ParaNorman
Original:ParaNorman
Ano:2012•País:EUA Direção:Chris Butler, Sam Fell Roteiro:Chris Butler Produção:Travis Knight, Arianne Sutner Elenco:Kodi Smit-McPhee, Anna Kendrick, Christopher Mintz-Plasse, Tucker Albrizzi, Casey Affleck, Leslie Mann, Jeff Garlin, Elaine Stritch, Bernard Hill, Jodelle Ferland, Tempestt Bledsoe |
De uma década para cá, as animações evoluíram bastante, e isso não se refere apenas aos aspectos técnicos, quando os desenhos passaram a ser feitos em computador com a tecnologia 3D assumindo seu posto. Muito se deve aos roteiros, distantes de serem apenas infantis, servindo às crianças e seus pais. Filmes como Procurando Nemo e Shrek serviram de divisores de água, dando o pontapé para produções divertidas variando entre piadas ou referências que só adultos entendem e o típico pastelão. Além disso, o desenvolvimento de suas histórias tem tocado em gêneros diversos, principalmente com o fantástico, gerando grandes homenagens aos clássicos de um passado rico em criatividade e produção.
O horror tem sido sempre lembrado entre os realizadores de animações em trabalhos cada vez mais ousados. Tim Burton é um dos grandes responsáveis por essa tendência através de obras divertidíssimas como O Estranho Mundo de Jack, A Noiva Cadáver, 9 – A Salvação e o Frankenweenie. Também são exemplos de animações que se travestem de infantis Coraline (2009), Monstros Vs Alienígenas (2009), A Casa Monstro (2006), entre outras. Torna-se uma experiência deliciosa caçar as referências aos clássicos nestas produções, enquanto ri das situações inusitadas em companhia dos pequenos.
Paranorman não foge à essa tendência, indo mais além ao incluir zumbis, fantasmas e uma terrível bruxa, numa história que poderia fazer parte de um filme de horror se fossem eliminadas algumas sequências infantis. Norman (na voz de Kodi Smit-McPhee) é um garoto considerado esquisito, embora poderia se enquadrar como melhor amigo de qualquer fã do gênero. Sua anormalidade está no fato dele ver e conversar com pessoas mortas – um dom que Cole Sear (Haley Joel Osment, de O Sexto Sentido) conhece muito bem, mas demorou para aceitar. Para o garoto, ver filmes assustadores em companhia da sua falecida avó (Elaine Stritch) é algo comum, assim como também enxergar um mundo repleto de fantasmas, entre animais, pessoas e parentes, muito mais simpáticos e atraentes do que os vivos.
Norman sempre foi solitário e incompreendido, até mesmo entre seus pais (nas vozes de Leslie Mann e Jeff Garlin) e sua avantajada irmã Courtney (Anna Kendrick). Nunca viu nesse seu dom algo benéfico no mundo real, nem entendia porque tinha essa estranha habilidade. Na escola, seu único amigo é o gordinho Neil (Tucker Albrizzi), que compartilha da experiência de sofrer bullying nas mãos do idiota Alvin (Christopher Mintz-Plasse). Está próximo o aniversário da cidade de Blithe Hollow (referência aos clássicos Noel Coward’s Blithe Spirit, de 1945, e Washington Irving’s The Legend of Sleepy Hollow, de 1949), conhecida por uma lenda envolvendo o julgamento de uma bruxa no passado, usando-a como forma de atrair turistas.
Certo dia, ao ser perturbado pelo seu tio Prenderghast (John Goodman), Norman fica sabendo que a maldição da bruxa está prestes a se concretizar, quando sete mortos sairão de seu túmulo – na figura do juiz e dos jurados que condenaram a garota à morte por enforcamento há um século, devido a sua capacidade de também conversar com os mortos. O único jeito de evitar que isso aconteça seria ler um livro diante do túmulo da bruxa, uma história de ninar para que ela continue dormindo até o próximo aniversário.
É óbvio que a tentativa de evitar a maldição sobre a cidade não irá funcionar e os mortos sairão de seus túmulos, causando pânico e violência no local. Norman irá se juntar a sua irmã, Neil, Alvin e o irmão de Neil, Mitch (voz de Casey Affleck), para lutar contra os moradores, irritados com os zumbis, e contra a bruxa, usando seu dom para convencê-la a não se vingar daqueles que a condenaram à morte.
Entre um toque de celular que remete ao tema de Halloween, de John Carpenter, e a máscara de hóquei, de Jason Voorhees, o público se diverte com a belíssima animação, a cargo de Henry Selick (O Estranho Mundo de Jack, Coraline), sob a direção de Chris Butler (trabalhou nos storyboards de A Noiva Cadáver e Coraline) e Sam Fell (que comandou O Corajoso Ratinho Despereaux e Por Água Abaixo). A técnica utilizada pela Laika é realmente impressionante, seja no jogo de sombras e cores ou nos movimentos praticamente perfeitos das personagens.
Você acha que eles irão comer nossos cérebros?, pergunta o valentão Alvin, tendo a resposta, Você estará seguro. Com ironias como essa ou até mesmo um tapa na bunda e a piada gay no último ato, definitivamente Paranorman não é uma animação infantil. As crianças irão se identificar com o menino estranho e seu cabelo arrepíado ou com o gordinho que quer brincar com seu falecido cachorro aos pedaços, mas não entenderão todas as referências ou piadas. E isso realmente não importa, basta ao espectador apenas curtir a obra, dentro de sua visão particular, e esperar para acompanhar os novas animações fantásticas que virão daqui por diante.
Adoro todos os filmes da Laika mas esse definitivamente é o meu preferido, adoro a técnica da animação, os personagens o roteiro. Espero que saia mais filmes com a mesma qualidade.