Pânico a Bordo (2003)

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Pânico a Bordo (2003)
Terror em Mar Aberto
Pânico a Bordo
Original:Cámara oscura / Deadly Cargo
Ano:2003•País:Espanha, México
Direção:Pau Freixas
Roteiro:Héctor Claramunt, Pau Freixas
Produção:Luis de Val, Pedro Doménech
Elenco:Silke, Unax Ugalde, Adrià Collado, Andrés Gertrúdix, Diana Lázaro, Lluís Homar, Juan Fernández, Lluís Soler, Héctor Claramunt, Josep Maria Domènech, Mustafá Jawara

Logo na primeira cena do longa Pânico a Bordo (Cámara Oscura, Espanha/México, 2003), há um simpático garotinho numa praia lavando alguns acessórios de mergulho, vestindo uma camisa da seleção brasileira de futebol, mais precisamente do ex-craque de futebol Rivaldo. Apesar da pouca idade, Drui é o guia de expedições submarinas da Costa do Marfim e está se preparando para conduzir um novo grupo a uma aventura marítima. Não é de falar muito, mas é o personagem do filme que estabelece o contato mais íntimo com o espectador, a ponto de nos preocuparmos realmente com sua vida, no pesadelo que está prestes a começar.

Além do jovem africano, o grupo é composto pelos seguintes desconhecidos: a bela Sara (Silke, de A Hora Negra), jornalista e fotógrafa – que aparecerá nua em menos de 5 minutos de filme -, o casal Victor (Adrià Collado, de KM 31: Kilómetro 31) e sua esposa grávida Thais (Diana Lázaro, de Grupo 7), e os amigos Ivan (Unax Ugalde, o Johnathan Harker de Drácula 3D) e Edgar (Andrés Gertrudix, de O Orfanato).

Assim que o barco avança para o mar aberto, observando de longe a despedida da costa, rumo ao desconhecido, é interessante fazer um certo esforço para se sentir dentro da embarcação, não procurando informações a respeito do enredo e nem lendo nenhuma sinopse detalhada (o próprio texto de divulgação da distribuidora permite isso), o que pode tornar a sua ignorância um processo bem divertido de apreciação. Seria um filme ao estilo Navio Fantasma, com visões do Além e tesouro escondido?; seria algo no estilo Vírus, com uma força extraterrestre dominando um navio sofisticado?

Pausa para uma observação: obviamente, nenhum detalhe será apresentado para evitar comprometer o resultado final, mas, é importante chamar a atenção para os quinze minutos iniciais, quando você acreditará estar diante do filme mais assustador dos últimos tempos.

Pânico a Bordo (2003) (2)

Quando o barco pára no oceano abandonado, alguns decidem mergulhar, enquanto outros aproveitam para observar a natureza. De repente, um estranho corpo aparece boiando bem próximo dali. Os sinais indicam um crime: alguém torturou o rapaz e cortou sua garganta com uma navalha, antes de atirá-lo aos peixes carnívoros.

Assustados, acidentalmente alguém dispara uma arma de alerta e incendeia a embarcação, obrigando-os a pular na água ameaçadora. Nessa sequência, há uma referência a Mar Aberto, com o grupo perdido no oceano, boiando com suas próprias malas e equipamentos, sem saber se serão resgatados ou servirão de alimento para algum animal. Horas depois, um enorme navio se aproxima. Poderia ser a salvação, se a cena que eles irão observar ali não for o suficiente para impedir qualquer sensação de alívio. É difícil evitar a insegurança e um certo tremor na espinha, quando a pergunta vier à tona: não seria melhor ficar no mar, mesmo sem a menor esperança de salvação?

Antes de Pânico a Bordo, o diretor Pau Freixas só havia feito produções sem muito destaque, principalmente através de trabalhos para a televisão, algo que continuaria nos anos seguintes, com episódios de séries conhecidas na Espanha. Ainda que seu currículo não esteja próximo de outros nomes europeus, ele soube conduzir o filme de maneira correta, sem exageros, trabalhando sutilmente a expectativa e o horror psicológico, deixando de lado efeitos mirabolantes, monstros ou sangue em demasia. É basicamente um exercício de tortura aos ansiosos. Repare como ele trabalha a câmera subjetiva nas cenas em que os personagens estão à mercê das ondas, num contraponto aos momentos de perseguição e suspense dos últimos atos.

Apesar dos acertos do começo do filme, a narrativa perde todo o efeito na segunda metade, quando o sentimento de decepção é inevitável. Espremendo a trama, nota-se um ar de mal-entendido, um julgamento incorreto, quase que uma picaretagem do diretor/roteirista. Mas ainda assim Pânico a Bordo consegue se tornar um passatempo apreciável, mesmo que algumas falhas fiquem evidentes e a nota do IMDB não seja convidativa.

Curiosamente, o longa foi exibido com sucesso na abertura do Festival Internacional de Cinema da Catalunha, de 2003, conhecido como Sitges. Em 2004, quem esteve por lá foi A Sétima Vítima, de Jaume Balagueró, antes do surgimento de Rec.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

2 thoughts on “Pânico a Bordo (2003)

  • 02/07/2013 em 21:08
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    Filme interessante. Tenso. Bem feito. Gostei

    Resposta
  • 29/04/2013 em 22:41
    Permalink

    parece no mínimo bonzinho.

    Resposta

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