Maníacos
Original:Two Thousand Maniacs!
Ano:1964•País:EUA Direção:Herschell Gordon Lewis Roteiro:Herschell Gordon Lewis Produção:David F. Friedman Elenco:Connie Mason, William Kerwin, Jeffrey Allen, Shelby Livingston, Ben Moore, Jerome Eden, Gary Bakeman, Mark Douglas, Linda Cochran, Yvonne Gilbert |
“Em abril de 1865, um grupo de soldados traidores da União devastou a cidade de Vale Alegre, matando e mutilando muitos de seus cidadãos. Este marco é um memorial aos heróicos cidadãos que deram sua vida e um testamento à promessa de vingança em sua memória”.
Seis incautos viajantes desviam-se de sua rota numa auto-estrada californiana e entram numa cidadezinha desconhecida, onde se comemora o seu centenário por uma legião de enlouquecidos cidadãos; lá, são considerados hóspedes de honra e obrigados a participar da festa, que se desenrola tendo sangrentos esportes como prato principal – e tendo os viajantes como protagonistas.
Depois do perverso e mal afamado Banquete de Sangue (Blood Feast, 1963), um dos marcos iniciais do cinema splater-gore, o diretor Herschell Gordon Lewis retorna com essa estranha e igualmente cultuada película, ingênua e despretensiosa em seu tom de deboche ensandecido, mas incômoda e sinistra em seu acabamento tosco e cheio de boas ideias (já nos créditos iniciais vemos dois garotos enforcando um gato, em sugestão). Ao invés do suspense, Lewis optou por um clima de loucura geral e humor negro, e acabou criando uma pérola trash repleta de ironia, uma diversão macabra quase camp, produzida pelo famoso David F. Friedman, considerado um dos grandes precursores do “exploitation“, ao lado justamente de figuraças do cinema americano de exploração na virada dos anos 50 para os 60, como Russ Meyer, Ed Wood Jr., Peter Bogdanovich, Roger Corman, a cineasta transgressora Doris Wisham, e o próprio Gordon Lewis.
Maníacos não é considerado nenhum divisor de águas no gênero, embora seja uma das mais “sérias” e bem acabadas obras do diretor, que aqui optou pelo horror cru e desmiolado, em detrimento das cenas eróticas, comum em outras fitas de “exploitation“. Isso para quem já viu o tosquíssimo e já citado Blood Feast, além de Color Me Blood Red (1964), The Wizad of Gore (1970) e The Gore Gore Girls (1972), entre os mais conhecidos. Por isso, são boas e oportunas as cenas de mutilação e sangreira gratuitas, desmembramentos e sadismo em geral, ao embalo de um sangue cinematograficamente perfeito – com direito a um final surpresa que funciona e a uma divertida paródia ao american way of life interiorano (o filme foi rodado na pequena cidade de St. Cloud, na Flórida, e contou com a participação de praticamente todos os residentes locais). Foi lançado em vídeo VHS no Brasil pela Sunrise, mas encontrá-lo hoje, em fita original, é praticamente impossível. Um pequeno clássico do gore primitivo.