Freddy Vs Jason (2003)

4.6
(7)

Freddy Vs Jason (2003) (16)

Freddy Vs Jason
Original:Freddy Vs Jason
Ano:2003•País:EUA, Canadá, Itália
Direção:Ronny Yu
Roteiro:Damian Shannon, Mark Swift
Produção:Sean S. Cunningham
Elenco:Robert Englund, Ken Kirzinger, Kelly Rowland, Monica Keena, Jason Ritter, Chris Marquette, Brendan Fletcher, Katharine Isabelle, Lochlyn Munro, Kyle Labine, Tom Butler, Zack Ward

Com estreia prevista para dia 24 de outubro, o filme Freddy Vs Jason deverá repetir no Brasil o sucesso alcançado nos Estados Unidos. Não dá para negar que a ideia de unir dois dos maiores ícones dos filmes de terror em série em um único filme seja espetacular. Ainda mais quando se tem a audácia de colocá-los como inimigos “imortais” num filme que lembra muito as produções dos anos 80, considerada a década de ouro dos famosos personagens e do cinema de horror. Provavelmente o que ocasionou o sucesso do filme não seja apenas o “encontro” dos assassinos, e, sim, a capacidade dos roteiristas (Mark Swift e Damian Shannon) de praticamente reinventar as séries, criando argumentos e pontos fracos nunca antes explorados em qualquer produção envolvendo o psicopata de Crystal Lake e o sequestrador da Rua Elm. Com isso, o público que nunca assistiu a nenhum filme com os personagens também não irá se decepcionar, ainda mais com os flashbacks, que contam com detalhes o “nascimento” de Freddy Krueger e Jason Voorhees, num recurso também utilizado em Halloween: Ressurreição.

No início do filme, vemos Freddy Krueger (Robert Englund) ainda como humano, infernizando a vida de uma criança, ao passo que narra com perfeição ao espectador sua origem, contando como fora queimado vivo pelos pais dos moradores da Rua Elm. Essa cena é ilustrada com diversas imagens dos filmes anteriores da franquia, com pessoas gritando, mortes e Freddy acumulando vítimas. O assassino explica que está impossibilitado de atacar novas vítimas nos pesadelos devido à eficácia de um remédio, Hypnocil, que impede as crianças de sonhar. Além do mais, sua ausência fez com que seus horrendos crimes e, principalmente, seu nome fossem esquecidos, enterrados para sempre na lembrança dos antigos moradores da região.

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Freddy invade um sonho de Jason Voorhees (Ken Kirzinger), em que ele persegue uma bela garota nua por Crystal Lake (alguém imaginou que ele poderia estar massacrando carneiros que saltam sobre uma cerca?), e, se fazendo passar por sua mãe, Pamela Voorhees, o convence a retornar à forma humana para matar alguns adolescentes da Rua Elm. Ora, se Jason cometer alguns crimes naquela infame rua, todos acreditarão que a culpa é de Freddy e ele poderá retornar aos pesadelos e continuar com seu mar de sangue. Como um fantoche, Jason cai na armadilha e parte para a Rua Elm com seu facão enferrujado, em meio a uma forte neblina, quando surgem os sangrentos e criativos créditos iniciais, dando ao espectador uma pequena parcela do que estaria por vir.

A partir desse ponto, a produção apresenta um show de cenas chocantes, repletas de mortes violentas, sangue em demasia, gritos e muita correria. Não vão faltar decapitações e desmembramentos em situações de extrema violência – que provavelmente associadas às cenas de nudez poderão aumentar a censura do filme em nosso país. São várias as homenagens aos fãs das séries, com citações e imagens que remetem aos filmes que fizeram sucesso nas décadas passadas. Como exemplo, posso citar a presença da cabra e até mesmo da velha fábrica com canos e fumaça, onde muitos já foram massacrados em inesquecíveis momentos de terror.

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Numa das melhores cenas, vemos Jason, em chamas, atacando vários jovens durante uma “rave“, cercada por plantações de milho. O assassino atravessa o milharal como uma bola de fogo, cortando suas vítimas com seu facão em brasa, substituindo o tecno por gritos de desespero. Em outro bom momento, Jason invade um hospital atrás dos jovens que buscam remédios para não sonhar, enquanto Freddy aparece durante a “viagem” de um rapaz, sob a forma de uma estranha criatura.

Como já era de se esperar, Freddy Vs Jason não escapa dos clichês do gênero: cenas de sexo, adolescentes drogados, discussões inúteis sobre futuras transas e até mesmo a possibilidade de saber logo quem serão os mocinhos do filme. Além disso, é extremamente fantasioso, com confrontos bizarros (porém diversificados: ora ocorrendo em Crystal Lake, ora ocorrendo na Rua Elm, ora ocorrendo em algum pesadelo) e momentos de humor forçados (a cantora Kelly Rowland, que interpreta Kia, protagoniza as piores situações do longa). Em contrapartida, o resto do elenco não decepciona: Monica Keena (do terror Floresta Negra) está bem no papel de Lori, uma jovem que é atormentada por um passado que envolve a morte da mãe e a identidade do assassino; Katharine Isabelle (dos filmes Possuida e Carrie 2002) como Gibb, uma garota burra e subordinada ao namorado; Lochlyn Munro (Drácula 2000) como o bom policial que acredita na existência dos assassinos. Não posso esquecer de citar a boa interpretação do ator Ken Kirzinger – o novo Jason – que trouxe ao personagem uma boa movimentação e um aspecto assustador (que lembra muito Michael Myers).

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O diretor Ronny Yu (A Noiva de Chucky) acertou a mão ao dar uma aparência sombria e séria ao filme, com muitas cenas noturnas e fazendo bastante uso da neblina como recurso macabro. Até mesmo as cenas cômicas não fazem dessa produção uma sátira ao gênero, demonstrando muito respeito do diretor aos fãs das duas famosas séries. Porém, há um erro bem explícito de continuidade na cena em que as mocinhas conversam sentadas num banco do lado externo da escola. Repare que a personagem Gibb – que usa sempre boné e passa a maior parte do filme fumando – coloca a mão duas vezes seguida na boca com o cigarro, dando até uma leve tremida na imagem.

Apesar dos exageros, Freddy Vs Jason consegue atingir com facilidade seus maiores objetivos: resgatar dois personagens já desgastados por sequências ruins e ser bem divertido. Definitivamente, não é o melhor filme do ano, mas também está longe de ser um pesadelo. Então, tome seus dois comprimidos de Hypnocil e vá sem medo….deixe-o por conta de Freddy e Jason!

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Curiosidades:

– o filme traz uma novidade absurda: Jason, que morreu afogado, tem medo de água!! Essa é uma tremenda bobagem. No quarto filme, Sexta-Feira 13: O Capítulo Final, Jason atravessa o lago para matar uma jovem que nadava num barco. Na Parte VII, ele afoga uma jovem; na Parte VIII, ele invade um navio e depois chega a Manhattan por baixo da água…

Crystal Lake neste filme é apenas um acampamento. Os cenários são bem diferentes dos acampamentos mostrados na franquia.

– Jason mata uma vítima na casa e vai embora. Ninguém sabe para onde foi. Se Springwood é um bairro urbano, onde teria Jason se escondido? Talvez na casa de Michael Myers

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– Jason é interpretado quase que fielmente pelo gigantesco Ken Kirzinger (ator que mede 1,96, e fez uma ponta na Parte VIII). Manteve o andar lento e o olhar sinistro, mas deixou de lado a velha respiração do personagem. Dizem que o ator nunca tirou a máscara durante as filmagens e entrevistas, pois queria transmitir ao elenco e ao público sua fidelidade ao ícone.

– No filme, o Jason consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo: no hospital psiquiátrico, na rave, na Rua Elm….sempre a um passo a frente de Freddy Krueger. Essa característica foi atribuída ao personagem apenas na parte VII

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– a atriz que faz Pamela Voorhees até que lembra Betsy Palmer, mas o visual com cabelo comprido estragou a sua caracterização. Ela também é um pouco exagerada na interpretação, deixando o lado comum da personagem mostrado no primeiro e segundo filme.

– o saco que é colocado na cabeça de Jason, durante o pesadelo em Crystal Lake, é uma referência à veste do assassino na Parte II.

– quando Jason empala Frisell e Gibb, ele faz uma referência à Parte II, quando faz o mesmo com Jeff e Sandra.

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– o modo como Jason olha para a mão, com os dedos cortados por Freddy, refere-se ao que acontece com o personagem na Parte IV, quando ele olha do mesmo jeito depois que Trish corta sua palma.

– A sequência em que Jason quebra as portas do hospital psiquiátrico refere-se ao ato do personagem em Jason X. O policial que é eletrocutado no painel também se refere a uma morte similar…

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Contagem de Corpos

Assassino: Jason Voorhees
3 (107) : Trey – cortado com um facão, e a cama o dobra no meio…
4 (108) : Pai de Blake – decapitado pelo facão
5 (109) : Blake – rasgado com o facão
6 (110) : Frisell e
7 (111) : Gibb – duplamente empalados com um cano
8 (112) : amigo – cabeça virada em 360 graus
9 (113) : Shack – empalado por uma arma em chamas
10 (114) : jovem da rave 1 – cortado com o facão
11 (115) : jovem da rave 2 – cortado com o facão
12 (116) : jovem da rave 3 – rasgado no ombro
13 (117) : jovem da rave 4 – ferido no estômago com o facão
14 (118) : jovem da rave 5 – cortado com o facão
15 (119) : jovem da rave 6 – cortado com o facão (off screen)
18 (120) : Security Guard – esmagado pela porta de metal
19 (121) : Deputy Stubbs – eletrocutado no painel
20 (122) : Freeburg – possuído pela criatura de Freddy, rasgado ao meio com o facão
22 (123) : Linderman – empalado por um pedaço de madeira
23 (124) : Kia – cortada com o facão e arremessada contra uma árvore
24 (125): Freddy Krueger – braço arrancado e enfiado no próprio corpo

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Assassino: Freddy Krueger
17 (1): Mark – queimado, rosto cortado

Flashback/Morte nos Sonhos
1 : Garotinha – olhos arrancados por Freddy (off screen)
2 : Heather – pregada na árvore com o facão
16 : Irmão de Mark – motivado a se suicidar por Freddy
21 : Mãe de Lori – esfaqueada no estômago por Freddy

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Assassino: Lori Campbell
24 (1): Freddy Krueger – decapitado pelo facão do Jason

O total de vítimas da rave é desconhecido.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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