O Estripador de Las Vegas (2004)

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Muita Estrela pra Pouca Constelação
Muitas Estrelas  e nenhuma constelação!

O Estripador de Las Vegas
Original:Murder-Set-Pieces
Ano:2004•País:EUA
Direção:Nick Palumbo
Roteiro:Nick Palumbo
Produção:Nick Palumbo
Elenco:Sven Garrett, Cerina Vincent, Tony Todd, Gunnar Hansen, Edwin Neal, Jade Risser, Valerie Baber, Destiny St. Claire, Maria Keough, Renee Sloan, Lauren PalacAndrea Mitchell

Dois dos maiores defeitos que um ser humano pode contrair são a pretensão e a presunção – a tentativa às vezes desesperada de se fazer notar e ser notado somado com a certeza de que isto está realmente acontecendo. Falhas normalmente atribuídas a socialites, celebridades instantâneas e herdeiras entediadas. Nessa linha, um pretenso diretor e roteirista underground chamado Nick Palumbo começou sua cruzada solitária por uma luz nos holofotes do estrelato, no panteão dos filmes controversos por sua violência desmedida, e presumiu que estava realizando a última Coca-cola gelada do deserto em matéria de gore e horror extremo.

A estreia de Palumbo no mundo do cinema foi em 2000 com o filme Nutbag, a história de um maluco psicótico que assassina indiscriminadamente todos os que o encontra na cidade de Las Vegas. Como muitos indies descartáveis por aí, Nutbag é tão undergroud que permaneceu debaixo da terra, fora da vista do grande público.

Eis que alguns anos depois, mais especificamente em 2004, o diretor metido a marketeiro realiza Murder-Set-Pieces – lançado em DVD no mercado nacional pouco tempo atrás pela Ocean Pictures com o título O Estripador de Las Vegas – que vejam só, é a história de um neonazista psicótico que assassina todos os que encontra na cidade de Las Vegas!!

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E o pior da conversa é que Palumbo sem freios na língua classificou sua película no site oficial como “o mais controverso da história“! Vocês não leram errado, não é “do ano” ou “da década“, é o “da HISTÓRIA“… Fico imaginando Palumbo numa roda de amigos e potenciais investidores dizendo: “Caras, vocês vão se impressionar, Cannibal Holocaust é Legalmente Loira perto do que eu estou fazendo…”. Hahahaha… E ainda com a pachorra de declarar que este seria o filme de terror pelo qual todos os próximos seriam comparados! Modesto o rapaz, não?

Enfim, com esta avacalhação antecipada, vocês já devem estar pensando que o filme é uma imensa porcaria. E é mesmo! O que eu não entendo – e este é um dos principais motivos pra relevar a produção a ponto de escrever sobre ela – é como um projeto tranqueira como esse tenha conseguido atrair participações pequenas, mas especialíssimas, de Gunnar Hansen, Edwin Neal (ambos eternizados pelo O Massacre da Serra Elétrica), Tony Todd (Candyman) e Cerina Vincent (Cabana do Inferno).

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Certamente a capacidade de lábia de Nick Palumbo é deveras maior que o seu talento como diretor. Pelo menos Murder-Set-Pieces acabou fazendo seu diretor abaixar um pouco seu topete e maneirar nas declarações sobre seus dois filmes engatilhados para lançamento futuro: Corpse e The Last Gas Station, ambos a serem lançados em meados de 2011.

A premissa que eu descrevi acima é mais do que suficiente para entender a história, porém vou tentar me aprofundar um pouco mais nos próximos parágrafos: Sven Garrett interpreta um fotógrafo alemão neonazista que vive na cidade de Las Vegas. Violento e deslocado da realidade, o fotógrafo possui um passado de mãe prostituta, conflitos familiares, traumas e outras besteiras.

Apesar de ser um sujeito agressivo e dar uma de “Dexter” nas horas vagas matando prostitutas a sangue frio, consegue manter um relacionamento relativamente estável com a esquisita Charlotte (Valerie Baber) – que parece ser tão retardada quanto ele. Mas a pequena filha dela, Jade (Jade Risser), não cai na lábia do fotógrafo e acha que ele esconde alguma coisa.

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Então a garotinha começa a segui-lo e investigar por conta própria, eventualmente descobre os segredos do maníaco (que não faz muito esforço para esconder a sujeira que faz, diga-se de passagem) e passa a correr um enorme risco de morte, que seria apenas mais uma para o currículo do fotógrafo. Pesadelos recorrentes do protagonista e cenas de Garret levantando peso são o máximo que o roteiro vai te mostrar além do que já foi dito.

Pessoas morrem a torto e a direito na produção e por conta do tédio eu não tive saco suficiente pra numerar, mas alguém no IMDB contou e registrou que nada menos do que 30 vitimas padecem ao longo dos 91 minutos da versão “director’s cut” lançada no Brasil (gastando um total estimado de 55 galões de sangue falso), ou seja, na média uma morte é mostrada a cada 90 segundos – e convenhamos, se quisesse ver só tripas e sangue fluindo sem entretenimento agregado iria até um açougue.

Levando em consideração que a maioria das mortes exibe atos sexuais e falsos requintes de crueldade, sobra uma fagulha de tempo para desenvolver a história ainda que ela fosse genial. E como já vimos que não é, as situações parecem totalmente soltas no ar, pescando diferentes linhas de raciocínio a cada cena calma, explorando a paciência do espectador a níveis inimagináveis.

De maneira que as velozes pontas especiais são encaixadas em qualquer contexto sem muito critério, como por exemplo o papel do mecânico nazista interpretado pelo eterno Leatherface, Gunnar Hansen, que aparece em cena por quarenta segundos só pra vender uma arma para o vilão… Ou Edwin Neal como um homem que dá carona para a irmã da mocinha e *puff* some no ar. Pelo menos a participação de Tony Todd como o balconista de uma locadora de pornografia (onde o diretor aproveita para fazer uma autopropaganda e referenciar seu filme Nutbag) é um pouco mais relevante para a trama, contudo isto não significa muita coisa.

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A violência, o quesito que Nick Palumbo tanto fez questão de alardear, é tão corriqueira e trivial que se torna caricata. É bem feita (créditos para a equipe de Jerami Cruise e sua empresa ToeTag responsável pelos efeitos da nauseante trilogia August Underground) e pode até impressionar no início, todavia nem todos os galões de sangue falso do mundo conseguem causar impacto no espectador quando não são calçados em uma atmosfera minimamente opressiva e perturbadora, mesmo que mostre violência contra crianças e estupros bem gráficos. A falta de sagacidade e perícia do diretor é evidente nestes momentos, prejudicado ainda mais com a escolha de um protagonista tão fraco quanto Sven Garrett.

O personagem é absolutamente raso apesar da tamanha importância na trama, a exceção de alguns flashbacks inconclusivos muito pouco sabemos sobre o passado do fotógrafo, e o Sven é tão “uma nota só” que o ranger de dentes do público acontece por raiva, não por medo. Os demais, excetuando as participações especiais, é o típico elenco amador padrão – sem destaque, tampouco expressão – sofrendo com a péssima qualidade do desenvolvimento sugerido pelo roteiro, para não dizer que quase todas as vitimas do maníaco sequer têm nome.

De bom, apenas o carro estiloso do antagonista, a bela paisagem do estado de Nevada, uma quantidade enorme e gratuita de mulher pelada e a certa ousadia (ou o máximo de “controvérsia” que você vai ver) em deixar que a “garota final” não tenha mais de 12 anos, contudo nada que justifique qualquer relevância para compra ou locação.

Portanto fica a recomendação: Se você se impressiona com galões de sangue falso lambuzando mulheres peitudas, é uma excelente pedida. Agora se você acha que cinema é um pouco mais do que isso e que um filme para ser aceitável precisa ter um mínimo de história, direção ou divertimento, passe a borracha em O Estripador de Las Vegas e deixe sua curiosidade mórbida te levar para o novo filme de Uwe Boll ou da Asylum.

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

4 thoughts on “O Estripador de Las Vegas (2004)

  • 19/03/2015 em 03:22
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    O Estripador de Las Vegas é um lixo!!!! Apelativo,nojento,etc.etc. Recomendo p/ sádicos e idiotas que não conhecem cinema.

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  • 26/11/2014 em 22:19
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    Este filme é lixo puro. O ator principal é a pior coisa que eu já vi em atuação, caricato, exagerado, dá ódio dele. Parece que você está assistindo cenas que nada tem a ver uma com a outra. não mostra como ele domina a vítima, simplesmente a cada 3 0u 4 minutos aparece uma vítima nova e nem se sabe direito se é outra ou a mesma ainda.Assisti até o final, mas levei 5 horas para ver por inteiro. Assistia 15 minutos e saia para fazer outra coisa. Só assista se não tiver outra opção.

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  • 22/07/2013 em 14:46
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    Eu tenho este filme e o engraçado é que depois de uns 05 minutos vendo este filme, já estamos desistindo de vê-lo. Nunca consegui assistí-lo sem o recurso de aceleração do dvd.

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  • 22/07/2013 em 14:33
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    esse filme é uma merda mesmo,adoro filmes de gore,mas que tenham qualidade,coisa que esse aqui não tem,sem falar que é exagerado demais,e a fotografia é horrorosa. fujam para as colinas

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