Aluka: Os Morcegos nem sempre são Vampiros!

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Cena do filme O Ataque das Sanguessugas Gigantes, de 1959
Cena do filme O Ataque das Sanguessugas Gigantes, de 1959

Os vampiros são, quase sempre, relacionados com algum animal, como lobos, ratos, etc.. Mas o animal que melhor “encarnou” a ideia de vampirismo foi o morcego. A imagem ligando vampiros a morcegos e vice-versa é tão forte que, muitas vezes, fica difícil dissociá-los: um tipo de morcego, que vive do consumo de sangue de animais, é conhecido como vampiro; além do mais, morcegos são animais noturnos, como os vampiros, de acordo com a maioria das lendas. Muitos livros e filmes ajudaram a manter a imagem dos dois unida, pois mostraram o vampiro transformando-se em morcego nas mais variadas situações. Mesmo assim, algumas culturas que apresentaram vampiros nas suas crenças o uniram a outro ser: a sanguessuga (Haemopsis sanguisuga), que também vive do consumo de sangue.

Seu nome original, Aluka, vem do hebraico antigo, aparecendo na Bíblia judaica nos Provérbios 30:15, sendo traduzido como sanguessuga ou carrapato. O termo deriva também de uma palavra árabe, alukah, que significava “agarrar-se a“. Na Síria e em Israel existiam diversas espécies de sanguessugas, sendo que uma delas se agarrava no pescoço de cavalos enquanto estes bebiam água nos córregos. Outras espécies viviam em águas estagnadas e grudavam nas pernas de quem passasse. Sua tenacidade em aderir à pele era famosa, sendo que era necessário, em muitos casos, matar as criaturas para serem removidas.

Mas não é sobre biologia que estamos falando: a passagem dos Provérbios “A aluka tem duas filhas, Dê, Dê“, pode se referir não a uma sanguessuga comum, mas sim a uma figura mitológica vampírica, uma derivação sírio/hebraica do árabe violadores de túmulos, que sugava sangue e se banqueteava da carne dos mortos.

Morcego de A Hora do Espanto, 1985
Morcego de A Hora do Espanto, 1985

Tal interpretação foi mantida por estudiosos da Bíblia durante o século XIX, mas sempre foi uma interpretação minoritária. Atualmente, a figura vampírica insinuada nesta passagem é desconsiderada pelos estudiosos contemporâneos.

Mesmo assim, não podemos considerar a visão da presença de vampiros totalmente implausível: figuras que viviam de sangue e morte eram comuns de aparecerem na cultura árabe, que, por sua vez, também influenciou a construção de muitas passagens da Bíblia, em particular na sua parte judaica. Mas os indícios arqueológicos são insuficientes para confirmar esta presença vampírica na Bíblia.

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Orivaldo Leme Biagi

É mestre e doutor em História pela UNICAMP e pós-doutor em Relações Públicas pela USP. Atualmente é professor e Coordenador do curso de Direito da FAAT.

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