A Pintura
Original:The Road Virus Heads North
Ano:2006•País:EUA, Austrália Direção:Sergio Mimica-Gezzan Roteiro:Peter Filardi, Stephen King Produção:Jeffrey M. Hayes, John J. McMahon Elenco:Tom Berenger, Marsha Mason, Susie Porter, Marg Downey, Nate Butler, Amelia Christon, Virginia Gay, Chris Haywood, Hamish Michael |
“The Road Virus Heads North“, do livro “Tudo é Eventual“, de 2002 – embora sua primeira publicação tenha ocorrido em 1999 – é um dos meus contos favoritos escritos por Stephen King e sua adaptação era algo que eu queria ver muito, por causa do forte apelo visual que este conto possui. Neste segundo episódio do volume 2 do DVD ele se apresenta coeso e adequado, todavia deixa a desejar por passar um bocado de frieza na execução e acaba não mexendo muito com os sentimentos do telespectador.
Na história, Richard Kinnell (Tom Berenger, de Invasão de Privacidade e indicado ao Oscar de ator coadjuvante por Platoon) é um escritor famoso por escrever livros assustadores, porém sua aparência denota bastante frustração com o fato de ser uma celebridade – o que provavelmente estivesse acontecendo com King na época em que escreveu o conto – desânimo este que aumenta com um check-up médico que revela um problema em seu cólon, porém ainda é cedo para dizer que se trata de um câncer.
Durante o retorno para casa (que fica no Maine, claro) vindo de uma convenção, Richard pára em uma venda de garagem numa cidade pequena e fica encantado com uma bizarra pintura encontrada num dos cantos. Ela retrata um jovem demoníaco com dentes pontudos atrás do volante de um carro possante cruzando uma ponte. O nome da “arte” é, como podem adivinhar, “o vírus da estrada vai para o norte” (King diz na introdução do conto que realmente possui a pintura em questão).
A vendedora Judith revela que o pintor foi seu vizinho, Bobby Hastings (Hamish Michael), que cometeu suicídio por enforcamento deixando um bilhete: “Não suporto o que está acontecendo comigo“. Segundo ela foi por causa do vício das drogas, todavia antes do fim trágico, ele pegou todas suas pinturas e desenhos – exceto esta – e fez uma grande fogueira com eles.
Muito mais intrigado do que assustado com a história, o escritor compra o quadro e faz uma visita para sua tia Trudy (Marsha Mason, de As Duas Vidas de Audrey Rose e indicada quatro vezes ao Oscar de melhor atriz entre 1973 e 1981), que avista algo de diabólico no quadro. O ceticismo inicial de Kinnel vai se tornando em agonia a medida que a pintura muda sua forma: passando em localidades reais, o vírus segue para o norte deixando um rastro de sangue enquanto o persegue.
Meu principal problema com A Pintura é Tom Berenger. Não que ele seja um mau ator, porém a personificação de Richard Kinnell que eu tinha em minha mente era de um escritor mais despojado, jovial e que pudesse transmitir uma carga maior de dramaticidade conforme o desespero vai se acumulando pela aproximação do monstro na pintura.
O roteiro de Peter Filardi (de Linha Mortal) falha em apenas um ponto – um grande ponto, se me permitem dizer – é a possível doença de Richard Kinnel e esta inserção que parece pequena soa como uma tentativa de inserir uma lição de moral ou justificar o que acontece como uma alucinação, coisa que não é muito do feitio de King e não acontece no conto. Será que os roteiristas pensam que tudo precisa de uma explicação para ser mais apreciado?
Inegável, porém é a qualidade do próprio Vírus da Estrada, com quadros pintados por Ralph Moser, que é efetivamente o que eu esperava para uma adaptação. Como em todos os episódios da série, a parte técnica é excelente e digna de uma superprodução, mas a execução sem muita emoção e brilho do diretor Sergio Mimica-Gezzan (diretor de segunda unidade de vários filmes de Steven Spielberg) torna A Pintura um segmento satisfatório e nada muito além disso.
Eu queria rever o filme a cidade do Rock and roll