![]() UFO - Estamos Sozinhos?
Original:UFO
Ano:2018•País:EUA Direção:Ryan Eslinger Roteiro:Ryan Eslinger Produção:Evan Hayes, Tom Rice, Jeffrey Sharp Elenco:Alex Sharp, Gillian Anderson, Ella Purnell, Benjamin Beatty, Cece Abbey, David Strathairn, Ken Early, Brian Bowman, Rick Chambers, Lu Parker, David Heckel |
“Estamos sozinhos no universo?” é uma das perguntas mais fundamentais e basilares da existência, daquelas cuja resposta afirmativa mudaria de forma irreparável os modos de viver e de existir em nosso planeta. Um dos destaques do canal SonyOne, disponível pelo Prime Video, UFO é um thriller de ficção científica instigante que se debruça sobre esta questão e enche o coração daqueles que “querem acreditar” de esperança.
Inspirado livremente no avistamento de um OVNI ocorrido em 2006 nas proximidades do Aeroporto Internacional O’Hare, de Chicago, EUA, por doze funcionários do local, o filme conta a história de Derek (Alex Sharp), um estudante universitário de Matemática, que já teve uma experiência de avistamento na infância, e vê no caso recente a oportunidade de verificar se o que viu no passado era verdade ou fantasia. Para isso, ele conta com a ajuda da namorada Natalie (Ella Purnell), do amigo Lee (Benjamin Beatty), e da professora, Dra. Hendricks (Gillian Anderson).
Como na maioria dos filmes de acobertamento de ovnis, a narrativa segue duas frentes: a de Derek, que tenta provar a todo custo que tem algo errado com o que foi dito na TV, visto que seus cálculos “não batem”, e a da equipe oficial que tenta a todo custo barrar entrevistas e comentários, esconder provas e desviar atenção enquanto eles mesmos tentam entender a natureza do tal avistamento.
Apesar de um início instigante e promissor, e de um final carregado de esperança e otimismo (pra quem quer acreditar), o filme conta com um segundo ato que chega a ser maçante, e que pode dispersar um pouco a atenção do infernauta entre a miríade de cálculos e raciocínios rápidos difíceis de acompanhar, feitos pelo obsessivo protagonista, e os altos escalões do FBI intervindo e sumindo com todas as evidências.
Uma das curiosidades aqui é a presença de Gillian Anderson no elenco como a prática Dra. Hendricks, repetindo de leve seu papel mais clássico ao ajudar um amigo, aqui, seu aluno mais promissor, na busca por uma verdade constantemente jogada para debaixo do tapete. Apesar das poucas cenas, tem grande importância na trama, sendo o trampolim técnico e existencial para os saltos de Derek durante sua jornada.
Outro ponto interessante são as discussões físicas e matemáticas promovidas pelo roteiro acerca da Constante da Estrutura Fina, um número misterioso que se apresenta em vários cálculos da física mais fundamental do universo, e que seria reconhecível por qualquer vida inteligente que conseguisse chegar até a Terra; e sobre a Mensagem de Arecibo, um pack de informações matemáticas enviado ao espaço sideral via sinal de rádio por Carl Sagan e outros cientistas em 1974 para qualquer possibilidade de vida capaz de captá-lo. Nesses momentos, o filme revela uma linguagem muito própria, ainda que seja a mais universal de todas, e ousa ao apostar todas as fichas juntamente naquilo que é normalmente utilizado para descredibilizar.
O filme também acerta ao limitar a ação a algo realista, como o protagonista só chegando aonde um universitário comum com acesso comum aos ambientes e contatos consegue alcançar. Acerta ainda por não se consolidar apenas em civis tentando acreditar enquanto militares tentam esconder. Aqui, também acompanhamos a cúpula federal em seus dilemas e limitações, compartilhando e pedindo ajuda quando necessário.
No mais, UFO se desenrola sobre uma rede de especulações e informações que podem sobrecarregar a cabeça do infernauta, mas se sai como um “cativante” thriller (se é que isso é possível) em que a linguagem mais sólida já decodificada pelo homem e na qual se sustenta toda a nossa existência aponta de forma igualmente sólida e objetiva para algo muito além do que somos capazes de ler. Boa pedida!