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Nightwatch - Perigo na Noite
Original:Nattevagten / Nightwatch
Ano:1994•País:Dinamarca
Direção:Ole Bornedal
Roteiro:Ole Bornedal
Produção:Michael Obel
Elenco:Nikolaj Coster-Waldau, Sofie Gråbøl, Kim Bodnia, Lotte Andersen, Ulf Pilgaard, Rikke Louise Andersson, Stig Hoffmeyer, Gyrd Løfquist, Ulrich Thomsen, Henrik Fiig

Boas histórias de suspense se constroem com tramas envolventes, elencos reduzidos e assassinos perversos – há ótimos exemplares na fórmula, sendo que os mais interessantes foram confeccionados nos anos 90: O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991), Seven – Os Sete Crimes Capitais (Se7en, 1995) e Ressurreição – Retalhos de um Crime (Resurrection, 1999) fazem parte dessa boa leva, como também Beijos que matam (Kiss the Girls, 1997), O Colecionador de Ossos (The Bone Collector, 1999), Acima de Qualquer Suspeita (Presumed Innocent, 1990), Copycat – A Vida Imita a Morte (Copycat, 1995) e O Fugitivo (The Fugitive, 1993). Todas essas produções têm em comum o fato de terem sido realizadas em solo estadunidense, além de rostos conhecidos do cinema hollywoodiano. Um exemplar corre por fora, mas também envolto em méritos e qualidade técnica – tanto que também teve uma versão carbono americana -, e é conhecido como Nightwatch.

A produção dinamarquesa tem direção e roteiro do experiente Ole Bornedal. É um thriller psicológico com elementos de mistério, ambientado em grande parte em um necrotério, local onde o jovem estudante de Direito Martin Bork (Nikolaj Coster Waldau) irá trabalhar como vigia noturno. Parece uma oportunidade muito boa para estudar e ainda conseguir fundos, se você souber lidar com a solidão e cadáveres. Em uma época em que a sociedade de Copenhague anda aterrorizada com um assassino em série que costuma escalpelar suas vítimas, Martin encontra nas visitas do detetive Wörmer (Ulf Pilgaard) as orientações necessárias para resistir à pressão mórbida do lugar.

Além dele, o porto seguro do rapaz é a namorada Kalinka (Sofie Gråbøl), com quem vive na incerteza de um futuro oficial, e o amigo inconsequente Jens (Kim Bodnia), com suas brincadeiras inconvenientes envolvendo desafios e a humilhação proporcionada à prostituta Joyce (Rikke Louise Andersson). Assombrado pelos corredores em que precisa passar com uma chave para registrar a sua rotina de vistorias, Martin começa a sentir a presença cada vez maior do assassino, principalmente pelo fato de suas vítimas começarem a ser levadas até lá, sem perceber que faz parte de um jogo de autoria dos crimes proposto pelo vilão.

Nightwatch foi um dos filmes de maior sucesso na Dinamarca, com passagem também pelo Fantafestival, em Roma, na Itália. O longa, envolto em possibilidades e construído com tensão claustrofóbica e boas doses de suspense, figura até hoje entre os 100 Melhores Filmes do cinema dinamarquês. E a razão disso está exatamente na narrativa bem elaborada, principalmente no último ato, ao tocar temas como submissão e solidão, e a atmosfera que flerta com o sobrenatural. A ambientação silenciosa, o medo do soar de uma campainha e a pressão envolvida pelo trabalho torturam o rapaz, que sente aos poucos que está perdendo a razão.

Com o sucesso, foi feita três anos depois uma refilmagem idêntica nos diálogos e posicionamento de câmeras. Com a direção também de Ole Bornedal, o roteiro recebeu algumas contribuições de Steven Soderbergh, incluindo a escolha do elenco encabeçado por Ewan McGregor – bem parecido com Nikolaj Coster Waldau -, e com as ótimas atuações de Nick Nolte, Josh Brolin, Patricia Arquette e uma pontinha de Brad Dourif. Pela falta de criatividade na repetição de cenas, o longa é considerado bastante inferior ao produto original.

E, ano passado, foi lançada uma improvável continuação. Nightwatch: Demons Are Forever traz a volta de Nikolaj Coster-Waldau, Kim Bodnia e Vibeke Hastrup, que interpreta Lotte, a namorada de Jens. Com a direção também de Ole Bornedal, nota-se que o primeiro filme ainda assombra as expectativas dos envolvidos como os corpos nas mesas do necrotério.

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