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A Maldição da Fazenda Grady
Original:The Haunting of Grady Farm
Ano:2019•País:EUA
Direção:Matt Dickstein
Roteiro:Jeremiah Burton, Shane Hartline, Ben Kaplan, Malia Miglino
Produção:Jeremiah Burton, Neely Coe, Shane Hartline, Ben Kaplan, Malia Miglino
Elenco:Malia Miglino, Ben Kaplan, Shane Hartline, Jeremiah Burton, Josh Server, Lauren O'Quinn, Tony DeMil, Justin Miles, Ali White, Amanda Sadia, Alex Owens-Sarno

Como eram feitos os registros e documentários sobre lendas antes da popularização do estilo “found footage“? Há algum material fotográfico por aí de um sasquatch ou yeti e até uma suposta foto do Monstro do Lago Ness. Contudo, foi graças a esse recurso do cinema de horror que passamos a ter mais acessos a monstros e assombrações, alienígenas e até o modus operandi de assassinos em série. E o formato pode ser sempre o mesmo: jovens curiosos ignorando as inúmeras advertências para produzir material viral, entrevistando moradores locais até as câmeras registrarem no último ato as entidades que foram procurar. Estou sendo irônico, claro, até porque ninguém mais consegue se envolver assustadoramente com um longa nesse formato. Vide o péssimo A Maldição da Fazenda Grady (The Haunting of Grady Farm, 2019), disponível no Looke e no aluguel pelo Prime.

A tentativa da vez tem a liderança de Emily (Malia Miglino), a apresentadora de um programa de investigação sobrenatural chamado “Haunted American“. Ela e sua equipe, composta por Ryan (Ben Kaplan), Charlie (Jeremiah Burton), Ashley (Ali Roberts), Andy (Shane Hartline) e Samantha (Amanda Sadia), fazem alguns rolês por lugares supostamente assombrados dos EUA, confeccionando mockumentaries – aqui cabe o seu bocejo. A lenda envolve a Fazenda Grady, na Flórida, um local assombrado por seres conhecidos como “Sluagh“, conhecidos como anfitriões dos mortos do folclore gaélico escocês. Por que estariam tão longe de casa, morando numa fazenda isolada? Se o Trump souber disso, possivelmente irá expulsá-los do país.

A partir de então, seguem-se sequências vistas em centenas de outros filmes iguais: a viagem, o personagem que pretende pedir a moça em casamento e não encontra momento para isso e as idiotices de Charlie, o sem noção do grupo. Por mais que a especialista Sharon Bortlip (Lauren O’Quinn) tenha alertado em sua entrevista mostradas aos poucos durante o filme, o rapaz boboca irá profanar um carvalho considerado sagrado pelas entidades ao fazer sexo no local com a namorada Ashley (Ali White), condenando a ele e todos os demais a desaparecerem gradualmente. A namorada é a primeira, aparecendo no dia seguinte enforcada na árvore. Depois, os demais sucumbem à ameaça, sem que o espectador sinta a menor preocupação.

O que mais irrita nesse longa de Matt Dickstein é as inúmeras cenas em que os personagens parecem baratas nauseadas, correndo de um lado para outro entre árvores, numa casa bagunçada da região e por lugares abertos. Ele ainda acrescenta “defeitos técnicos” provocados pela presença dos monstrinhos para antecipar cadáveres, mostrar sombrinhas ao fundo, incluindo câmeras da própria fazenda. Ora, se o lugar está abandonado há décadas por que colocaram essas câmeras e por que ainda funcionam e estão lá? “Um grupo de jovens foi até o local e desapareceu“. Se sabem disso, por que ninguém investigou? Por que há objetos desses jovens ainda por lá?

Como um roteiro escrito a – pasmem – oito mãos (Jeremiah Burton, Shane Hartline, Ben Kaplan e Malia Miglino) conseguiu ser tão ruim em sequer presentear o infernauta com alguma visão que sustente a espera pelo último ato? A impressão deixada é que nada acontece além de câmeras registrando gritos, correria e pessoas mortas fazendo pontas. A própria Emily termina o filme na dúvida sobre o que está matando sua equipe: seres de origem celta provocados pela profanação de um ambiente sagrado? E se não fosse profanado o que aconteceria com o grupo? Provavelmente fariam registros de um ambiente monótono, abandonado e entregue às traças, com animais pendurados e coisas espalhadas, e mais nada. Acredito que era o que eles procuravam.

Em um subgênero que ainda respira por aparelhos, A Maldição da Fazenda Grady é o parente que está pedindo para desligá-los para evitar mais sofrimentos do espectador.

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