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Não Entre
Original:No Entres / Do Not Enter
Ano:2024•País:Paraguai, Argentina
Direção:Hugo Cardozo
Roteiro:Hugo Cardozo
Produção:Hugo Cardozo, Guido Rud, Rene Ruíz Díaz
Elenco:Lucas Caballero, Pablo Martínez, Rafael Alfaro, Andy Romero, Lara Chamorro, Santi Martínez, Mario González Martí

Os ditos “influencers“, antigamente apenas conhecidos como “youtubers“, fazem o que for preciso para conseguir “likes“, visualizações e popularidade. Quando o assunto é passível de atrair curiosos, ainda que não acreditem no que estão fazendo, eles se empenham ainda mais, criando cenários e situações que não existem. No horror, isso acontece, principalmente aqui no Brasil, de maneira crescente e assustadora, mas há um bom retorno financeiro para os envolvidos, além de seguidores ingênuos como parte de uma seita artificial. O que há de canais e páginas que se disfarçam de especialistas do gênero para chamar a atenção chega a ser impressionante, ainda mais pelo fato de muitos deles não entenderem nada do que falam. E é essa a principal qualidade proporcionada pelo “found footageNão Entre (No Entres / Do Not Enter, 2024), que tem a curiosidade irônica de ser uma produção paraguaia: assistir a “influencers” se dando mal.

Seu canal é uma merda. Faça algo de terror” diz um dos comentários de uma live realizada numa praça. O bocó Aldo (Lucas Caballero) responde na maior sinceridade: “Nós simplesmente não gostamos de terror. É tudo falso mesmo.“, o que resume boa parte das ações de muitos “influencers” do gênero. Ele e o amigo Christian (Pablo Martínez) costumam registrar as bobagens que fazem no dia a dia, mesmo que tenham uma baixa visualização e poucos seguidores. Depois de jogar basquete numa quadra, a bola é atirada por Aldo numa casa enorme, com um vasto jardim de grama alta, e que traz os dizeres que justificam o título. Ao buscar a bola e perceber que se trata de um lugar aparentemente abandonado, mesmo que uma porta se feche diante deles e Christian tenha registrado o amigo morto no interior de um poço, eles resolvem editar a gravação e acrescentar um fantasma falso, trazendo centenas de milhares de seguidores.

Aldo sonha em deixar o emprego de gari pela realização de vídeos falsos, e a popularidade da gravação o faz convencer o parceiro a uma exploração da morada maldita. A dupla organiza o passeio já pensando em também explorar sustos falsos. com cadeiras que voam com o puxar de um fio. Christian aparenta ser o mais consciente, temendo os problemas que podem vir de uma invasão: eles nem pensaram no óbvio, como o processo da família, por exemplo, e nem fizeram o dever de casa de buscar o passado da casa, antes da excursão, o que permitirá que a visita desperte as assombrações do lugar. Mesmo quando as coisas começam a se tornar perigosas, uma vez que os fantasmas parecem hostis, Aldo persiste na jornada para que a produção tenha todos os ingredientes dos found footages.

O principal deles e o grande demérito do longa de Hugo Cardozo é a insistência em manter a câmera como uma visão dos acontecimentos. Não há justificativa para essa insistência em gravar tudo quando a vida dos dois está em risco. Eles até testemunham um corpo sendo arrastado por um grandalhão, encontram uma serviçal louca, o dono da moradia e as crianças…todos em registros muito bem realizados, sem a tradicional tremedeira da fórmula. Aos poucos, o que aconteceu ali é apresentado ao espectador, quando Aldo e Christian percebem que terão dificuldade para abandonar o local.

Efeitos exageradamente bons, assombrações “limpinhas” demais, a aparição de um demônio, cadeiras e bolinhas que se movimentam, a queda de um quadro, sons estranhos…completam um cenário bastante conhecido do infernauta calejado pelo subgênero. E, sem qualquer explicação, no último e longo ato – parece que o filme não iria terminar nunca -, a câmera em primeira pessoa é deixada de lado para a convencional e a tentativa de surpreender o espectador é completamente anulada. Há uma ponta para uma continuação, com outros “influencers” visitando o local, uma perspectiva que me desanima, assim como a boa avaliação no IMDB e outros sites de críticas.

Não Entre é um genérico de um estilo que há muitos anos sobrevive por aparelhos. É uma história de casa assombrada, com dois bocós registrando tudo em vídeo, sem surpresas ou novidades. Se não tiver nada realmente melhor e você não tiver experiência com a fórmula, pode ser que tenha o mesmo interesse dos inúmeros seguidores de canais de segmentos similares: ver algo sem conteúdo.

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