![]() Frost
Original:Frost
Ano:2012•País:Islândia, Finlândia Direção:Reynir Lyngdal Roteiro:Jón Atli Jónasson Produção:Júlíus Kemp, Ingvar Þórðarson Elenco:Helgi Björnsson, Einar Dagbjartsson, Valur Freyr Einarsson, Anna Gunndís Guðmundsdóttir, Bjartur Guðmundsson, Elma Lísa Gunnarsdóttir, Hallur Ingólfsson, Hilmir Jensson, Hilmar Jonsson, Halfdan Pedersen, Björn Thors |
Um found footage realizado nas geleiras, tão frio quanto sua proposta. Trata-se de uma produção islandesa que faz uso de um cenário desolador para propor uma espécie de “febre da cabana“, colocando personagens numa situação de desespero e pessimismo. Até poderia ser bom e quase chega a isso, se a ousadia pudesse ser escutada entre as tempestades de neve, além dos sons comuns na região. Frost não teve um bom reconhecimento por aqui, passando despercebido entre outros found footages, o que é justificável pelo que não mostra. Até tem uma premissa curiosa, ainda que apele para os velhos clichês dos excessos de filmagem.
Dois membros de uma equipe de pesquisa encontram uma fenda um pouco próxima do acampamento. Robert (Hallur Ingolfsson) até ameaça descer para descobrir o que há nela, lembrando que luzes estranhas e sons foram notados por lá, mas desiste sem qualquer explicação. A fisiologista Agla (Anna Gunndís Guðmundsdóttir) resolve arriscar alcançando uma belíssima caverna com estalactites, sendo assustada por flashes e defeitos da câmera, retornando sem muita lembrança do que viu e sem saber que passou mais tempo ali do que imaginava. De volta ao acampamento, no dia seguinte, seu namorado Gunnar (Bjorn Thors) aparece de surpresa, dizendo que pretende realizar um documentário de exploração no local. Se antes não se tratava de um documentário, por que a necessidade de filmar tudo, além do que foi visto na caverna? Outra questão: ainda que Agla tenha dito que não viu nada, por que não conferiram as gravações?
Passam a noite na mesma tenda, somente para Agla e o namorado descobrirem pela manhã que o restante da equipe, seis pessoas, simplesmente desapareceu, sem rastro de movimentação das motos de neve. Sem contato por rádio ou coordenadas sobre ações no diário de bordo, o que os dois fazem? Ignoram o mistério, aproveitam momentos românticos com um jantar, mantendo a câmera ligada sem justificativa. E quando algo é flagrado por ela, como uma bola de fogo, os dois nem percebem e também não conferem os registros. A situação piora com a aparecimento repentino de Arnar (Valur Freyr Einarsson), com olhos brancos e sangue vertendo pelo nariz e boca. Quando o rapaz aparentemente morre, eles resolvem levá-lo para uma instalação interna, arrastando o pesado corpo, demonstrando esforço físico para a ação, sem deixar de lado a câmera.
Aglar acorda na manha seguinte vomitando o jantar romântico, enquanto sangue começa a verter de seu nariz. Ambos são surpreendidos pelo despertar improvável de Arnar, com coordenadas do paradeiro dos demais e uma fala “Acordamos algo.” E é para lá que os dois irão, encontrando cadáveres, outro acesso ao subterrâneo e diversos acontecimentos ali que são difíceis de decifrar: a câmera amiga dos registros parece perdida entre flashes, sons de tiro, um morto e gritos de “Agnar, me puxa.” Quando o infernauta já está todo perdido, sem entender a verdadeira ameaça, o diretor Reynir Lyngdal opta por um final com câmera tradicional, um epílogo que dá pistas sobre os mistérios da geleira.
Diferente de outros found footages, Frost é até bem dirigido. O trabalho de documentarista de Gunnar ajuda a câmera a apontar para os lugares certos, sem as tremedeiras das gravações amadoras. Só a descida de Gunnar que se mostra confusa e perdida, dificultando a compreensão, mas as demais gravações são até bem bonitas, a partir da boa direção de fotografia de August Jakobsson. O que faltou para Frost alçar o status de recomendável se deve ao roteiro de Jón Atli Jónasson, que parece não ter interesse em dar respostas, como se estivesse aguardando a descida dos personagens para o epicentro, sem mostrar algo além do sugerido. Assim, transparece uma sensação fria de desinteresse, sem se aprofundar em sua própria mitologia, sem mostrar a que veio. Da mesma forma reage o espectador diante de imagens bonitas, um enredo intrigante e absolutamente vazio.

























