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Os Pássaros (1963)

Eis que 2015 mal começou e já tivemos uma grande perda não apenas para o cinema fantástico mas para o mundo da sétima arte em geral. O ator Rod Taylor faleceu no dia 07 de janeiro aos 84 anos. Os fãs do diretor Alfred Hitchcock com certeza se lembram de Taylor como o protagonista do clássico Os Pássaros, de 1963, onde interpretou Mitch Brenner.

Além de protagonizar Os Pássaros, Taylor teve uma sólida carreira na era dourada de Hollywood tendo contracenado ao lado de nomes como Elisabeth Taylor, Shirley MacLaine, James Dean, Jane Fonda, entre outros. Taylor atuou em vários filmes ao longo de sua carreira, como A Máquina do Tempo, Um Domingo em Nova York, Assassino de Encomenda, A Morte Não Marca Hora, além de ter dublado o cão Pongo no clássico da Disney 101 Dálmatas. O último filme que Taylor participou foi a produção Bastardos Inglórios, de 2009, onde interpretou o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Taylor morreu em casa, cercado por sua família.

Rod Taylor e Tippi Hedren
Rod Taylor e Tippi Hedren

Do elenco principal de Os Pássaros, estão vivas apenas Tippi Hedren, que deu vida a Melanie Daniels, e Veronica Cartwright, que interpretou Cathy Brenner. Jessyca Tandy faleceu em 1994 e Suzanne Pleshette em 2008. A notícia da morte de Taylor pega os fãs de Os Pássaros de surpresa ao mesmo tempo em que os olhos dos admiradores da obra de Hitchcock se voltam para um possível remake.

Desde o fim da década de 1990 que o número de remakes de obras de suspense e horror cresceu como nunca antes na história do cinema. A verdade é que remakes não são exclusivos de produções de horror e nem possuem ligação única com o século XXI. A prática de refilmar obras já existentes é tão antiga quanto o próprio cinema, visto que os primeiros remakes começaram a surgir graças as melhorias técnicas das produções fílmicas.

Os tão famosos filmes de monstros da Universal da década de 1930 são remakes de títulos feitos anos antes e muitas vezes sem som. Drácula, de 1931, não é a primeira adaptação do romance de Bram Stoker, uma vez que Nosferatu, feito na Alemanha, foi lançado originalmente em 1922. O diretor F. W. Murnau dirigiu Nosferatu sem permissão da viúva do autor Bram Stoker. Por este motivo, Murnau alterou vários detalhes da história, como também o nome do vilão. Drácula, de 1931, teve o mérito de ter transportado a plateia da época para uma história semelhante de vampiro, mas desta vez em uma Transilvânia repleta de sons.

Rod Taylor e Alfred Hitchcock
Rod Taylor e Alfred Hitchcock

O próprio Hitchcock refilmou seu trabalho visto que existem duas versões de O Homem que Sabia Demais, uma em 1934 e outra em 1956. O problema parece ser quando outra pessoa decide regravar as obras do mestre do suspense. Passados quase 20 anos, ninguém conseguiu superar o acidente cinematográfico que Gus Van Saint dirigiu com o remake de Psicose, lançado em 1998.

O projeto de refilmar Os Pássaros não é novo. O remake teria inclusive Naomi Watts como protagonista. Alguns nomes já foram ligados a um novo Os Pássaros como Michael Bay (diretor de Transformers), Andrew Form e Brad Fuller que seriam produtores. O holandês pouco conhecido por aqui Diederik Van Rooijen ficaria responsável pela direção. A ideia inclusive seria que a refilmagem fosse em 3D. Nada foi confirmado até o momento e resta aos fãs esperarem. Enquanto isso, que tal entender por que Os Pássaros é um dos filmes mais emblemáticos da filmografia de Hitchcock?

Os Pássaros (1963) (1)

Os Pássaros acompanha a bela Melanie Daniels que decide visita a pequena cidade de Bodega Bay. O real interesse da moça é encontrar com Mitch Brenner, que mora na São Francisco e passa os finais de semana na cidadezinha. Tudo segue de forma tranquila até que pássaros de todas as espécies passam a atacar a população, em número cada vez maior e com mais violência, deixando todos aterrorizados.

Baseado no romance homônimo escrito pela britânica Daphne Du Maurier, Hitchcock teria adorado a história principalmente porque o seu filme anterior havia sido Psicose e por isso ele estaria quebrando a cabeça para encontrar uma história que fosse interessante e ao mesmo tempo diferente de tudo o que ele havia feito no passado. A insistência em inovar foi tão grande que um dos elementos principais da obra de Hitchcock simplesmente não existe em Os Pássaros: a trilha sonora.

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Ao assistir Psicose, é claro perceber a importância da trilha composta por Bernard Herrmann não apenas na famosa cena do chuveiro, mas em praticamente toda a projeção. Os Pássaros não possui trilha sonora. O único “som” que ajuda na construção da história é o barulho que os pássaros fazem quando estão reunidos. Somente se ouve música em três momentos: o primeiro, na casa de Mitch Brenner, quando Melanie toca piano. O segundo na sequência da escola, quando as crianças cantam. A última ocorre já no final do filme, quando Mitch liga o rádio do carro. Além disso, aqui não temos um assassino, uma investigação ou sequer um final conclusivo. Não por acaso, Os Pássaros não termina a sua projeção com o famoso “The End”.

Apesar destes elementos, Hitchcock manteve toda a classe e elegância de seus filmes anteriores em Os Pássaros o que claro, é um ponto extremamente positivo. Este tópico pode ser observado no roteiro com destaque para os diálogos. O flerte entre os personagens, outra marca notável das obras do mestre do suspense, também está presente.

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Outro ponto importante é perceber como Melanie Daniels é a típica personagem feminina das obras de Hitchcock e isto é um elogio. O modo de falar, de se comportar e até de agir em situações de perigo são facilmente reconhecíveis. Por se tratar de Hitchcock, claro que a atriz Tippi Hedren viveu o inferno durante as filmagens. Para se ter uma ideia, a cena na qual a personagem de Hedren é atacada dentro de um cômodo na casa de Mitch levou uma semana para ser filmada. Neste período, a atriz repetiu praticamente a mesma cena na qual era atacada por pássaros, entre bonecos e aves de verdade. A sequência entrou para a história e mandou a atriz para o hospital com uma grave crise de estafa.

Aqui recai uma primeira pergunta sobre um remake de Os Pássaros: Como seria esta nova personagem? Ela deveria ser uma cópia da Melanie interpretada por Hedren ou manter um comportamento diferente? Ao imaginar a personificação da mulher norte-americana na década de 60, é possível pensar que a mocinha do remake provavelmente deve ter um comportamento diferente. Mas quão diferente? Será possível imaginar Naomi Watts, ou qualquer outra atriz semelhante, com um lança chamas nas mãos gritando “fuck you stupid birds” ou “die you bitch!!!”?

É importante lembrar que existe uma “sequência” de Os Pássaros que foi lançada em 1994, mas que parece mais com um remake. A trama mostra uma pequena cidade sendo atacada por pássaros. A diferença da qualidade entre esta “parte 2” e o original é gigantesca. Os Pássaros 2, que foi feito para a TV e teve direção de Rick Rosenthal, possui um dos roteiros mais sofríveis já vistos além de colecionar personagens estereotipados além de pássaros sendo explodidos por balas.

Os Pássaros (1963) (5)

E quanto ao próprio formato de um novo Os Pássaros? A elegância? O final em aberto? Todas estas perguntas serão respondidas cedo ou tarde assim que as filmagens começarem. Podemos ter uma bomba cinematográfica como a que Gus Van Saint fez? Ou podemos nos surpreender positivamente? É sempre bom lembrar que apesar de raras, existem refilmagens que são melhores dos que as obras originais. Neste quesito, basta pensar no remake de Quadrilha de Sádicos, que é muito melhor do que o título original. Neste aspecto, até Naomi Watts gritando “fuck you stupid birds” pode dar certo desde que a narrativa seja bem construída. Só o tempo dirá e muitas informações ainda vão surgir. Por enquanto, a única certeza é que o cinema está de luto pela perda de Rod Taylor. RIP.

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3 Comentários

  1. Cada vez mais o cinema está ficando pobre, estou de luto desde a morte de donald pleasence.

  2. Esse filme é uma lenda. cinema de terror/suspense não teria parte da existencia sem ele

  3. Realmente, uma perda lastimável para a Sétima Arte.
    Rod Taylor era um grande ator – um dos meus favoritos, ao lado de Gregory Peck, Cary Grant, Errol Flynn e Kirk Douglas.

    A voz de Pongo se calou. Os Pássaros venceram a guerra. A Viagem no Tempo perdeu seu conquistador.

    Uma grande perda.

    R.I.P. ROD TAYLOR.

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