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O Adversário
Original:
Ano:2013•País:Brasil
Autor:Maurício Limeira•Editora: Independente

por Glau Kemp

O livro conta a história de Jose Carlos, um jornalista carioca inconformado com a morte trágica da namorada. Tomado pelo desejo de vingança, Zeca procura um matador de aluguel para punir os culpados pela morte precoce de sua amada. Ele contrata Casemiro, um assassino misterioso que acaba virando seu grande inimigo. Um homem perigoso envolvido com forças malignas.

“Difícil conter a culpa, o medo e o remorso. Tudo junto. Não há cabeça que aguente. Como não bastasse, outra vez o vulcão explode e arrasa, soterra, destrói a decadente cidade onde moram minhas poucas lembranças”.

O inicio da história é muito bom, as cenas são bem construídas e instigantes, é fácil se conectar com o protagonista e suas motivações são bastante legitimadas pela realidade da história. O leitor se depara com um homem muito real, que responde à violência urbana e do cotidiano de uma grande cidade, com mais violência. Mas a transição do começo da narrativa, totalmente no estilo terror realístico urbano o que corresponde a cerda de 30% do livro, para algo sobrenatural, é abrupta.

“ Você é um instrumento!”, ele enfim olhou-me nos olhos. “Um maldito instrumento, uma maldita chave que eu vou usar, e vou usar hoje, aqui! Filho da puta…”

Com a entrada do sobrenatural na história, Zeca o protagonista, antes uma pessoa comum, passa a ser o único que pode salvar o mundo de um grande mal. Um arquétipo frequente na fantasia, mas que não me agradou pelo seguinte motivo: Zeca é um “herói” sombrio e cheio de defeitos, o que seria perfeito se suas ações continuassem seguindo uma mínima verossimilhança com realidade do começo da história. O personagem está fugindo de um mal terrível  e se escondendo em uma casa velha, mas quando decide enfrentá-lo praticamente refaz o mesmo circuito da casa velha. A impressão que dá é que 40% das cenas são apenas recontadas, pois o cenário é o mesmo e as ações muito similares.

“Não apenas por você, meu filho, mas por toda a raça humana. A vitória dessa pessoa significa a derrota de toda a humanidade”.

Um ponto que causa estranhamento no livro é a linguagem, apesar do vocabulário ser muito bom, devido ao uso constante do futuro do pretérito do indicativo gerando desconforto durante a leitura.

“Falaria tão baixo, porém que não cheguei a escutar. “Como?”  “Frio. Está Frio.” Ela levantaria-se da escada no instante em que eu virava-lhe as costas para buscar um agasalho.”

Em resumo, o autor se saiu muito bem na escrita sem elementos fantásticos. Como sempre foi ótimo ler mais um escritor nacional e gostaria de conhecer mais trabalhos de Maurício Limeira, principalmente em outros temas dentro do terror ou em um suspense policial, que na minha humilde opinião de leitora, é um gênero onde se sairia muito bem.

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