Perfume: A História de um Assassino
Original: Perfume: The Story of a Murderer
Ano:2006•País:Alemanha, França, Espanha Direção:Tom Tykwer Roteiro:Andrew Birkin, Tom Tykwer, Bernd Eichinger Produção:Bernd Eichinger Elenco:Ben Whishaw, Francesc Albiol, Dustin Hoffman, Alan Rickman, Rachel Hurd-Wood, Andrés Herrera, Simon Chandler, David Calder |
“Bem vindo a um mundo de paixão e assassinato.”
Em 1738, o lugar mais fétido do planeta era o mercado de peixes de Paris, a maior cidade da Europa. Um fedor inconcebível para os tempos modernos. Era a quinta vez que a vendedora de peixes dava a luz em sua barraca. O recém nascido, quase morto, seria jogado ao lixo, em meio às tripas e peixes podres, assim como os outros. Mas Jean-Baptiste Grenouille decidiu que seu destino seria diferente. O primeiro som que saiu de sua boca conduziu sua mãe a forca.
Jean-Baptiste Grenouille se tornou um dos homens mais geniais e notórios de seu tempo. Sobreviveu a uma infância de maus-tratos num orfanato, trabalhou como escravo num curtume até tornar-se aprendiz do famoso perfumista Baldini. Entretanto, Grenouille não era um ser humano comum. Ele possuía o dom extraordinário de identificar o odor de todas as coisas; habilidade que lhe permitiu, em pouco tempo, superar seu mestre na arte de misturar essências. Mas a obsessão em eternizar todos os aromas e manipular o perfume perfeito arrastou o perfumista à uma realidade que fugia ao controle da razão, transformando sua vida numa história de loucura e horror.
O escritor alemão Patrick Süskind conseguiu imprimir nas páginas de seu best-seller um universo repleto de odores, fazendo com que o leitor mergulhasse numa dimensão alternativa e vivesse através do olfato de Jean-Baptiste. O Perfume – A História de um Assassino (1985) é considerado por muitos leitores e críticos uma obra-prima da literatura mundial contemporânea, sendo traduzido para mais de 37 países e vendido mais de 30 milhões de exemplares.
A inevitável adaptação cinematográfica já havia sido anunciada várias vezes e diversos diretores de peso tiveram seus nomes ligados ao projeto, entre eles Tim Burton e Ridley Scott. Até mesmo Stanley Kubrick esteve envolvido no projeto, mas desistiu afirmando que a obra era infilmável. O produtor alemão Bernd Eichinger (de A Queda – As Últimas Horas de Hitler) negociou com o autor Patrick Süskind durante anos os direitos pela adaptação. O entendimento aconteceu apenas em 2001, num valor aproximado de 10 milhões de Euros. A direção acabou nas mãos do também alemão Tom Tykwer, do pop-cultuado Corra Lola Corra (Lola Rennt, 1998).
Esboçava-se então a produção de maior orçamento a ser realizado pelo cinema alemão (algo em torno de 50 milhões de Euros). A tarefa não era das mais fáceis. A própria transposição do texto literário para a linguagem audiovisual já se constituía um grande obstáculo. Fora a fidelidade à obra original, era necessário definir um foco para a adaptação: poderia ser um drama, um thriller ou mesmo um suspense. A escolha mais sensata e menos arriscada foi a mistura quase homogênea entre o drama e o suspense. O roteiro, muito bem redigido por Andrew Birkin, Bernd Eichinger e o próprio Tom Tykwer, converge para as ações e os sentimentos da personagem central Jean-Baptiste Grenouille, quase como uma obra biográfica.
Em Perfume – A História de um Assassino, as cenas de violência não são estilizadas ou ressaltadas, elas acontecem naturalmente, assim como os assassinatos são naturais ao propósito de Jean-Baptiste, um homem solitário e incompreendido, que enxerga o mundo através aromas. Existe ainda uma grande ironia na vida do nosso anti-herói (o enredo não o define exatamente como vilão): mesmo podendo sentir e distinguir cheiros a quilômetros de distância, seu corpo não exala nenhum odor. Ainda criança, é esta ausência de cheiro que o faz refletir sobre a falta de sentido em sua vida e futuramente o move em busca dos seus objetivos.
O protagonista é interpretado brilhantemente pelo novato Ben Wishaw (o Keith Richards de Stoned – A História Secreta dos Rolling Stones). Pouco conhecido, mas talentoso, Wishaw consegue dar profundidade ao silencioso e misterioso personagem central, sem exagerar ou torná-lo artificial. Ao elenco unem-se ainda veteranos de renome como Dustin Hoffman (Sob o Domínio do Medo) e Alan Rickman (o professor Severus Snape da série Harry Potter). John Hurt (O Homem Elefante) empresta sua voz à narração poética e enfática da trama.
A bela trilha musical, cuja sonoridade e arranjos harmônicos ajustam-se perfeitamente ao cenário, foi composta pelos parceiros Reinhold Heil e Johnny Klimek (responsáveis pela trilha Terra dos Mortos, de George Romero). E Se a direção competente de Tom Tykwer, na maioria das vezes não se mostra inovadora, a qualidade plástica da fotografia de Frank Griebe confere a Perfume um tom a mais na grandiosidade do resultado final. Um filme sombrio, de beleza ímpar, refinada e sensível.
Eu daria 5 estrelas filmaço!
Há muito tempo venho tentando entender o porquê do desenrolar da história desse filme, qual o real motivo por trás desse brilhante trailer, que estranhamente me atrai tanto ( já perdi as contas de quantas vezes vi e li o livro), e depois de muito leitura extra, consegui chegar a algumas conclusões, conclusões essas que vou discorrer no texto abaixo.
Minha análise se baseia na abordagem da psicologia psicanalítica, não tenho a audácia de dizer verdades absolutas sobre o filme, é só uma análise pessoal de um fã, que encontrou fundamentos da psicologia nesse enredo.
De início, é importante falar sobre o título do filme “O Perfume – A história de um assassino”, não necessariamente da segunda parte, que a meu ver, não passa de um jogo midiático pra atrair público, mas sim do nome “O perfume”, que como no filme mesmo fala, nos remete ao que a mais de refinado na psique humana, tem a ver com nosso lado mais intimo, nosso lado intocado, afinal, todos nós temos um perfume único, uma identidade que nos define como seres únicos e especiais, alias, esse ponto foi muito bem expresso no filme, que mostra bem como é a visão de mundo de Jean Baptiste Grenouille, onde as pessoas, as coisas, o mundo no geral é visto em formas de odores, sejam eles bons ou ruins (talvez uma alusão ao nosso lado bom, moralmente aceito, e nosso lado sombrio, negado por ser nocivo aos preceitos sociais).
Nesse ponto é necessário fazer alusão a alguns conceitos Freudianos, alguns mais básicos são:
Id: nosso inconsciente, ou seja, tudo eu somos de fato, nossos desejos mais primitivos, nossas vontades que são muitas vezes negadas devido a forte pressão social, que nos impõe formas padrões de agir, de falar, de nos vestir, etc.
Ego: é nossa parte consciente, como olhamos o mundo, como acreditamos viver ele, de forma simples, seria a parte da nossa personalidade que temos controle, a parte que nos define como pessoas, como participantes de um todo social.
Superego: É todo o valor social que nos é atribuído, ou seja, tudo aquilo que precisamos seguir para ficarmos dentro das normas, um exemplo disso é a repressão que se tem a assuntos como sexo, violência, etc. O superego funciona como uma estrutura que suprime os desejos do id em nome de uma boa convivência com o outro.
Pois bem, depois dessa breve explicação, voltemos ao filme, pois ao pelo que pude perceber, a personagem principal, nada mais é que uma representação do id, uma forma simbólica de representar o que a de mais intimo em nossa mente, aquilo que reprimimos devido aos padrões sociais intrusivos e imperativos, tanto se nota esse fato, que nas cenas finais do filme, Grenouille (id), faz com que as pessoas se libertem de suas prisões morais, e participem de uma cena sexual conjunta( a cena da orgia em praça pública), onde até membros da igreja se deixam levar por seus desejos mais íntimos, sem medo de serem repreendidos pelos padrões sociais(superego).
Dissecando Jean Baptiste Grenouille
Agora, em relação à personagem principal dessa história, é preciso olhar mais profundamente, pois além da analise já feita, que Grenouille seria uma forma de simbolizar o id, ou seja, nossos desejos íntimos reprimidos, existe uma possibilidade de estudar a própria história dele, desde seu nascimento, até o momento de sua morte.
Para inicio, é preciso observar, que Grenouille cresceu em ambientes completamente ausentes de afetividade, a única imagem parental que ele teve durante sua vida, foi da dona do orfanato, que o tratava como um meio de vida, assim como os demais meninos que moravam com ele, amontoados em um lugar completamente sujo e desumano. Além dela, todas as pessoas que de certa forma participaram da vida de Grenouille foram pessoas abusivas que queriam apenas se beneficiar das qualidades que ele mostrava ter( bom empregado, fonte de renda, perfumista exímio), ou seja, ele cresceu tendo a ideia de que as pessoas eram incapazes de se aproximar dele sem nenhum interesse, que senão explora-lo até que se esgotassem suas forças. Juntando a esse quadro de ausência total de afetividade, exploração, e abusos físicos e mentais, tem o fato dele ser possuidor de um dom especial, o olfato apurado, dom esse que fez com que ele se convencesse que deveria ser um perfumista, e mais, que poderia fazer o melhor perfume do mundo.
Em relação ao perfume em si, a ideia dele montar o perfume perfeito, seria uma forma de projetar a necessidade básica de afetividade, necessidade essa que ele foi privado, ou seja, ao querer fazer o perfume perfeito, ele no fundo queria reaver o carinho que nunca teve, Jean Baptiste foi guiado por uma neurose, neurose essa que fez com que ele se confundisse com seu dom, achando que deveria usa-lo para algo completamente deturpado.
Ele escolhia apenas virgens, escolha essa que mostra como ele tinha problemas de natureza afetiva e sexual, pois ao escolher apenas moças virgens, ele primava por uma pureza hipotética, essa imagem de pureza provavelmente foi criada devido a história dele, por ele não ter tido nenhum contato afetivo e sexual com alguma garota.
No final do filme quando acontece a cena onde ele vai ser torturado por seu algoz em praça pública, e ocorre o contrário, ele é visto como um anjo, fazendo as pessoas regozijarem-se de prazer e explosão sexual, é visível o momento em que ele pode por fim se encontrar com ele próprio, ele depois de ter feito o perfume perfeito, ter conquistado o amor de todos, viu que ele próprio era vazio por dentro, ele próprio carregava um problema, um abandono que o perseguia, independente do que ele fizesse, essa cena eu considero a mais bonita, pois mostra a fragilidade que ele tanto suprimiu. Nessa mesma cena enquanto ele olha as pessoas se amando, recorda da primeira moça que ele matou, imaginando ter relação sexual com ela, mas logo depois vem à mente a imagem dela morta, ou seja, ele se da conta que nunca conseguiu em toda sua vida receber carinho, ou se ligar afetivamente com ninguém, isso o devasta de tal forma, que nos momentos finais do filme é levado quase que inconscientemente ao seu lugar de nascimento, e ali comete o ato mais corajoso de sua vida, se encontra com ele próprio, com seu vazio interior. O que é bonito no filme é como ele explora isso de uma forma completamente brilhante, pois para ele se afundar em si, é preciso despejar sobre ele todo o amor que ele um dia achou que havia conseguido juntar, em sua busca cega por um alto conhecimento falho, enquanto ele é comido vivo, finalmente consegue voltar-se para ele próprio, num ato de suicídio, ele finalmente consegue descansar em paz.
Hipótese II
Continuando meu artigo sobre a análise da obra “O Perfume, a história de um assassino”, depois de ler o livro que deu origem ao filme, e observando mais detalhadamente a história, pude chegar em mais algumas conclusões, que são:
É possível perceber que a personagem Grennouille se enquadra perfeitamente num quadro psicótico, pois fantasia devido a seu dom olfativo, ser o maior perfumista do mundo, e busca a todo custo criar um perfume perfeito, talvez pra compensar sua imperfeição natural ( não possuir cheiro), mas a questão é, ele possui uma capacidade fisiológica visível ( um olfato apurado), e no momento em que mata friamente a primeira jovem virgem ( mostrando sinais de psicopatia), tem a noção da sua meta de vida, que é criar um perfume ideal, algo divino. Percebe-se que Grennouille não soube diferenciar a imaginação da vida real(traço característico da psicose), logo, passou seu devaneio mental de ser um rei onipotente em um mundo de odores, para o mundo real, no momento em que busca fazer o perfume, a partir das moças assassinadas. E de fato consegue transferir sua alucinação de reinado olfativo para o mundo real, na cena final em que todas as pessoas se amontoam para ter por um instante um fragmento de fragrância do perfume que Grennouille confecciona.
Como o próprio crítico colocou, é um filma “sombrio, de beleza impar, refinada e sensível”. A estória transcorre com uma narrativa fascinante. Eu diria que esse filme é: 20% de diálogos, 40% de trilha sonora e 40% de narração. Tudo isso envolto em 100% de imagem e fotografia.
Um espetáculo, com certeza um dos melhores filmes que já tive o prazer de assistir. Muito fiel ao livro. Uma observação que me parece, ninguém perceber, é que o protagonista tem problemas mentais. Ele só consegue falar aos cinco anos e foi criado completamente desprovido de carinho e amor. Ele consegue extrair o feromônio, das mulheres que assassina. Como a própria narrativa, diz; ele tinha um dom extraordinário. Percebemos que todo aquele dom nato, foi jogado fora pela condição do sistema em que ele foi criado. “Como uma bactéria”, ele sobreviveu. É o que nos diz, a narração.
Parabéns pela crítica. Maravilhosa!
Não gostei! Poético? Um serial Killer. O pior filme que já vi! Pra piorar mataram um inocente. Não recomendo.
Pensei que só eu tinha achado uma bosta. Kkk realmente, embelezar um serial killer é o fim!
É um filme surpreendente e merece ser visto.
Temos um personagem amoral e que se guia unicamente pelo seu olfato. Tem-se roteiro, atuações, fotografia e figurino impecáveis.
Ótimo filme e está recomendado!!
me surpreendi com esse filme,muito legal.