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Tenebre
Original:Tenebre
Ano:1982•País:Itália
Direção:Dario Argento
Roteiro:Dario Argento
Produção:Claudio Argento
Elenco:Anthony Franciosa, Daria Nicolodi, John Saxon, Lara Wendel, Giuliano Gemma, Veronica Lario, Carola Stagnaro, Christian Borromeo, Mirella D'Angelo, Ania Pieroni, John Steiner

Após ter ditado as regras do giallo com a Trilogia dos Animais e se estabelecido como referência do subgênero com o clássico Prelúdio Para Matar (1975), Dario Argento fez uma pausa para explorar o terror sobrenatural em Suspiria (1977) e Inferno (1980). Em 1982, enquanto os slashers já dominavam os cinemas norte-americanos, o diretor italiano fez um retorno triunfal ao giallo com aquela que se tornaria uma de suas obras mais brutais.

Peter Neal (Anthony Franciosa), um renomado escritor americano, viaja a Roma para promover seu mais novo romance de terror, Tenebrae. Poucas horas após seu desembarque, Elsa (Ania Pieroni), uma jovem que tenta roubar um exemplar do livro, é brutalmente assassinada em casa por um misterioso criminoso portando uma navalha. Além de degolá-la, o assassino a sufoca com páginas de Tenebrae, ligando imediatamente a obra ao crime.

Em seguida, Peter recebe uma carta anônima e uma ligação do próprio assassino, que revela sua intenção de iniciar uma série de homicídios inspirados no livro. Enquanto o capitão Germani (Giuliano Gemma) e a inspetora Altieri (Carola Stagnaro) conduzem a investigação oficial, Peter decide agir por conta própria. Com o auxílio de sua assistente Anne (Daria Nicolodi) e de um jovem local, Gianni (Christian Borromeo), ele tenta desvendar a identidade de seu fã psicopata — apelidado pela imprensa de “o louco da navalha”.

O grande destaque do filme são as mortes, extremamente violentas e chocantes. Arrisco dizer que Tenebre contém algumas das melhores cenas de morte já concebidas por Argento – incluindo amputação e empalamento, sempre com generosas doses de sangue.

Sabe aquele filme que começa bem, mantém a qualidade ao longo das cenas, mas tropeça no final? Pois é, este não é o caso. O plot twist da sequência final é surpreendente, sendo quase impossível adivinhar a identidade do assassino.

ALERTA DE SPOILERS!

O uso da metalinguagem em Tenebre me remeteu imediatamente a Pânico (1996). Enquanto o filme de Wes Craven retrata um assassino que age conforme as regras dos filmes de terror, aqui temos um assassino cujos atos sãos inspirados por um livro. Mas as semelhanças não param por aí: ambos contam com não somente um, mas dois assassinos – sendo possível dividir a narrativa em duas partes. A primeira é protagonizada por Christiano Berti (John Steiner), um entrevistador obcecado pelo trabalho de Peter, responsável pelas mortes executadas com auxílio de uma navalha; a segunda, pelo próprio escritor, que comete os crimes portando um machado.

Alguns críticos interpretam o personagem de Peter como um possível alter ego de Argento, sugerindo que o escritor fictício fosse uma espécie de espelho do diretor, também alvo de críticas da imprensa pelo estilo provocativo e conteúdo mórbido de suas obras.

FIM DOS SPOILERS!

A película também impressiona pela sua estética e fotografia.  O trabalho de Luciano Tovoli e Giuseppe Bassan é digno de aplausos pelo uso das cores e iluminação, havendo predomínio do branco e de cenas claras, em contraste com tons mais frios e sombrios, além do icônico vermelho-sangue, marca registrada do diretor. A trilha-sonora da banda Goblin, repleta de sintetizadores, complementa perfeitamente a atmosfera, mesclando elementos do rock e da música disco dos anos 80.

Como se não bastassem as qualidades técnicas, o enredo ainda traz à tona temas sociais relevantes, como homofobia e sexismo. A princípio, o assassino selecionava como vítimas pessoas consideradas “moralmente desviadas”, como homossexuais e prostitutas. A ideia do assassino conservador e moralista foi utilizada em vários slashers – sendo a franquia Sexta-Feira 13 o exemplo mais famoso. Também há críticas ao machismo e à misoginia, especialmente nas falas da jornalista Tilde (Mirella D’Angelo). Além de incluir um casal de lésbicas na trama, Argento escalou a atriz transgênero Eva Robin’s para interpretar a garota que aparece nos sonhos de Peter, algo vanguardista para a época.

Tenebre é considerado uma das melhores obras de Argento e, ainda que de forma indireta, influenciou diversos slashers. Lançado na era de ouro do giallo, o filme também é recomendado para quem prefere produções modernas, graças à narrativa condensada e ao ritmo mais acelerado, que o diferenciam dos exemplares mais tradicionais do subgênero.

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