![]() Curse of the Seven Seas
Original:Santet Segoro Pitu
Ano:2024•País:Indonésia Direção: Tommy Dewo Roteiro:Riheam Junianti, Betz Illustration Produção:Rocky Soraya Elenco:Ari Irham, Sandrinna Michelle, Christian Sugiono, Sara Wijayanto, Agus Firmansyah, Erwin Moron, Eduward Manalu, Khafi Al-Juna, Yatti Surachman, Monica Dawry, Dinda Arine |
Na década de 80 a economia indonésia está se desenvolvendo aos poucos e como consequência disso surge uma grande rivalidade entre os comerciantes. A opção mais rápida para a maioria é usar magia (claro que isso vai dar super certo!) para que a concorrência não obscureça seu crescimento profissional, mas para Supcito (Christian Surgiono) isso não atrapalha sua prosperidade comercial. Sua loja nunca fica vazia e a contínua movimentação dos clientes começa a atrair olhares invejosos…
Mas nem tudo são rosas na vida de Supcito. Uma doença renal acamou seu primogênito na infância e o comerciante tem que trabalhar dobrado para pagar uma cirurgia de emergência. Após a cirurgia, o jovem Adif (Ari Irham) começa a ver vultos e aparições fantasmagóricas e descobre que, como trauma pós-operatório, ganhou a capacidade de ver as entidades invisíveis do submundo e deve lutar para salvar a sua família de uma maldição milenar.
A partir deste ponto temos mais um festival de gore “made in Thailand”, com rituais grotescos, uma miríade de insetos e objetos enferrujados sendo expelidos de todos os orifícios do corpo e a aparição de criaturas bizarras por metro quadrado. Este plot teria tudo para dar certo se Curse of the Seven Oceans não tivesse se tornado um chatíssimo novelão mexicano.
Diferente de sua última investida me pareceu que Rocky Soraya comprou uma lebre que mia. Sua última produção, Sumala (também de 2024), entregou um suculento prato de abominações, humor e gore em profusão, mas infelizmente isso não acontece com Curse of the Seven Oceans. Mesmo com algumas mortes que vão deixar o espectador grudado na cadeira e bons efeitos práticos (como o demônio Suanggi, interpretado por Manuel Pribadi, por exemplo), o que nos sobra é uma sonolenta versão indonésia de “Casos de Família”. O roteiro tem tantas subtramas que fica difícil saber onde se ancorar; se na história do “homem de família” Sucipto, no drama do seu concorrente Wicak (Eduward Manalu), no bode expiatório Tio Sardi (Erwin Moron) ou na bagunçadíssima trama da xamã Mbah Di (Dewi Sri). Com toda esta bagunça até esquecemos que Ardi (Ari Irham) é o verdadeiro protagonista do filme.
Ah, e temos as atuações…
O elenco é de uma canastrice tão obscena que chegamos ao ponto de provocar uma auto-maldição para nos livrar de tão grande sofrimento. Não existe a possibilidade de carisma em nenhum dos personagens e a cada atuação forçada isso se torna ainda pior. Os personagens lidam com as mortes grotescas no filme como se tivessem tido aulas de atuação com os pedintes que encontramos nos ônibus e trens. Destaque para a criança Arif (Khafi Al-Juna), irmão de Ardi, com sua voz irritante e estridente que ao menos nos entregou uma morte de beleza gráfica inesquecível (sim, acho que vou pro inferno depois desta!).
Mesmo sendo o debut no gênero do diretor Tommy Dewo (que já havia dirigido outros produtos na Indonésia como as séries de TV Serigala Terakhir – 2020 e Ratu Adil – 2024), me pareceu que ficou um tanto perdido no andamento do próprio produto nos entregando uma colcha de retalhos de vários filmes do gênero, mas com uma péssima costura…
Eu até poderia escrever mais caracteres sobre quão confusa (e tediosa!) é a trama de Curse of the Seven Oceans, mas prefiro que o Infernauta passe pelo mesmo sofrimento que eu ao assistir este filme. Uma maldição que nem a água de 70 oceanos poderá remover.