![]() Rosario
Original:Rosario
Ano:2025•País:Colômbia, EUA Direção:Felipe Vargas Roteiro:Alan Trezza Produção:Phillip Braun, Javier Chapa, Jon Silk Elenco:David Dastmalchian, José Zúñiga, Paul Ben-Victor, Emeraude Toubia, Emilia Faucher, Nick Ballard, Diana Lein, Luna Baxter, Indhira Serrano, Guillermo García Alvarado |
Durante uma nevasca em Nova York, Rosario “Rose” Fuentes (Emeraude Toubia), uma jovem e bem-sucedida corretora da bolsa de valores, é informada da morte de sua avó Griselda (Constanza Gutierrez), de quem se encontrava há muito tempo afastada. Sem qualquer outro parente por perto, Rosario se vê sozinha com o corpo da avó no sombrio apartamento dela enquanto espera pela ambulância. Ao descobrir que a avó aparentemente lhe lançou uma maldição, a garota precisa sobreviver à noite enquanto enfrenta uma versão decrépita de sua falecida mãe (Diana Lein).
Tendo sido lançado em diversos países em maio, Rosario (2025) chega apenas agora aos cinemas brasileiros. O título, a temática e os nomes latinos no elenco podem até enganar que se trata de um exemplar do tão interessante cinema fantástico praticado na América Latina, mas na verdade é apenas mais um produto carregando os vícios encontrados no terror norte-americano de linha de montagem dos últimos vinte ou trinta anos. Sim, é uma coprodução com a Colômbia, mas isso não salva o filme de mais uma vez vender para o resto do mundo aquele latino-americano tipo exportação, um ser hipotético que engloba e dilui em si toda e qualquer nuance cultural desse povo, que obviamente são MUITOS povos. Perde-se assim a chance da especificidade, de focar em uma única cultura, a fim de poder explorar a fundo seus mitos e rituais e entregar ao público uma experiência realmente enriquecedora.
O modelo narrativo no qual os personagens precisam atravessar uma noite de horrores em um ambiente restrito é capaz de gerar obras tensas e eficazes, desde o clássico indiscutível A Morte do Demônio (The Evil Dead, 1981) até o recente Pecadores (Sinners, 2025), mas aqui tudo se perde em um exagero de efeitos especiais que vai anestesiando o espectador. A direção de arte até se esforça na iconografia da religião africana com toques de catolicismo e espiritismo chamada Palo, praticada por Griselda, mas a fotografia por demais escura e o nojo pelo nojo que parece ser almejado (há vermes no filme em qualquer canto que você olhe) não ajudam.
O filme fala da busca dos imigrantes pela miragem do tal Sonho Americano e das pessoas que são deixadas para trás no caminho até ele, e, com um pouco mais de sensibilidade artística, isso poderia ter conferido a Rosario um brilho diferente. Por fim, resta uma boa sequência que apresenta a traumática travessia da fronteira entre México e EUA e a rima inteligente que ela faz com a cena em que Rosario é perseguida no metrô.
Para completar a série de oportunidades desperdiçadas, David Dastmalchian parece estar na produção apenas porque confere credibilidade no terror, uma vez que seu personagem Joe, o vizinho de Griselda, é inútil.
Ainda que não seja uma bomba, Rosario joga no seguro e contenta-se em ser apenas mais um título de terror tentando a sorte com um público casual de cinema e, mais tarde, com os zapeadores de streamings.