva do manicômio, que só é quebrada e aliviada quando conhecemos Lee (Lady Gaga), a paciente pela qual Fleck se apaixona, e que o faz sentir algo pelo que lutar ou fazer. A partir daí, seguindo o processo todo que envolve o julgamento do Coringa, acompanhamos as novas fantasias de Fleck, agora motivadas e acompanhadas de sua parceira. Ao mesmo tempo, o novo promotor da cidade, Harvey Dent (Harry Lawtey), faz uma companha para a condenação do Coringa, usando descaradamente o caso para alavancar sua carreira, enquanto há protestos a favor do criminoso, pedindo seu perdão e sua soltura.

As atuações de Phoenix e Lady Gaga estão espetaculares e irretocáveis, concedendo um peso e uma profundidade imensa para seus personagens, e mesmo o restante do elenco não empalidece ao lado desses dois monstros da atuação. A cena do depoimento de Gary (Leigh Gill), o antigo amigo poupado de Fleck, é um exemplo irretocável disso. Não é exagero algum dizer que a maioria dos pontos positivos do filme está nas atuações e nos momentos em que conhecemos os personagens através deles mesmos.

A produção e a fotografia seguem impecáveis, na mesma linha do primeiro filme, mostrando-nos uma Gotham sombria, suja e decadente, agora contrastando imensamente (e propositalmente) com os momentos de fantasia e musical, que usam uma estética retrô e saudosista intencional, que soma uma tristeza sutil nos personagens que delas participam. Uma sensação suave de perda de algo que eles realmente nunca tiveram.

Apesar de todos os seus grandes acertos, Coringa: Delírio a Dois escorrega em alguns pontos essenciais, como o roteiro, que falha ao tentar manter um caminho para a trama, apresentar mais do psicológico em ruínas dos personagens e mostrar suas fantasias, se perdendo em vários momentos do filme. A direção de Phillips não soube aproveitar das excelentes atuações e dos momentos musicais, que ao invés de adicionarem densidade e camadas aos sonhos e fantasias dos personagens, por vezes parecem só deslocados e enfiados sem muito motivo. O que é um crime, ao se considerar que temos Lady Gaga no elenco, que, além de ser uma escalação perfeita para o papel, é uma cantora e musicista experiente e de talento inegável.

Em uma produção como esta, seus alicerces são uma trama forte, com impacto, e acompanharmos como os personagens reagem e atuam dentro da trama, e não temos isso muito bem aqui. Fica uma impressão muito ruim de que não se tinha muito bem uma ideia do que se fazer, e só de foi colocando as cenas legais que o diretor achava que o público queria ver. E nem isso é lá muito bem feito. Vários momentos que deveriam ser relevantes ou importantes para a trama, quando acontecem, são feitos e resolvidos de forma preguiçosa e desajeitada, para em seguida serem totalmente deixados de lado.

Talvez a intenção tenha sido mostrar como a insanidade dos dois personagens os levaram a escolhas ruins e desastrosas, mas isso não ficou nem um pouco bom ou bem executado, apenas aumentando a decepção do espectador cada vez mais.

Coringa: Delírio a Dois acabou se mostrando como uma continuação que prometia muito, entregou pouco, tem uma história que não usou seus personagens (e atores) como podia e chegou a conclusões e finais fracos, decepcionantes e previsíveis.

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2 Comentários

  1. ” Não é exagero algum dizer que a maioria dos pontos positivos do filme está nas atuações” – convenhamos que no primeiro a unica coisa realmente boa é isso: a atuação do Phoenix. Não que seja um filme ruim, pelo contrário, mas é só algo que o cinema já mostrou inúmeras vezes e sem o oportunismo de usar um personagem famoso. Já a ideia dessa sequência é ó um delírio (sem trocadilhos) ou lavagem de dinheiro (ou o excesso dele) mesmo.

  2. POXA TODO MUNDO CRITICANDO POXA APOSTEI TUDO NESSE ANO FRACO PARA O TERROR E HORROR INFELIZMENTE TOMARA QUE NAO SATURE E RENDA PARA 2025 PRODUÇOES PIORES AINDA

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