![]() A Única Sobrevivente
Original:The One / Odna
Ano:2022•País:Rússia Direção:Dmitriy Suvorov Roteiro:Anton Belov, Leonid Derbenyov, Andrey Nazarov, Yuriy Parkaev, Dmitriy Suvorov, Vasiliy Vakulenko, Alla Zokhina Produção:Anton Belov, Dmitriy Suvorov Elenco:Nadezhda Kaleganova, Maksim Ivanov-Marenin, Viktor Dobronravov, Anna Dubrovskaya, Vladimir Vinogradov, Mariya Sokova, Vladislav Vetrov, Leonid Gromov, Yan Tsapnik, Vadim Kolganov, Vladimir Steklov |
A incrível história de Larisa Savitskaya merece muito ser conhecida. Não somente por toda a sua luta pela sobrevivência, desde o acidente aéreo passando por situações extremas de fome, sede e frio numa mata selvagem, fugindo de tigre, caindo em barrancos, tentando sair de uma areia movediça, arrastada pela correnteza de um rio, tudo isso com a perna varada por um vergalhão, mas pelo contexto de uma pessoa apaixonada e cheia de sonhos. O longa russo A Única Sobrevivente (Odna / The One, 2022) é uma pequena amostra de tudo isso, sob o olhar verdadeiro de quem atravessou tantas e tamanhas adversidades, numa produção muito bem realizada por Dmitriy Suvorov.
Longe de ser um No Limite da vida real, a proposta envolve múltiplos gêneros. Em A Única Sobrevivente, você irá esbarrar numa aventura de sobrevivência e em um drama histórico, com leves pitadas de suspense – há até uma cena de horror ali -, camufladas numa história de amor, sem as pieguices do estilo. E tudo muito bem feito, a partir da belíssima fotografia de Mikhail Kelim, e estupendas Direção de Arte (Yuliya Charandaeva) e Figurino (Ekaterina Dyminskaya), numa transposição incrivelmente realista do início da década de 80 em cada detalhe.
Nadezhda Kaleganova interpreta a protagonista Larisa, que retorna de Moscou com uma sensação de fracasso profissional, abraçando de vez o namorado apaixonado Vladimir (Maksim Ivanov). Ele a pede em casamento, com pensamentos em formação de família, mesmo a contragosto de sua mãe, expressando a todo momento sua paixão pela moça, numa breve rotina em que a desenha, ajuda a reformar a casa onde irão se estabelecer até a formalização do casamento. Eles curtem uma tranquila e romântica Lua de Mel acampando em Komsomolsk-on-Amur até a volta, programada para o dia 24 de agosto de 1981. No retorno, a aeronave civil AN-24 colide com o bombardeio Tupolev 16K da Força Aérea Soviética, despedaçando no ar e os destroços caindo de uma altura de 5 mil metros numa mata fechada.
As autoridades soviéticas da época tentaram a todo custo camuflar o acidente aéreo, pedindo, inclusive, para os familiares das vítimas assinarem papéis e aceitassem que as perdas envolviam até mesmo acidente de carro. A mata onde os destroços se espalharam ficou restrita pela polícia local, alegando uma epidemia de febre aftosa. Eles só não contavam com a sorte de Larisa, em uma das mais impressionantes reproduções de um acidente aéreo da Sétima Arte. Quem achou bem feito o que viu em Premonição (2000) e Premonição 5 (2011), Guerra Mundial Z (2014) e até o recente A Sociedade da Neve (2023) terá uma outra cena para colocar em sua seleção pessoal. Larisa não estava presa ao cinto e durante toda a queda foi lançada de um lado para outro agarrada ao que fosse possível da fuselagem do avião, com a sequência acompanhada pela ótima câmera de Suvorov.
Antes de despertá-la na mata, o filme traz um flashback que justifica o fora que ele deu a um piloto, e posteriormente o funde a um pesadelo em que Larisa se vê sozinha no aeroporto e tem uma visão aterrorizante no banheiro até encontrar a si mesma em um assento do avião. São rimas narrativas como essa que mostram a grandiosidade do trabalho de Suvorov, sabendo alternar cenários e personagens sem nunca torná-lo lento ou chato. E ao final ainda reserva um emocionante depoimento de Larisa, que esteve presente durante todo o processo de produção, e que merecia realmente que sua trajetória de luta pela sobrevivência e a trágica perda do marido fossem testemunhadas.
A Única Sobrevivente pode ser conferido com exclusividade a partir de hoje na plataforma Adrenalina Pura.