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Mata Baby Mata (1966)

O Ciclo do Pavor/Mata, Baby, Mata
Original:Operazione paura
Ano:1966•País:Itália
Direção:Mario Bava
Roteiro:Romano Migliorini, Roberto Natale
Produção:Luciano Catenacci, Nando Pisani
Elenco:Giacomo Rossi-Stuart, Erika Blanc, Fabienne Dali, Piero Lulli, Luciano Catenacci, Micaela Esdra, Franca Dominici, Giuseppe Addobbati, Mirella Pamphili, Giovanna Galletti

Mesmo fazendo diversos filmes com temática contemporânea em obras seminais e influentes como Cani arrabbiati (1974), Diabolik (1968) e Banho de Sangue (1971), certamente o nome de Mario Bava é mais lembrado por seus filmes ambientados no período gótico. Neste segmento aqui no Brasil as distribuidoras nacionais sempre privilegiaram suas obras mais conhecidas, Black Sabbath (1963) e Black Sunday (1960) que são fundamentais, mas resumir o trabalho de Bava a apenas estas duas obras é ignorar outras excelentes incursões no gênero da qual Kill, Baby… Kill de 1966 também faz parte.

O roteiro se passa na virada para o século XX, onde um médico legista chamado Paul Eswai (Giacomo Rossi-Stuart) é enviado a uma pequena vila interiorana onde deverá investigar uma série bizarra de mortes que se suspeita serem assassinatos. Com a ajuda do inspetor Kruger (Piero Lulli), não tarda muito para que o doutor encontre a bela Mônica (Erika Blanc), indicada para ajudá-lo por ser uma das poucas pessoas do lugar com certa competência em treinamento médico.

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Eswai precisa ter mais evidências do que está acontecendo e decide executar uma autópsia na vitima mais recente – uma moça que foi empalada em uma cerca afiada ao cair sobre ela – mas os aldeões protestam violentamente. Primitivos e supersticiosos, é o que o doutor pensa, e consegue continuar com o procedimento e descobrir que o cadáver tem uma moeda de ouro enfiada diretamente no coração.

Conforme a trama avança, Mônica e o médico ouvem falar de uma menina de 7 anos chamada Melissa Graps (Valeria Valeri), que anos antes foi brutalmente morta nas ruas da cidade por um grupo de bêbados e, segundo a lenda, ela retornou para ter sua vingança. Os habitantes, incluindo o Burgomeister – equivalente ao prefeito – acreditam que se o fantasma aparecer e olhar para você a morte será inevitável.

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Infelizmente uma outra jovem chamada Nadine (Micaela Esdra) viu o dito fantasma recentemente e ela e seus pais estão convictos que em breve partirá para o outro lado. Eswai, no meio tempo, encontra-se com Ruth (Fabienne Dali), uma bruxa, e mais tarde com uma velha estranha que calha de ser a baronesa Graps (Gianna Vivaldi), mãe da menina falecida da lenda que vive em eterno luto. Os acontecimentos vão desafiando a lógica com que o médico trabalha e tenta resolver o mistério: o fantasma é real ou não passa de um fruto do imaginário coletivo?

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A primeira coisa que chama a atenção na obra é a atmosfera constantemente perturbadora! Não há como não pensar logo nos primeiros minutos que o vilarejo tem um segredo que prefere ignorar, que cometeu um pecado coletivo e que é natural pagar com a própria vida por isto. Esta batalha campal do homem racional contra o sobrenatural faz lembrar bastante de O Homem de Palha (1973) e é conduzido pelo diretor com sua característica extensa paleta de cores na fotografia, demonstrando um lirismo que impregna a película e transcende as limitações orçamentárias, mostrando ser uma das obras visualmente mais bacanas do diretor.

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O capricho por trás das câmeras também fica evidente nas cenas ocultas pela escuridão, na câmera giratória nas perseguições e na ênfase nos olhos dos personagens. Há um grande nível opressão psicológica sendo demonstrada por estes takes.

E vendo o resultado final, é de se impressionar com o verdadeiro Tour de Force para que Kill, Baby… Kill fosse finalizado: o orçamento da produção colapsou bem no começo das filmagens e tanto o elenco sem estrelas quanto técnicos toparam trabalhar praticamente de graça. Aliás, salvar filmes em apuros já era especialidade de Bava desde quando, em começo de carreira, precisou substituir o diretor Riccardo Freda as pressas após este abandonar a cadeira em dois filmes diferentes, ou seja, era o tipo de perrengue que já estava vacinado e soube contornar com bastante maestria. Para também poupar custos a trilha sonora foi composta usando recortes de várias outras trilhas de filmes anteriores do diretor.

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Como todo terror gótico de época o filme envelheceu mal (a Hammer que o diga), mas pela inventividade e o experimentalismo que transpira Bava em cada frame faz valer ao espectador que tenha oportunidade de topar com a maldição de Melissa Graps nas telas.

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1 comentário

  1. Um filme belíssimo. Uma história de horror com toques de conto de fadas. Uma atmosfera de fantasia predomina o filme o tempo todo, e o enche de beleza.
    Um filme maravilhosamente filmado, com toques que somente Mario Bava conseguia dar.
    Um maravilhoso filme de terror gótico.

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