A Casa do Drácula
Original:House of Dracula
Ano:1945•País:EUA Direção:Erle C. Kenton Roteiro:Edward T. Lowe Jr. Produção:Paul Malvern Elenco:Onslow Stevens, John Carradine, Lon Chaney Jr., Martha O'Driscoll, Lionel Atwill, Jane Adams, Ludwig Stössel, Glenn Strange, Skelton Knaggs |
Monstros em depressão! Após séculos se alimentando de sangue humano, o Conde Drácula (John Carradine) se uniu ao amargurado Lawrence Talbot (Lon Chaney, Jr.) para buscar uma fuga da maldição a qual vêm sofrendo há anos. A cura pode vir das ações do renomado Dr. Franz Edelmann (Onslow Stevens), residente em um castelo com duas auxiliares, a corcunda Nina (Poni Adams) e a bela Milizia (Martha O’Driscoll). Suas experiências de restauração genética com uma misteriosa planta, associadas à transfusão de sangue, poderão levá-los à liberdade, desde que estejam dispostos a enfrentar várias sessões e até uma cirurgia.
Esse argumento do longa A Casa do Drácula (House of Dracula, 1945) basicamente reflete o período pelo qual os monstros da Universal atravessavam: após várias continuações, não havia mais o que contar, muitos conceitos se repetiam e as criaturas estavam desgastadas até mesmo para os crossovers. Isso se deve ao processo acelerado de realização dos filmes, com produções anuais e repetição de elenco, o que, obviamente, iria causar furos cada vez maiores, e uma diminuição no interesse do público. E a Universal também estava às portas de uma crise, tanto que os filmes tinham metragens menores – A Casa de Drácula tem apenas 66 minutos – e muitas cenas eram reaproveitadas para completar a produção.
Embora tenha o roteiro desenvolvido novamente por Edward T. Lowe Jr. (o mesmo de A Casa de Frankenstein, do ano anterior), a trama praticamente “esquece” os acontecimentos passados, respeitando levemente apenas o fim dado ao Monstro de Frankenstein. Drácula, por exemplo, tinha tido uma pequena participação no último filme, sendo exposto ao sol que o reduziria à ossada; porém, não é explicado como ele estaria de volta para procurar a ajuda do doutor e cientista Edelmann. O mesmo acontece com o Lobisomem: no anterior, ele havia levado um tiro e, aparentemente, teria morrido, mas aqui está são e salvo – com um bigodinho charmoso mantido por Lon Chaney, Jr. para disputar com Carradine. Ainda que os fãs das personagens desenvolvam suas teorias que justifiquem os retornos, poderia haver um simples diálogo para corrigir eventuais dúvidas do espectador.
Assim que surge como um morcego no castelo e recebe as orientações sobre o procedimento de cura, Drácula, também conhecido como Barão Latos, passa a se sentir atraído por Milizia, já utilizando seu dom de hipnotismo para que ela se afaste da cruz. Talbot chega logo depois, mas como não é atendido de imediato, força sua prisão – contando com a participação do sempre presente Lionel Atwill, que esteve em Frankenstein encontra o Lobisomem (43), A Casa de Frankenstein (44) e vários outros da época – para evitar que cometa outro assassinato. Edelmann é chamado à delegacia e testemunha a transformação dele em lobisomem, numa boa transposição de imagens, interessando-se em ajudá-lo, acreditando que a tal maldição não se deve à presença da lua, mas a uma pressão craniana (!). Como o processo cirúrgico pode demorar, Talbot não quer mais enfrentar uma noite sequer como a besta, atirando-se de um penhasco próximo.
Sabendo que há algumas grutas na parte inferior do precipício, Edelmann desce ao local por conta própria e é atacado pela fera, quase se tornando mais uma vítima da maldição. Lá, ambos encontram o corpo da Criatura de Frankenstein, juntamente com o cadáver de Dr. Niemann – do filme anterior. Ele leva o monstro para seus domínios, a fim de aprofundar seus estudos, não imaginando o quanto é difícil manter três monstros sobre controle, o que pode gerar conflitos violentos.
Mesmo com toda a expectativa criada pela possível volta da Criatura de Frankenstein (na interpretação rasteira de Glenn Strange), ela só acontece nos últimos minutos, e ainda faz uso de material de Lon Chaney Jr. em O Fantasma de Frankenstein e de Boris Karloff em A Noiva de Frankenstein. Tudo por conta da recusa de Strange em passar horas na maquiagem, mais uma vez a cargo de Jack P. Pierce, para sua concepção de Monstro. De acordo com as trívias do IMDB, o ator teria sofrido com a transformação, passando mais de três horas em contato com o líquido gelado da máscara “enquanto todo mundo saía para almoçar.” Quando retornavam para cumprir a cena, ele “não sentia as pernas“, apesar do conselho de Chaney Jr. para que ele usasse álcool para se manter aquecido. Depois de muitas doses de whiskey, Strange estava completamente bêbado a ponto de não conseguir vestir suas próprias roupas.
A Casa do Drácula fez um moderado sucesso nos cinemas, apesar de seu conteúdo inferior aos demais filmes. É difícil classificá-lo como ruim, quando se tem em cena tantos rostos lendários em interpretações sensacionais. Além disso, a curta duração, a fotografia gótica e o enredo curioso são motivos mais do que plausíveis para manter o interesse do espectador em conhecer o penúltimo filme de Lon Chaney Jr. como Lobisomem – restando apenas a comédia pastelão Abbott & Costello Encontram Frankenstein, de 1948. Já Carradine ainda se interessaria por sangue em Matinee Theatre: Dracula (1956), Billy the Kid Versus Dracula (1966) e Nocturna (1979). Todos os monstros ainda teriam momentos memoráveis em outros ciclos do cinema fantástico, como o que seria iniciado pela Hammer Films.
Eu simplesmente adoro os filmes clássicos das criaturas:. Drácula Frankenstein e lobisomem. Eu me divirto vendo. Principalmente devido as presenças do elenco de veteranos e mestres da atuação. Fantástico.