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Sob a Redoma
Original:Under the Dome
Ano:2009•País:EUA
Páginas:953• Autor:Stephen King•Editora: Suma

Após os ataques terroristas de 11 de Setembro, que culminaram com a destruição das Torres Gêmes do World Trade Center, uma sensação comum entre muitos americanos foi a de isolamento, como se todas as demais nações estivessem contra os Estados Unidos. Isso se explica pela forma como muitos países reagiram ao episódio, e também pela associação de insegurança e desconfiança. Ora, a América é sempre vista como um lugar de difícil acesso, com toda a burocracia para vistos e a maneira como enxergam os estrangeiros. Se essa é uma visão distorcida e exagerada, há muito o que se discutir, mas vejo na obra-prima literária de Stephen King Under the Dome uma metáfora dessa sensação, ainda que o escritor tenha dito em seu posfácio que pensara em escrever o livro desde 1976.

Também é possível estabelecer outras comparações, até mesmo com o Grande Irmão de George Orwell, e pela facilidade de visualização e influência da sociedade moderna. Isso tudo tendo como base de um enredo de ficção científica claustrofóbico e repleto de conflitos internos, com personagens ricos em desenvolvimento e muita ousadia nas escolhas do escritor. Esqueça qualquer relação com o péssimo seriado de TV, completamente raso e desvinculado com a obra.

A pequena Chester’s Mill, Maine, com 2000 habitantes, e aparentemente tranquila, é surpreendida pelo isolamento, por consequência do surgimento repentino de uma redoma transparente. Muitas pessoas e animais morrem no processo, desmembrados e repartidos, incluindo choques de um bi-motor e veículos. King utiliza de sua competência descritiva em muitas páginas, mostrando como vários cidadãos tiveram um encontro particular com o domo. Enquanto buscam explicações para o episódio, mais pessoas encontram seu destino, como o Xerife Duke, devido ao uso de marcapassos, e aqueles que tentam encontrar uma saída. Aos poucos, alguns personagens se destacam e assumem o protagonismo como o vendedor de carros James ‘Big Jim’ Rennie, a jornalista do Democrata, Julia Shumway, e o atendente do restaurante Rosa Mosqueira, Dale ‘Barbie’ Barbara.

Sob a Redoma (2009) (2)

Big Jim vai tomando as rédeas da situação, aproveitando o descontrole emocional da população, enquanto seu filho, o psicótico James ‘Junior’ Rennie, tenta esconder os assassinatos cometidos, como o de sua ex-namorada Angie e a amiga. Com o tempo, com a dificuldade de convivência tornando-se evidente, o negócio irregular de Big Jim na fabricação de drogas com o apoio de alguns moradores vai se fragilizar, gerando mais assassinatos e discordâncias. Também virá à tona o estupro de uma mãe, cometido por alguns cidadãos denominados policiais, além de alguns suicídios, com motivações diversas.

Consciente da situação estranha, os Estados Unidos, com o apoio do Presidente, tentarão destruir a redoma com mísseis e armas químicas, tendo no apoio externo de Coronel Cox as mediações com Barbie. Ao tentar dar ao rapaz condições de comando, Big Jim fará de tudo, incluindo incriminação, para que consiga controlar a cidade. Brigas, atos de violência e atitudes insanas vão transformando a cidade num território de guerra, culminando num apocalipse particular.

Under the Dome apresenta uma literatura deliciosa, repleta de reviravoltas no enredo e momentos de tensão e ousadia. Stephen King dá dimensões aos personagens, representando-os como partes comuns da sociedade moderna, seja nas mentiras políticas ou na busca pelo poder até os conflitos familiares e relacionamentos. Há referências diretas ao 11 de Setembro com a estrada 119 e as acusações de terrorismo interno, embora o autor não tenha explorado o preconceito tão comum na pluralidade cultural. Entre os destaques de sua narrativa elétrica, há o dinamismo de capítulos centrados em personagens pequenos, na passagem por todos os ambientes como se leitor fosse uma câmera e até na condução das ações por um cachorro.

Mesmo com mais de 950 páginas, a obra passeia nas mãos do leitor rapidamente, sempre atento às surpresas e ao mistério estabelecido. Prende o leitor com uma redoma literária, impedindo que se afaste por muito tempo de seu enredo cativante! Vale cada página!

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1 comentário

  1. Que incrível essa seção de literatura no Boca do inferno. Vocês são incríveis!
    Espero q comentem outros classicos literários do Stephen, principalmente seu livro de contos – Night Shift – adoraria ver por aqui!

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