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O Mestre do Jogo
Original:Ragewar / The Dungeonmaster
Ano:1984•País:EUA
Direção:David Allen, Charles Band, John Carl Buechler, Michael Karp, Peter Manoogian, Ted Nicolaou, Steve Stafford, Rosemarie Turko
Roteiro:Charles Band, Alan J. Adler, Rosemarie Turko, John Carl Buechler, Charles Band, David Allen, Jeffrey Byron, Peter Manoogian, Ted Nicolaou
Produção:Charles Band
Elenco:Jeffrey Byron, Richard Moll, Leslie Wing, Gina Calabrese, Daniel Dion, Bill Bestolarides, Scott Campbell, Ed Dorini, R.J. Miller, Don Moss, Cleve Hall, Kenneth J. Hall, Peter Kent, John Carl Buechler, Phil Fondacaro, Eddie Zammit, Anthony Genova, Felix Silla

Como sempre foi comum no Cinema, uma produção de sucesso influencia a realização de outras similares. Basicamente são produtores que, mesmo consciente de sua incapacidade criativa, querem apenas atrair a audiência ingênua, aquela que gosta de um filme e passa a procurar produções parecidas. O Mestre do Jogo (Ragewar aka The Dungeonmaster, 1984) é uma consequência das conquistas de Tron: Uma Odisseia Eletrônica (Tron, 1982), numa tentativa pobre de misturar tecnologia e jogos, no caso, os de RPGs. A referência ainda é mais óbvia com o clássico tabuleiro Dungeons & Dragons, que continha aventuras em cenários fantásticos, guiadas por um Mestre (curiosamente chamado de Dungeon Master, um dos títulos da produção).

Produzido pela falecida Empire Pictures, que depois, em 1989, passava a se chamar Full Moon, O Mestre do Jogo é mais uma das bagaceiras oitentistas com a assinatura de Charles Band. Oportunista, feita em algum dos quintais da Califórnia, e que bebe de diversas fontes, incluindo até Mad Max (1979). Foi realizado como uma antologia disfarçada de longa-metragem, com sete diretores comandando os desafios enfrentados pelo herói Paul Bradford (Jeffrey Byron). Na verdade, não chegam a ser tão complicados como se imagina e ainda conta com facilitações para que tudo dê certo na finalização de sua jornada.

A linha narrativa principal apresenta Paul como um programador de computador fascinado pela própria tecnologia que desenvolveu, uma inteligência artificial chamada de “X-CaliBR8“, uma espécie de Alexa, com quem ele interage através de seus óculos ou em sua casa. A relação com “Cal“, como ele carinhosamente a chama, incomoda sua namorada Gwen (Leslie Wing), que não quer aceitar o pedido de casamento para ter que viver como “a outra“. Paul tem alguns sonhos estranhos como o da abertura, quando ele persegue uma mulher de vermelho até um local, onde ela fica nua e, quando ele começa a se envolver, aparecem monstros saídos de algum episódio do Tartaruga Ninja e a leva embora por uma porta que lembra a de um submarino.

Após mais um sonho estranho, desta vez envolvendo Gwen, ele percebe seu apartamento envolto em fumaça de gelo seco e é transportado para uma outra dimensão, uma espécie de reino infernal (lê-se um vale com pedras de papelão), habitado pelo feiticeiro Mestema (Richard Moll), que aprisionou sua namorada para que ele participe de um jogo proposto. O demônio estaria há séculos procurando um oponente à altura de seus sete desafios, e, altera as roupas de Paul e Gwen, e lhe dá um bracelete que emite raios coloridos, numa versão alternativa de Cal. Apesar de nunca ter usado os recursos, ele sabe bem como decidir a cor dos lasers que serão atirados e até calcular o alcance dos disparos.

Cada desafio é comandado por um diretor diferente. O primeiro, intitulado “Ice Gallery“, tem a direção de Rosemarie Turko (do drama Scarred, 1983) e coloca Paul num local gelado, com várias personalidades como Albert Einstein (!!!), Jack, o Estripador (Cleve Hall ), uma múmia (Jack Reed ), um samurai (Lonnie Hashimoto) e até um lobisomem (Kenneth J. Hall ). Quando o local começa a esquentar e os presentes passam a se mexer, Paul precisará usar seu bracelete para enfrentá-los e salvar Gwen. O segundo, “Demons of the Dead“, do especialista em efeitos especiais, John Carl Buechler (Sexta-Feira 13 – Parte 7: A Matança Continua, 1988), foi o que eu mais gostei. Nele, Paul encara uns zumbis sem olhos, bem caracterizados, e até a si mesmo, comandados por um monstro chamado Ratspit (atuação do próprio Buechler).

Heavy Metal” é o título do terceiro desafio de Paul. Com direção de Charles Band, não chega a ser um desafio realmente e é bem chato: o herói aparece em um show verdadeiro da banda W.A.S.P., confrontando o público e os integrantes. Cansado, Paul aparece em um deserto, onde tem seu bracelete roubado por dois anões. Uma atitude sem propósito pois logo depois eles largam o artefato em frente a uma imensa estátua e que dá nome ao episódio, “Stone Canyon Giant”, de David Allen, também experiente em efeitos especiais e diretor de O Mestre dos Brinquedos II (1990). O gigante começa a se mexer, com tecnologia stop motion, e soltar raios através de uma pedra em sua testa, restando a Paul a disparar seus lasers contra ele.

O segmento “Slasher“, de Steve Stafford, é o mais longo dos sete, e o único urbano. Paul fica sabendo que Gwen será morta em uma hora por um assassino (Danny Dick), após uma audição de dança. Capturado por dois policiais, ele utiliza o bracelete com as mãos nas costas, mas com capacidade para regular o raio e derreter as algemas, e deve correr ao local onde Gwen está para salvá-la. “Cave Beast“, de Peter Manoogian (Mandroid, 1986), coloca Paul em uma caverna com um monstrinho tosco, precisando usar seu laser fazendo-o ricochetear nas rochas.

Por fim, o último, “Desert Pursuit“, do diretor de trasheiras como a franquia Subspecies, Ted Nicolaou, é o segmento Mad Max do filme. Paul está com a namorada em um veículo que parece a nave do jogo Moon Patrol em um deserto, tendo que usar uma arma a laser para disparar contra um outro carro estiloso. Depois enfrentam alguns soldados, precisando calcular a precisão de seus raios para atingir ao mesmo tempo três oponentes. Ao final, Paul encontra Mestema para um combate “sem truques“, trocando socos e chutes.

Pode ser que O Mestre do Jogo divirta quem aprecia bagaceiras da época, os cortes de cabelo e danças, e os efeitos especiais luminosos. Vale apenas como isso, sem exigir o mínimo de esforço do espectador, sem empolgar. À exceção do segundo episódio, com bons aspectos técnicos, os demais evidenciam a condição trash do filme, com atuações ruins e recortes de complicações para o herói do jogo. Apesar de emular os jogos de tabuleiro, o espectador não tem a opção de escolher os personagens e nem construir o protagonista, restando apenas a escolha entre ver ou não um longa disfarçado de antologia.

Uma continuação foi filmada em 1988 para fazer parte da antologia nunca lançada Pulse Pounders, com outras duas histórias, Trancers: City of Angels e The Evil Clergyman, baseado em Lovecraft. A única história que se perdeu com o tempo foi exatamente o que continuaria Dungeonmaster, trazendo a volta de Jeffrey Byron como Paul e Richard Moll como o vilão Mestema. Há algumas cenas do segmento em trailers, mas nada que possa permitir o seu lançamento. Tenho dúvidas se lamento por isso.

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