A Caverna (2014)

3.4
(5)

La Cueva (2014)

A Caverna
Original:La Cueva
Ano:2014•País:Espanha
Direção:Alfredo Montero
Roteiro:Javier Gullón, Alfredo Montero
Produção:Juan Gordon, Alfredo Montero, Marcos Ortiz
Elenco:Marta Castellote, Xoel Fernández, Eva García-Vacas. Marcos Ortiz, Jorge Páez

Nos últimos anos, vimos o cinema de horror receber uma enxurrada de filmes seguindo a fórmula found footage, os famosos pseudo-documentários. Claro que com o excesso de exemplares, naturalmente o cenário acaba ficando saturado de filmes ruins. Alguns desses filmes nem justificam a contento o formato que adotaram, a não ser apenas o de capitalizar com uma fórmula de sucesso. Como pode acontecer também, em meio a tanto joio, acaba surgindo um trigo, uma pequena pérola. Essa pérola se chama La Cueva, que internacionalmente ganhou o curioso título em inglês de In Darkness We Fall (Na Escuridão Nós Caímos).

Temos aqui cinco amigos de férias: a introspectiva Celia (Marta Castellote), sua melhor amiga Begoña ou apenas Bego (Eva García-Vacas), o boa-pinta Ivan (Jorge Páez), o chato Jaco (Marcos Ortíz, também produtor do filme) e Carlos (Xoel Fernández), o responsável por registrar todo o passeio com sua câmera, para uma futura postagem em seu blog.

La Cueva (2014) (2)

A trama é tão simples que pode ser resumido em poucas linhas: os cinco mochileiros chegam até uma ilha paradisíaca, de areias brancas e águas límpidas (locações na ilha Formentera, Espanha). Em meio a cenários de cair o queixo, vemos os amigos se divertindo em banhos de mar e a tradicional noite na beira da fogueira, casal transando em barracas, essas coisas. No segundo dia, caminhando pela região, encontram uma caverna. Obviamente todos entram para explorá-la. Sim, são pessoas comuns, sem nenhuma experiência em explorar cavernas e, claro, sem nenhum equipamento adequado, apenas lanternas e baterias para a filmadora, afinal estamos num found footage e sem as baterias o filme praticamente não existiria. Então o problema mais óbvio acontece, eles acabam se perdendo lá. Os dias passam o grupo não consegue encontrar a saída. Sem comida nem água, não veem outra solução a não ser apelar para a antropofagia, no melhor estilo “Sobrevivente dos Andes”, chegando a fazer um jogo para ver quem vai morrer para servir de alimento.

O grande trunfo de La Cueva é sua simplicidade. Com exceção de um rato que aparece lá pelas tantas da narrativa, não há nenhum ser monstruoso (como em Abismo do Medo de Neil Marshall) ou criatura fantasmagórica. Temos apenas cinco seres humanos perdidos em um labirinto claustrofóbico tentando achar uma saída e lutando pela sobrevivência.

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A obra poderia ter mais sangue e brutalidade, mas acho que essa não era a proposta. O filme tenta manter um ar realista, portanto sem excessos, dando ênfase na claustrofobia, nisso La Cueva se sai muito bem. A câmera passeando por galerias escuras e estreitas, cheias de estalactites e poças de água, é de tirar o fôlego. Destaque para uma bela e angustiante cena subaquática, quando Jaco mergulha em um lençol de água subterrâneo, simplesmente inesquecível.

Outro ponto positivo é o fato da própria trama casar perfeitamente com o formato found footage. Enquanto muitos exemplares foçam a barra, aqui a fórmula está mais do que adequada.
Assim como a trama, o desenho das personagens é muito simples, quase simplistas, o que não impede que o elenco se mostre empenhado, dando o melhor de si (Eva García-Vacas e Marcos Ortíz chegaram a ser premiados em festivais de filmes de horror na Espanha). O elenco realmente se mostra sujo, e passa todo o stress, tensão e terror psicológico que a situação poderia gerar.

La Cueva (2014) (4)

O diretor novato Alfredo Montero, em seu segundo longa, segura as pontas em uma direção firme, que até faz esquecermos, ou ao menos relevarmos, o principal furo da obra, justamente o erro fatal de noventa por cento dos found footage: a câmera de Carlos, que filma tudo com imensa nitidez, seja debaixo da água, seja com uma visão noturna de longo alcance. Tudo sem tremer a imagem, sem errar o ângulo ou perder o foco, e claro, com um áudio de uma nitidez inacreditável. Chega a um ponto que você se pergunta se Carlos não seria um talento desperdiçado, que ao invés de estar filmando para seu blog, deveria estar era trabalhando num estúdio de cinema. Apesar disso tudo, o interesse do filme fala mais alto, tanto que acabamos perdoando esses detalhes. Ponto para o diretor.

La Cueva (2014) (5)

La Cueva pode não ser muito original, mas é honesto e sem firulas, vai direto ao ponto. É fácil embarcar nessa jornada errática aos confins da natureza. Tenso e angustiante, a obra prende a atenção com louvor, e isso não é pouco, afinal quantos filmes atualmente conseguiram te deixar grudados na poltrona?

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Paulo Blob

Nascido em Cachoeirinha, editou o zine punk: Foco de Revolta e criou o Blog do Blob. É colunista do site O Café e do portal Gore Boulevard!

8 thoughts on “A Caverna (2014)

  • 10/10/2022 em 22:47
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    Que filme meus amigos. Que filme! Não tenho muito oq dizer, a não ser, assistam!

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  • 15/05/2020 em 03:13
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    Acho que esse é o filme mais claustrofóbico e angustiante que eu já vi! Genial! Sobre as críticas as imagens focadas e o áudio perfeito, o que vc queria? Um filme mal filmado e com áudio ruim? Se partirmos dessa premissa, nenhum found footage se justifica.

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  • 08/12/2017 em 18:28
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    Que filmaço de tirar o fôlego cara! Claustrofóbicamente fantástico! Não leiam os comentários negativos, o filme é FODA e prende a sua atenção até o final.. Filme com enredo diferente, você sofre na pele dos personagens, te dá nervos, esperança, medo.. putzzzzz.. só pegando pra assistir pra entender.. vale a pena!

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  • 24/06/2015 em 13:04
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    Não gostei. O filme passa em uma caverna e tenta passar um estado claustrofóbico de tensões que logo desperta no grupo. Engraçado que o filme As below So above consegue esse efeito melhor, embora não passe em uma caverna que é um ambiente muito mais limitado.
    A degradação que o grupo foi sofrendo em um intervalo tão pequeno de tempo é muito artificial. Além disso, quase a metade do filme é aquilo que vemos em filmes adolescentes.
    Na verdade o filme é intragável, longe de me deixar grudado na poltrona.

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  • 26/04/2015 em 19:23
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    Ótimo filme! Eu vi sem ler nada a respeito antes e confesso que fiquei a todo momento esperando algum monstro assustador aparecer e nada. É apenas o ser humano mostrando do que é capaz quando a situação fica preta. Muito muito tenso! Vale conferir.

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  • 11/02/2015 em 20:34
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    uma grata surpresa. de fato, um bom exemplar de found footage. filme angustiante, claustrofóbico e com um final inesperado.

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  • 26/01/2015 em 11:30
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    Ótimo filme para quem curte climas claustrofóbicos. Prende a atenção até o final, é impossível não querer saber qual será o desfecho da galera que esta passeando pela caverna.

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