True Detective – 1ª Temporada (2014)

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True Detective (2014)

True Detective
Original:True Detective
Ano:2014•País:EUA
Direção:Cary Fukunaga
Roteiro:Nic Pizzolatto
Produção:Carol Cuddy
Elenco:Matthew McConaughey, Woody Harrelson, Michelle Monaghan, Michael Potts, Tory Kittles, J.D. Evermore, Dana Gourrier, Madison Wolfe, Kevin Dunn, Joe Chrest, Dane Rhodes, Alexandra Daddario

Desde que Tony Soprano invadiu os lares das famílias americanas trazendo requintes cinematográficos e qualidade literária ao desgastado universo das séries de TV, muita coisa mudou nesse universo, atingindo o ápice com Breaking Bad, série que no boca-a-boca se tornou talvez o maior fenômeno televisivo desta década.

O sucesso estrondoso que Breaking Bad atingiu foi sendo construído ao longo de diversas temporadas, formando seu público a partir daqueles que viram na TV ou no seu computador, e passava a informação adiante: “Breaking Bad é foda!”.

True Detective, contudo, deixa a série de Walter White comendo poeira quando se trata de formar um público cativo e fiel, ávido por novos episódios a cada semana que se passava. O sucesso da mais recente série da HBO foi quase instantâneo. Levando em seus três primeiro episódios, o que Breaking Bad levou três temporadas para fazer.

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Muito disso tem a ver com selo de qualidade HBO. Quase sempre saber que uma série de TV foi desenvolvida pelo canal é garantia de que as horas passadas em frente ao televisor serão muito bem recompensadas. Junte a isso a presença de Woody Harrelson (Assassinos por Natureza, Zumbilândia) e Mathew McConaughey (Killer Joe) e às entrevistas dadas pelo criador da série, Nick Pizzolatto (The Killing), onde ele alegava se inspirar em Lovecraft, Alan Moore e Grant Morrison para escrever a série e a expectativa estava plantada.

Mas True Detective é tudo isso?

Contada em forma de flashbacks, a história se desenvolve enquanto os telespectadores são apresentados ao hediondo crime do passado e como isso afetou não só a vida da dupla de detetives formada por Martin Hart (Harrelson) e Rusty Cohle (McConaughey), mas como de todos ao seu redor. Rusty agora é suspeito de um crime muito parecido com aquele de 17 anos atrás. E é durante os interrogatórios dele, e de seu ex-parceiro Martin, que vamos conhecendo a história.

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Até aí, nenhuma novidade, mas True Detective cativa o telespectador pela aura de mistério e pelo prenúncio de um mal maior escondido nos escombros deixados pelo furacão Katrina – a série se passa na Louisiana. Essa aura de mistério e paranoia é apresentada de maneira sublime pela fotografia de Cary Fukunaga, diretor de todos os oito episódios, que tece um pano de fundo excelente para a filosofia melancólica de Rusty, desacreditado da vida e das pessoas por um fatídico acidente do passado e para a sujeira escondida por trás daquele misterioso crime, levantada pouco a pouco pela dupla de detetives.

Para os mais letrados, a série ainda traz inúmeras referências ao livro O Rei de Amarelo de Robert W. Chambers, que foi fonte inspiradora de H.P. Lovecraft e que trata de uma obscura peça de dois atos que enlouquece quem a lê.

Os mitos de Chambers estão presentes na forma do símbolo que aparece diversas vezes ao longo da série, na figura mítica do Rei Amarelo, apontado pela dupla de detetives como o provável assassino, e na presença do misterioso local chamado Carcosa. As referências deixam a série mais saborosa, mas justamente o ponto alto da série é o seu maior defeito.

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True Detective planta em seus três primeiros episódios mais pistas e mistérios do que consegue (ou deseja) solucionar ao longo de sua curta temporada de oito capítulos. O telespectador é bombardeado por nomes de personagens, mais assassinatos do passado, tramas envolvendo políticos e religiosos locais, além das próprias vidas pessoais dos personagens. Mas enquanto esta construção é intensa e detalhada, a partir do quarto episódio, o mistério do assassinato fica em segundo plano, dedicando-se quase a totalidade dos episódios às vidas pessoais dos personagens e a resolução é apressada, atropelada e deslocada.

Uma das melhores partes da série são os diálogos ácidos entre Rusty e Martin. Suas discussões filosóficas sobre vida e morte, religião e humanidade são divertidíssimas. Rusty é um personagem excêntrico e obscuro. Nitidamente descrente. E isso é martelado ao longo de toda a série. Porém, a resolução do seu personagem fica totalmente alheia a tudo isso.

Li em alguma crítica que o nome da série faz referência justamente a isso. A como um verdadeiro detetive luta para manter a sanidade diante dos mais hediondos crimes e ainda assim trazer justiça às vítimas.

Seria uma boa justificativa e eu até concordaria se não fossem as inúmeras pistas plantadas durante a série envolvendo o livro de Chambers, às referências do escritor Pizzolatto dadas em diversas entrevistas à mídia, ao clima claustrofóbico e desesperador que vai aumentando e crescendo a cada episódio esperando-se uma solução terrível, envolvendo forças além da compreensão humana, para aquele misterioso e inexplicável crime.

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Rodrigo Ramos

Designer por formação e apaixonado por HQs e Cinema de Horror desde pequeno. Ao contrário do que parece ele é um sujeito normal... a não ser quando é Lua Cheia. Contato: rodrigoramos@bocadoinferno.com.br

16 thoughts on “True Detective – 1ª Temporada (2014)

  • 11/01/2023 em 14:55
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    Uma das melhores series de todos os tempos.

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  • 19/05/2015 em 14:49
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    É uma série que vale a pena ver, em apenas 8 capítulos chamou a atenção de muitos e tem se posicionado como uma das melhores séries de todos os tempos.

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  • 01/03/2015 em 13:22
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    Sinceramente gostei muito da série. Me ganhou de cara no primeiro episódio, o Rusty é uma personagem extremamente marcante. Vamos ver o que nos aguarda na segunda temporada.

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  • 01/02/2015 em 11:08
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    As perguntas sem respostas não foram o que me incomodaram. De um certo episódio em diante, True Detective tomou um ritmo tão arrastado que se tornou impossível para mim assistir aos episódios sem olhar para o player torcendo para terminarem logo. Uma pena, já que o seriado tem ótimos diálogos e atuações soberbas.

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  • 12/06/2014 em 14:55
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    Parece ser interessante eu vou reservar um tempo para dar uma conferida. Ps: Tretas e confusões no Boca Do Inferno, achei que nunca viria essa palhaçada por aqui!

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  • 17/05/2014 em 19:58
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    a alexandra daddario ta linda nesta serie!!

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  • 17/05/2014 em 15:00
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    Essa série deixou bem claro, ao longo de 8 episódios, que a trama era coadjuvante. Pra mim, o maior plot twist que ela poderia ter feito foi justamente o que fez: não há um plot twist. Essa série sempre foi sobre os detetives que o título menciona. Achei o final (e a série como um todo) genial e memorável, com certeza um dos melhores dramas policias já realizados.

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  • 08/05/2014 em 02:22
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    Foi proposital a serie não responder tudo, ja li em fóruns que rust tem realmente habilidades paranormais parecidas com black de millenium, que ele tem essa propensão ao sacarmos deprecivo e uso de drogas por causa disso

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    • 11/05/2014 em 16:00
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      Não me incomoda o final aberto e as pontas soltas. Me incomoda a mudança de tom e rumo que a série toma depois do quarto episódio que causa o abandono de certas coisas e algumas pontas soltas desnecessárias. Teorias, cada um tem a sua. Os que defendem a série vão formular as mais complexas.

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      • 17/05/2014 em 20:35
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        Rodrigo Ramos, na verdade “os que entendem a série vão formular as mais complexas”. Você acha que entendeu.

        Te aconselho assistir Grimm, The Beauty And The Beast, Supernatural e derivados. Afinal, essa vai te entregar tudo mastigado, é só você engolir.

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        • 22/05/2014 em 20:56
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          Vou assistir alguma destas e formular umas teorias bem complexas. Te mostro como é fácil depois! 😉

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  • 04/05/2014 em 22:06
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    já me recomendarão muito esse seriado,acho que arrumarei um tempo pra assistir ele.

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    • 17/05/2014 em 20:37
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      “já me recomendarAM muito esse seriado”
      Aprenda o tempo dos verbos antes de digitar em áreas públicas.

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      • 17/05/2014 em 21:58
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        errar é humano seu babaca,até vc deve errar de vez em quando,vc pode até escrever melhor que eu mas isso não te dá o direito de me esculachar desse jeito.quem tem direito de falar algo sobre os meus comentários são os donos desse site,mas eles tem educação e vergonha na cara e não são metidos a merda igual a vc.errei e provavelmente errarei outras vezes pois não sou perfeita e nem dona da verdade. então FODA-SE

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