4.6
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Sem Saída (2008)

Sem Saída
Original:Eden Lake
Ano:2008•País:UK
Direção:James Watkins
Roteiro:James Watkins
Produção:Christian Colson, Richard Holmes
Elenco:Kelly Reilly, Michael Fassbender, Tara Ellis, Jack O'Connell, Finn Atkins, Jumayn Hunter, Thomas Turgoose, James Burrows, Tom Gill, Lorraine BruceShaun Dooley, Bronson Webb

Eles são apenas crianças!” – essa é a justificativa de muitas pessoas que são contra a redução da maioridade penal, imaginando que os jovens assassinos são imaturos e facilmente influenciáveis. Na posição de testemunhas, estão as famílias que perderam parentes, vítimas de assassinatos cometidos por menores, e os criminosos que utilizam os pequenos como ferramenta de seus atos já sabendo que eles irão apenas para instituições de reeducação. A questão vem sempre em pauta quando acontecem episódios de violência, sem grandes mudanças nas leis, e, juntamente com a ficção, acabam servindo de mote para discussões em sala de aula. Há bons exemplares no mercado de vídeo mundial como o francês Eles (Ils, 2006), de David Moreau e Xavier Palud; o agonizante The Girl Next Door (2007), de Gregory Wilson, baseado num romance de Jack Ketchum, inspirado em fatos reais; e o sensacional Eden Lake, de James Watkins, lançado em 2008.

Talvez pela minha experiência como professor, o filme tenha uma carga emotiva mais intensa, mas é improvável que qualquer espectador não se sinta incomodado durante seus 91 minutos. Não é de estranhar que o longa tenha recebido boas críticas, mesmo quando algumas apontam os clichês que consomem a primeira parte da produção. Aqueles que não gostaram do trabalho de Watkins disseram que o roteiro é tendencioso por apresentar como culpados os pais, generalizando as atitudes dos que vivem no interior das pequenas cidades inglesas, embora não deixem de qualificá-lo pelas cenas de tensão e suspense. Fica a critério de cada um identificar as influências negativas que conduziram um grupo de adolescentes a cometer uma violência exagerada contra um casal apaixonado, ou simplesmente assisti-lo como um thriller fantástico, sem antecipar julgamentos.

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Sem Saída traz uma professora de educação infantil, Jenny (Kelly Reilly), e seu namorado Steve (Michael Fassbender), num momento de descontração particular num piquenique à beira do belo lago inglês Eden. Apesar das situações não serem favoráveis – o lugar fechado, as pessoas da região parecerem pouco amistosas – eles resolvem acampar assim mesmo, enquanto notam nas proximidades uma pequena gangue de adolescentes farreando com seu cão Bonnie – se imaginassem o porquê desse nome provavelmente iram antecipar uma terrível surpresa. Uma noite tranquila, com alguns sons estranhos nas redondezas, mas nada que atrapalhe a diversão até o dia seguinte, quando os alimentos estão infestados de insetos e o cachorro começa a incomodar.

Ao sair para o café da manhã num restaurante, mais pistas antecipam os problemas futuros: o pneu do carro foi furado por um vidro da garrafa de cerveja que os jovens consumiam. Steve resolve reportar aos pais dos garotos, mas já nota o estilo agressivo do pai, obrigando-o a fugir pela janela do quarto antes de ser notado. Ainda assim, o casal volta ao lago para aproveitar outros momentos a sós, tendo mais dores de cabeça com o sumiço da chave do carro e o veículo na posse dos garotos. A tensão aumenta quando Steve encontra os jovens num acampamento e, durante uma discussão e início de briga, mata acidentalmente o cachorro. Assim, o pesadelo se desenvolve, com perseguições pela mata, sequências de torturas e agressões, desespero e a transformação de todos os envolvidos em selvagens e assassinos frios.

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Se o roteiro de Watkins é previsível na primeira metade, com a repetição de cenas já vistas em inúmeras produções do estilo, não se pode dizer o mesmo da segunda parte, quando o horror se torna sinônimo de sofrimento numa luta desumana pela mata densa. O autor mostra que nem todos ali são ruins, apenas jovens influenciados negativamente pelo líder da gangue, Brett (Jack O’Connell), que pede que a única garota do grupo filme as facadas e os ferimentos como forma de incluir todos os presentes no crime. É ele que conduz o tímido Adam (James Gandhi) a atitudes ruins para inseri-lo na tribo, fato comum na no meio juvenil, porém torna-se mais uma vítima quando o pai entra em cena para comprovar sua natureza problemática.

Todo o Inferno não seria tão convincente se não fosse a boa atuação e a química do casal de protagonistas. Kelly Reilly (Sherlock Holmes, 2009) transforma uma professora de educação infantil numa assassina de crianças, deixando de lado, aos poucos, toda a sua humanidade. São impressionantes suas impressões de horror no último ato, numa face suja de sangue, fezes e restos de cadáveres de animais, com a antecipação do que irá acontecer dali pra frente. Michael Fassbender (Prometheus, 2012) age com precisão ao desenvolver um rapaz apaixonado, que planejou o passeio pensando em pedir sua namorada em casamento, capaz de fazer o que for preciso para manter sua palavra. A dupla conquista o público, levando-o a momentos de angústia e sofrimento e à torcida de que tudo aquilo acabe logo, da melhor forma possível.

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Perturbando mais pelo implícito do que pelo exagero, ainda assim Sem Saída não é um filme fácil de se assistir, tanto que levei um bom tempo para adquirir coragem para revê-lo e escrever estas linhas. Diferente de produções fantásticas, com monstros e fantasmas, aqui o horror é próximo do real, do que se vê nos jornais todos os dias. Basta acompanhar os telejornais para saber que os clichês da produção não são apenas por reapresentar cenas já vistas em outros filmes, mas por se aproximar de uma realidade crua. Qualquer semelhança com o que já foi testemunhado antes nem sempre é mera coincidência!

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24 Comentários

  1. Fiquei com muita raiva na primeira vez que assisti, mas depois concluí que essa é a realidade nua e crua. Me lembrou perfeitamente o caso Champinha aqui no Brasil. Claro q o nosso psicopata teve o que mereceu, mas sabemos que não são todos que terminam assim e o filme enfia isso na nossa goela de forma explendida.

  2. Eu curto finais pessimistas no geral, principalmente em filmes de drama, mas confesso que neste caso fiquei com um nó na garganta quando o filme acabou, é algo que incomoda, (me lembro de ter sentido isso em Wolf Creek) não tem como não torcer por ela, esse filme é excelente, os ingleses geralmente atuam muito bem.

  3. Sempre gostei de filmes assim ! Digo : Floresta , perseguição e tudo mais… Tenho esse filme em Dvd e recomendo .

  4. Me deixou triste demais o final. Triste demais… Nunca torci tanto por uma mocinha.

  5. Realmente o filme deixa-nos sem fôlego e com uma expectativa imensa para o “final feliz”. Mas, o final, infelizmente, coloca os nossos pés no chão.

    1. Avatar photo

      Não tem continuação, Viviane, e nem previsão de uma sequência para o futuro.

  6. O filme tava legal mais a o final foi simplesmente uma bela bosta a la O Nevoeiro e a Chave Mestra.

  7. Nota 10. Porque trata de um dos principais problemas da atualidade, na maioria dos países, ricos e pobres onde a noção de espaço público se esvazia cada vez mais. Gangues de jovens britânicos que sentem prazer em torturar psíquica e fisicamente quem age com polidez? Isto não é novidade, mas assusta saber que o fenômeno cresce como cogumelos após um período de chuvas. Mas, talvez, o mais tenebroso de tudo seja perceber que já reconhecemos esta situação e a vemos com normalidade. Sabe… Acredito muito em condicionamento, uma palavra mais seca para o que alguns chamam de educação. Fica evidente desde o início do filme, a falta que faz uma boa e rígida educação que condicione o infante para regras de convivência em um espaço público. Leis funcionam quando são acatadas, de preferência inconscientemente, pela sociedade. Se, ao contrário, temos uma grande soma de leis que se sobrepõem, estamos dando provas da ineficácia das mais gerais e enxutas porque, justamente, não são acatadas pela cultura hegemônica e hodierna. É fácil criticar qualquer proposta educacional efetiva, como a feita no Reino Unido, alguns anos atrás, propondo a punição (processo) dos pais pelo mau comportamento dos filhos. Mas, quando é recorrente significa que nenhuma medida sancionadora foi adotada em casa. Se os pais não aceitem que a escola puna seus filhos, então devem arcar com a total responsabilidade de educá-los, o que inclui assumir um contrato com o poder público, no sentido de se responsabilizar pelos atos de seus filhos. Quem acha exagero é porque não conhece (e, provavelmente, não se interessa) a realidade brutal de indisciplina, desprezo e humilhação à condição humana nestes antros chamados de ‘escolas’. O filme mostra uma realidade brutal que só é pior do que a imaginada em um Laranja Mecânica porque neste, ao menos, se tratava de uma ficção.

  8. Filme EXCELENTE! O engraçado é que fiquei os últimos 15 minutos do filme totalmente apreensivo esperando que algo de bom acontecesse. Nunca torci tanto pra um protagonista, sem contar que é impossível não se apegar à Jenny.

    1. Eu só pensava,oh no final isto era só um pesadelo…Infelizmente não foi.Havia cenas que pensei mesmo em passar à frente e só via os minutos que faltava para acabar.já começava a ser difícil de ver.Ainda por cima eu tinha a ideia que ia ver um filme banal sem nada de novo,mas enganei-me.

  9. o filme e otimo, mas o.final e mesmo um soco bem dado no estomago.

  10. JÁ GOSTO DE FILMES DE CRIANÇAS ASSASSINAS , FIQUEI COM MAIS VONTADE DE ASSISTIR O FILME..

  11. Uma grata surpresa. Pelo trailer eu já esperava coisa boa, mas o filme ainda conseguiu me surpreender; é incrível! Um daqueles q ficam com vc mesmo depois q se desliga a televisão. Marcelo, vc esqueceu só de citar como o final é perturbador; sem spoliers, é um soco no estômago.

  12. muito bom,não esperava nada quando o assisti pela primeira vez,me surpreendi.

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