– “Você tem site? Como ele se chama?”
– “Boca do Inferno!”.
– “Ah, é sobre o poeta Gregório…?”
– “Não, é sobre o inferno mesmo…”
Caros Infernautas,
Há quatro anos o Boca do Inferno se abria pela primeira vez!.
No início, era apenas mais uma página de horror na internet, mas que pretendia se destacar nesse meio através de uma fórmula simples (e pouco valorizada entre os webmasters): atualização constante, mesmo que seja uma vez por semana. Sempre buscando trazer o melhor conteúdo através de críticas, artigos e novidades, a página crescia naturalmente como um hobby levado a sério, apesar das dificuldades financeiras, excesso de compromissos e o baixo número de visitas da época – existia um jeito de mantê-la viva, bastava alimentá-la constantemente sem se preocupar com a obesidade de informações..
Mas, engana-se quem pensa que é fácil fazer um site, um fanzine, um blog ou até uma produção literária sobre o horror no Brasil! Sem a popularidade e o respeito adequado, o gênero encontra barreiras monstruosas a cada tentativa de manifestação, às vezes por falta de investimento; na maioria delas, por puro preconceito.
Quem já não enfrentou problemas quando disse que era fã de filmes de terror? “Pensei que você fosse mais calmo…“; “Por isso que o país é violento…“; “Como um professor, alguém que devia dar bons exemplos, pode gostar disso?” – frases assim, acompanhadas de um olhar duvidoso e assustado, ouço todos os dias, quando tento mostrar que existe vida fora da sala de aula. A desvalorização do gênero ainda vai mais longe: o fã que busca filmes sem cortes na televisão, outrora um espaço com programas especializados, e também aqueles que querem simplesmente comprar um DVD, muitas vezes sem quase nenhum extra e com a imagem copiada do VHS. Isso sem contar os filmes que simplesmente não chegam ao nosso Brasil, enquanto num país comum, não muito distante, com suas diversas revistas, o público é agraciado com o que há de melhor..
Realmente, não é fácil trabalhar com o horror por aqui. Mas, fácil é dizer que tem “o melhor site“, “o site definitivo do gênero“, “maior conteúdo da internet“, querendo colocar no mercado CDs com o conteúdo e tudo mais, mas deixando de lado seus esforços na primeira dificuldade que encontra pelo caminho. Fácil também é dizer que será colaborador efetivo, colunista, responsabilizar-se por trabalhos artísticos e educativos sobre a página, mas desaparecer antes mesmo de cumprir com as primeiras promessas. Pessoas assim se dizem fãs do gênero, compram vários filmes, assinam listas de abaixo-assinado sobre lançamentos e programação, no entanto, na hora de fazerem algo que possa contribuir pela valorização do gênero, escondem-se embaixo das cobertas. São os chamados pseudo-fãs, aqueles nos quais o menor problema é desculpa para não colaborar…
Assim, graças ao esforço de amigos como o Renato, Felipe Guerra, Gênesis, Orivaldo, Corrêa, meu querido irmão, muitos colaboradores que eventualmente enviam seus contos, sugestões e críticas, e, principalmente, a você, infernauta, o Boca do Inferno permanece firme e forte nesse início de quarto ano. Não podemos deixar de agradecer a editora Works DVD por fornecer material para promoções e distribuidoras como Europa Filmes, Warner Bros, Califórnia Filmes, FlashStar e a Alpha Video por acreditarem no nosso trabalho.
Que o próximo ano seja ainda mais assustador e produtivo para todos nós…