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Primitive War
Original:Primitive War
Ano:2025•País:Austrália
Direção:Luke Sparke
Roteiro:Luke Sparke, Ethan Pettus
Produção:Carmel Imrie, Carly Sparke, Luke Sparke
Elenco:Ryan Kwanten, Tricia Helfer, Nick Wechsler, Jeremy Piven, Anthony Ingruber, Aaron Glenane, Carlos Sanson Jr., Albert Mwangi, M.J. Kokolis, Ben Corlett, Ana Thu Nguyen, Marcus Johnson, Henry Nixon

A Austrália tem se mostrado eficiente na contribuição ao gênero em 2025. Foi o palco de produções violentas e apelativas na década de 70 e 80 — a era do “Ozploitation” — e sempre apresentou algo mais do que crocodilos (Morte Súbita) e assassinos em série (Wolf Creek), se você souber buscar um cinema além do oceano. Mas, este ano, você irá se lembrar especialmente de Animais Perigosos (Dangerous Animals), A Besta do Mar (Beast of War) e Faça Ela Voltar (Bring Her Back), dentre os destaques positivos australianos. Pode-se colocar nessa lista o longa Primitive War, de Luke Sparke, uma surpreendente produção de dinossauros (sim, no plural) que mostra que animais extintos podem vir além de parques jurássicos e orçamentos exagerados.

A evolução dos efeitos especiais está permitindo que cineastas possam ser aventurar nesse subgênero. Não precisa ter o dinheiro de Spielberg, a inspiração em uma obra de Michael Crichton e muito menos o protagonismo de Sam Neill e Jeff Goldblum. Um roteiro inteligente (que sabe explorar as criaturas em ambientes escuros ou chuvosos para amenizar os efeitos), a partir de uma história que fuja do trivial e não se preocupe em copiar o que já foi feito, tendo personalidade e estilos próprios. Primitive War passa distante de ser perfeito, mas é uma amostra interessante do que pode ser feito com criatividade e esforço pela diversão, podendo figurá-lo até algumas prateleiras acima de algumas das continuações da longa franquia jurássica.

O longa é inspirado no livro “Primitive War: Opiate Undertow“, de Ethan Pettus, lançado em 2017. A Sparke Films adquiriu os direitos de adaptação em 2022, com Luke Sparke como diretor, mas teve sérias dificuldades para convencer algum estúdio a bancar o projeto, enxergando na proposta uma cópia dos filmes de Spielberg. Assim a produtora investiu do próprio bolso US$ 7 milhões de dólares, contratando um elenco não tão conhecido para uma realização independente. Fez uma boa divulgação na San Diego Comic Con, mas teve lançamentos limitados na Austrália, pela Rialto Distribution, e EUA, pela Fathom Entertainment, arrecadando pouco mais de um milhão, não sendo suficiente para se tornar lucrativo e incentivar a adaptação de outros livros da série. É uma pena porque Primitive War conquistou até boas críticas e diverte, mesmo com suas limitações, embora seja maior do que devia.

Ambientado em 1968, durante a Guerra do Vietnã, o longa mostra um pelotão dos Boinas Verdes sendo massacrado por predadores desconhecidos na mata. Buscando entender o que aconteceu, o Coronel Jericho (Jeremy Piven) convoca o Esquadrão Abutre, uma equipe LRRP (Long-range reconnaissance patrol ou Patrulha de reconhecimento de longo alcance) para ir ao local do desaparecimento. Mesmo tendo vindo de uma missão bem sucedida e esperando um pouco de descanso, eles aceitam o novo trabalho considerado confidencial: no comando, o Sargento de Primeira Classe Baker (Ryan Kwanten), seguido pelo Sargento Xavier Wise (Adolphus Waylee), o novato operador de rádio Leon Verne (Carlos Sanson Jr.), os ex-soldados da Cavalaria Aérea Eli Taylor (Nick Wechsler) e Charlie Miller (Albert Mwangi), e os atiradores de elite Gerald Keyes (Anthony Ingruber) e Logan Stovall (Aaron Glenane).

Assim que iniciam a investigação, a equipe já se depara com pegadas enormes além de penas — uma ideia muito boa de explorar dinossauros com penas, algo que tardiamente a produção de Jurassic Park e World entendeu. Não demora para eles perceberem que o local está infestado de dinossauros, como um bando de Deinonychus à espreita numa caverna e uma família de Tyrannosaurus rex. Além dos animais predadores, os Abutres precisam enfrentar os Cães de Guerra, um pelotão soviético composto por Tolstoy (Ryan Panizza), Nikita (Ben Corlett), Sergei (M.J. Kokolis), Aleksandr (John Reynolds) e Con Nhen (Ana Thu Nguyen), uma guerrilheira vietnamita.

Na exploração pela mata, Baker e Verne, separados dos demais, encontram a paleontóloga soviética Sofia Wagner (Tricia Helfer), que possui um esconderijo por perto e sabe a razão dos dinossauros estarem à solta por lá. É claro que a ciência está envolvida, mas nada de DNA em inseto ou recriação das criaturas. Trata-se de um experimento de abertura de um portal e que acabou trazendo acidentalmente os dinossauros para o presente. Sofia tem intenções de buscar vingança contra o idealizador da experiência, o general Grigory Borodin (Jeremy Lindsay Taylor). Resta saber se os Abutres estão interessados em fazer um bem para o mundo ou se buscam apenas um resgate pela sobrevivência.

Nessa guerra entre soviéticos e americanos, os dinossauros são bastante frequentes e variáveis na produção. Há, claro, os momentos “não se vê isso todo dia“, com o encantamento dos personagens diante da descoberta. E há perseguição em diversos ambientes, criaturas aquáticas e voadoras, monstros gigantes invadindo uma base militar, além dos clichês que envolvem até sacrifício, resistência exagerada e até moralismo. Luke Sparke não esconde seus monstros e ousa descaradamente nos efeitos especiais, a partir de sua experiência como designer de produção e supervisor de efeitos especiais. Seus trabalhos na franquia Occupation e no longa O Demônio à Espreita (Devil Beneath, 2023) já evidenciavam um talento técnico ainda que os enredos não fossem suficientemente bons. Em Primitive War, ele soube combinar as duas coisas, rendendo seu melhor e maior projeto.

Isso significa que os efeitos dos dinossauros de seu filme são perfeitos? Claro que não. Em muitas das aparições, principalmente quando interagem com humanos à luz do dia, fica claro que são bonecos artificiais. Mas, em boa parte, são convincentes, apoiados por um enredo bem contextualizado e personagens interessantes. O pesar se deve a algumas falhas do roteiro como o fato dos helicópteros não flagrarem os dinossauros, sendo necessário uma investigação em solo, e a longa duração; o filme não se sustenta em suas duas e quinze minutos, numa aventura sci-fi por vezes arrastada e que parece não ter fim. Vale como alternativa genérica para quem gosta de dinossauro, do cinema inventivo australiano, e está cansado dos excessos dos parques temáticos e das produções sempre iguais americanas.

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