True Detective - 2ª Temporada - 1º Episódio
Original:True Detective - Season 2 - Episode 2
Ano:2015•País:EUA Direção:Justin Lin, Daniel Attias, Janus Metz Pedersen, Miguel Sapochnik Roteiro:Nic Pizzolatto Produção:Peter Feldman, Ben Kunde, Blake McCormick, Aida Rodgers Elenco:Colin Farrell, Rachel McAdams, Taylor Kitsch, Vince Vaughn, Chris Kerson, W. Earl Brown, Christopher James Baker, C.S. Lee, Michael Irby, |
Com a pesada responsabilidade de superar, ou pelo menos manter, o excelente nível de seu ano de estreia com uma nova história, um novo elenco e uma nova equipe de showrunners, True Detective amargou o fracasso se tornando uma das piores decepções televisivas dos últimos anos. Mas o que aconteceu?
Com um roteiro confuso e personagens desinteressantes, True Detective seguiu ao longo de seus oito episódios em um labirinto de enredos que se cruzavam em uma trama política de corrupção e sujeira que ninguém parecia entender. Foram cenas e mais cenas onde os personagens apareciam conversando sobre o que acontecia no corrupto município de Venice na tentativa pífia de situar o telespectador e prepará-lo para o que viria. Mas, ao contrário da temporada anterior, que traçava um caminho que, próximo ao final, mudaria de direção deixando claro que aquela história não se tratava dos crimes e, sim, de como isso afetava os detetives, este novo ano seguiu com sua história batida de interesses políticos por trás de um crime aumentando a complexidade da coisa a cada episódio até que simplesmente não havia mais interesse no que estava acontecendo, prendendo a atenção mais para “ver onde isso vai dar” do que pela história em si.
E tem também o elenco.
Enquanto a primeira temporada possuía um elenco de peso, muito à vontade em seus papéis e uma direção coesa com uma forte identidade visual, o segundo ano da série trouxe quatro personagens principais de uma vez só, dividindo o tempo de tela entre eles de maneira desequilibrada. Enquanto alguns como Frank Semyon (Vince Vaughn, de Penetras Bons de Bico) e o detetive Ray Velcoro (Colin Farrell, de O Vingador de Futuro) de possuíam um background melhor estabelecido, Ani Bezerrides (Rachel McAdams, de Sherlock Holmes) e Paul Woodrugh (Taylor Kistch, de John Carter: Entre Dois Mundos) corriam atrás com cenas mais óbvias para dar mais “clareza” ao passado dos dois. E o elenco até que se sai bem. Velcoro e Bezerrides merecem maior destaque com ótimas atuações de Colin Farrell e Rachel McAdams, mas a escolha de Vince Vaughn como Frank mostrou-se como todos esperavam: decepcionante. O tempo todo temos a impressão de que Vaughn vai encaixar uma piada no meio de suas falas. Taylor Kistch se sai um pouco melhor como Woodrough, mas tem pouco tempo para mostrar a que veio. Dar tanta atenção a Frank foi um dos principais erros da série.
Embora longe da forte identidade colocada no primeiro ano da série por Cary Fukunaga, este segundo ano ainda se sai muito bem, pelo menos tecnicamente. A sujeira das auto estradas e do deserto da Califórnia são transmitidas ao telespectador de maneira muito clara através da paleta de cores utilizadas na série, sua iluminação e trilha sonora. Em compensação, o roteiro de Nick Pizzolatto é um dos mais confusos e inseguros dos últimos anos. Enquanto a história parece metida a besta demais, se tornando cada vez mais complexa, alguns dos melhores momentos são simplesmente destruídos por algumas das piores cenas da temporada.
Toda a sutileza do desenvolvimento das personagens vai por água abaixo quando os roteiristas parecem não estar convencidos de que o público entendeu o que queriam dizer e aí encaixam alguma cena escancarando o que havia sido mostrado sutilmente. Sendo assim, logo após vemos Woodrough tomar um Viagra para ir pra cama com sua namorada e olhar de relance para um rapaz na rua, temos o péssimo diálogo expositivo entre ele e seu amigo onde descobrimos que os dois tiveram um caso durante a guerra. Enquanto vemos Bezerrides chapada tendo um flashback dela ainda criança sendo levada por um homem estranho, logo em seguida ela explica para Velcoro que ela foi sequestrada e abusada quando criança.
E tudo só piora no final. O ataque de Velcoro e Frank à máfia russa é patético. O confronto entre Velcoro e uma equipe tática da polícia no meio de uma floresta culminando em um pra lá de estranho momento de redenção são soluções fáceis de um roteiro que subestima seus telespectadores. A última cena coroa o segundo ano com o prêmio “didatismo televisivo do ano” quando após as instruções dadas a Bezerrides que ela poderia levar todas as provas aos jornais depois de certo tempo, quando eles estivessem salvo, somos levados há alguns meses no futuro onde vamos ver (adivinhem só!), Bezerrides entregando as provas aos jornais! E tudo isso por um assalto a uma joalheria!!! Dãr!!!
Definitivamente True Detective está entre as maiores decepções da televisão. Quando todos aplaudiam de pé a fórmula criada por Pizzolatto, e a série recebia ótimas críticas, eles tentaram ir além. Com seu clima, noir, sujo e pessimista, True Detective ainda é uma das coisas mais originais dos últimos anos na TV, mas faltou modéstia e tentar abraçar o mundo como foi feito neste segundo ano. Talvez a intenção fosse tornar a série mais palatável para atingir um público maior com mais explicações e mais tramas mirabolantes para agradar os que gostaram da primeira temporada. Fica claro que a série tentou se reinventar, mexendo em uma fórmula que já era ousada para os padrões televisivos atuais, e talvez esse seja o seu maior e único mérito.
Olha, realmente foi uma das maiores decepções desse ano … A primeira temporada foi avassaladora, com dois protagonistas fantásticos, essa foi confusa e o final é melhor nem falar . Vamos esperar a terceira (se tiver!)
Concordo plenamente, eu assisti até o final pra “ver aonde isso vai dar”. Não foi aquela parada que aconteceu na primeira temporada que nos prendia no roteiro e deixou aquela sensação de quero mais quando acabou. Esperamos ter uma terceira temporada mais madura pra compensar esta bagunça que foi a segunda.