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A Visita do Coelho – Five Nights at Freddy’s: Pavores de Fazbear 5
Original:Bunny Call – Five Nights at Freddy’s: Fazbear Frights 5
Ano:2025•País:EUA
Autor:Scott Cawthon, Elley Cooper, Andrea Waggener•Editora: Intrínseca

A publicação da série expandida de Five Nights at Freddy’s, Pavores de Fazbear, continua a todo vapor pela editora Intrínseca. Em seu quinto volume, temos um dos contos considerado o mais bizarro de toda coletânea pelos fãs da franquia. Além disso, em A Visita do Coelho, nossos protagonistas são um pouco diferentes do que estamos acostumados. Enquanto nos quatro volumes anteriores tínhamos sempre crianças envolvidas em alguma situação assustadora e perigosa, agora chegou a vez dos adultos verem que animatrônicos não são brincadeira.

Como sempre, o primeiro conto é o que dá nome ao volume. Em A Visita do Coelho conhecemos Bob, um homem casado e com três filhos. Sua esposa, Wanda, é a típica esposa cheia de energia que adora fazer programas em família, e dessa vez planejou um acampamento em um lugar remoto com inúmeras atividades do amanhecer ao anoitecer para fazerem todos juntos. A família inteira está animada, exceto o patriarca, que está exausto. Entre trabalho, ser provedor e ser um pai exemplar de três filhos com idades distintas, além de marido perfeito de uma esposa exigente, mal sobra tempo para Bob relaxar. E passar uma semana inteira ouvindo gritos e fazendo atividades na qual não tem o menor interesse definitivamente não está na sua lista de momentos relaxantes. Ele só queria ficar sozinho em paz um pouco, mas isso parece impossível, ainda mais com o planejamento detalhado de Wanda. Chegando ao acampamento Etenia, Bob é recrutado para inscrever a família em todas as coisas que ele preferia não fazer e depois levar as infinitas malas para o chalé – que, é claro, é o mais afastado do estacionamento. Sua semana mal começou e ele já está frustrado e não aguenta mais. Enquanto faz as inscrições, a monitora pergunta se Bob tem interesse na visita do coelho, que consiste em um gigante coelho laranja segurando pratos visitando o chalé da família pouco antes do sol raiar, assustando a todos rodando a cabeça, pulando e fazendo barulho. Bob achou isso simplesmente perfeito, uma pequena vingança por arrastarem ele para aquele lugar sem perguntar sua opinião e, movido pela raiva, imediatamente aceita a visita. Ao longo da noite, sem conseguir dormir, Bob começa a se arrepender de ter aceitado a pegadinha, e tenta evitar que ela aconteça e traumatize sua família. Ele mal imagina que será a noite mais longa e aterrorizante de sua vida. A história demora a desenrolar, sendo bem desinteressante na maior parte do tempo. Quando finalmente as coisas começam a acontecer, é até um tanto decepcionante. Temos um pouco de tensão, mas muito leve. É um conto esquecível, sem nada realmente digno de nota. Tinha potencial para ser muito mais.

Em Carne e Osso é o conto chamado de polêmico e bizarro. Nele acompanhamos Matt, um desenvolvedor de jogos que está prestes a lançar o mais novo jogo de realidade virtual da franquia Five Nights at Freddy’s, que promete ser um dos mais brutais e assustadores. Tudo parece nos conformes, e Matt chega nos finalmentes do projeto: testar para ver se apresenta algum bug. O desenvolvedor fez tudo nos mínimos detalhes, deixando os gráficos tão realistas que ele próprio se impressionou. Mas o que realmente o deixou chocado e maravilhado com as próprias habilidades foi o nível de realismo que conseguiu ao criar Springtrap, um coelho extremamente assustador e sedento por sangue, vilão do jogo. Enquanto joga, todas as vezes é morto por Springtrap, cada vez de uma forma mais violenta do que a anterior. Indignado e com raiva por não conseguir zerar seu próprio jogo e ser derrotado por um coelho do mal que ele mesmo criou, decide criar um código para “torturarSpringtrap a noite toda, só para ter um gostinho de vingança e melhorar seu humor, mesmo que o coelho não exista de verdade e o ambiente seja apenas virtual. Matt é um cara soberbo que se acha melhor do que tudo e todos em diversos aspectos, mas no fundo é um fracassado que é chutado por todas as mulheres com as quais tenta se relacionar devido a sua arrogância, e é no trabalho onde encontra refúgio e desconta suas frustrações. Após mais uma noite de encontro malsucedida, quando Matt volta ao trabalho descobre que todo o código do jogo que ele tanto trabalhou, o maior projeto de sua carreira, estava arruinado graças a seu ataque de raiva do dia anterior. O único jeito é fazer o possível para arrumar antes do lançamento, mas, enquanto tenta consertar, coisas estranhas começam a acontecer com ele. Seu corpo começa a mudar, seu apetite está descontrolado, e algo indescritível começa a acontecer. Esse conto tem, de fato, sua cota de bizarrice em dado momento e é compreensível acharem polêmico por causa dos momentos finais. Porém, seu desfecho – bem gráfico e detalhado – é violento e grotesco justamente por causa disso. É aquele tipo de história que agrada uns e incomoda outros, sem meio termo. Aqui temos a presença de um dos animatrônicos mais assustadores e cruéis da franquia original. A tensão é crescente desde o início e prende a atenção, sem enrolar igual ao conto anterior. Aliás, vale apontar que os dois contos têm como tema central a raiva e como vilão um coelho maldito. O terceiro, porém, segue por outra linha.

Chegamos ao melhor conto do volume, O Homem no Quarto 1280. Padre Blythe, um homem de grande fé, vai até o hospital Héracles para dar a extrema-unção a um paciente da UTI. Conforme é levado até o local, uma das enfermeiras insinua que aquilo que está ali não é uma pessoa, e sim o mal. Ao avistar o ser na cama, o padre entende o que a moça quer dizer: um corpo carbonizado, com alguns de seus órgãos um pouco expostos, as veias pulsantes, sangue encharcando os lençóis e um líquido espesso e malcheiroso presente por todo seu corpo. Sem contar o odor que empesteia o quarto, que é pior do que o de um cadáver. Contra todas as possibilidades, aquela criatura se encontra ainda viva, e seu último desejo é ser levada para o centro de distribuição da Fazbear Entertainment. Esse conto de terror sobrenatural é arrepiante do início ao fim, e bem diferente de todos os outros até então. Por boa parte da história até esquecemos que é interligada ao universo de FNAF, e mesmo quando a conexão aparece a alta qualidade se mantém, sempre com uma atmosfera sombria e macabra. O desfecho não é tão forte quanto o restante do conto, sendo um pouco abrupto, mas é uma história que poderia perfeitamente ganhar uma adaptação solo, todos os elementos necessários estão ali. É possível perceber referências à mitologia grega que vão além do nome do hospital, pequenos detalhes que enriquecem a narrativa. Como por exemplo ter um Cérbero, guardião do submundo, na entrada do hospital. E são três as enfermeiras que cuidam da criatura suspeita, e isso não é uma coincidência.

É interessante como esse volume focou no envolvimento de adultos no universo de FNAF. Apesar de termos a presença de crianças, elas não fazem parte do desenvolvimento das tramas, e apenas os adultos sofrem os horrores e consequências de suas escolhas.

Com um conto fraco, um bem gráfico e considerado polêmico e outro cheio de elementos sobrenaturais que causam arrepios, A Visita do Coelho, quinto volume da série Pavores de Fazbear, possui algumas ligações menos óbvias com FNAF que apenas fãs da franquia vão notar, enquanto outras são obviamente bem escancaradas. Entretanto, novos leitores podem aproveitar essas histórias se souberem o básico: animatrônicos não apenas parecem assustadores, eles também são mortais.

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