Zodíaco
Original:Zodiac
Ano:2007•País:EUA Direção:David Fincher Roteiro:James Vanderbilt, Robert Graysmith Produção:Ceán Chaffin, Brad Fischer, Mike Medavoy, Arnold Messer, James Vanderbilt Elenco:Jake Gyllenhaal, Robert Downey Jr., Mark Ruffalo, Anthony Edwards, Brian Cox, John Carroll Lynch, Richmond Arquette, Bob Stephenson, John Lacy, Chloë Sevigny |
Histórias sobre assassinos em série são um dos mais importantes subgêneros do horror cinematográfico com uma grande quantidade de títulos produzidos nos quatro cantos do mundo, com enredos fictícios e reais dessas criaturas que não conseguem controlar seus instintos homicidas e precisam continuar cometendo seus crimes numa macabra necessidade fisiológica. Mitos da pós-modernidade, os serial killers são um fenômeno cultural perturbador que pode ser observado em diversos países de diferentes culturas, com uma maior incidência na América do Norte e em algumas partes da Europa.
As adaptações para o cinema de histórias de serial killers reais têm muitos clássicos que vão de M-O Vampiro de Dusseldorf, dirigido por Fritz Lang no início dos anos 30, até O Homem que Odiava as Mulheres aka The Boston Strangler, 1968, de Richard Fleischer. A história de um deles, porém, gerou importantes obras clássicas do cinema de horror: Ed Gein, serial killer texano dos anos 50, que embalsamou a mãe morta que, segundo ele, “mandava-o” matar mulheres. Essa história gerou dois filmes muito populares entre os fãs do gênero: Psicose, de Alfred Hitchcock e O Massacre da Serra Elétrica, de Tobe Hooper. Uma biografia de Ed Gein foi filmada em 1974 pelos diretores Jeff Gillen e Alan Ormsby, intitulada Deranged aka Deranged-Confessions of a Necrophile, que mostra detalhes dos crimes bizarros de Ed Gein e foi uma das grandes influências de outro popular filme de serial killers: O Silêncio dos Inocentes.
Com o lançamento de Zodíaco, de David Fincher, em 2007, os filmes de serial killers passam agora a um estágio superior de maturidade. O filme é realmente um divisor de águas na observação cinematográfica do fenômeno cultural dos assassinos em série. Sua escolha para a seleção oficial do Festival de Cannes, na Competição Oficial, é também uma grande vitória para o cinema de gênero. O filme é construído de maneira inteligente, muito bem estruturada, e mesclando muitos elementos de suspense, horror, drama e obsessão ao recriar a trajetória de personagens reais que por muitos anos tentaram descobrir a identidade do mais misterioso serial killer dos EUA, o aterrador e fascinante Zodíaco, como ficou conhecido através da mídia que o transformou numa espécie de celebridade pop. O mais perturbador é que até hoje o caso está em aberto, sem uma solução oficial da Polícia de San Francisco, Califórnia e seus arredores, que foram os cenários onde o Zodíaco cometeu seus assassinatos no final da década de 60 e no início dos anos 70.
David Fincher, que ficou mundialmente conhecido com o filme Se7en, abre seu longo Zodíaco, de 2h e 40 min, da maneira clássica da maioria dos slasher movies e assemelhados: mostrando um assassinato misterioso. As primeiras imagens muito bem elaboradas colocam em cena um casal se encontrando e saindo de carro em uma noite de 4 de julho, em Vallejo, na região da Baía de San Francisco. Ouvimos uma música do musical Hair que estava no auge no final dos anos 60. A fotografia trabalha muito bem as sombras e o contraste com a luz intensa no momento do ataque do assassino misterioso que surpreende o casal que está dentro do carro em um local deserto. A garota morre na hora, mas o rapaz, Mike, sobrevive. Essa personagem terá um importante retorno para a conclusão do filme. Após essa impactante abertura vemos os créditos iniciais do filme e em seguida começam a surgir as personagens principais que terão as vidas profissionais e pessoais radicalmente afetadas por causa dos crimes do misterioso assassino que será denominado posteriormente como O Zodíaco.
O protagonista é Robert Graysmith, cujo livro sobre o famoso serial killer foi a base para o roteiro do filme, livro esse que foi lançado no Brasil paralelamente com o filme de Fincher. Interpretado por Jake Gyllenhaal, de O Segredo de Brokeback Mountain , Graysmith era um tímido cartunista do jornal San Francisco Chronicle onde era colega do famoso repórter Paul Avery, interpretado por Robert Downey Jr.. Avery era muito influente e tinha acesso a fontes importantes no Departamento de Polícia de San Francisco, onde trabalhava o ambicioso Inspetor David Toschi, interpretado por Mark Ruffalo. Mesmo sem as fontes e as conexões privilegiadas de Avery, Graysmith, que era fascinado por símbolos mitológicos, foi o primeiro a perceber que o misterioso assassino, que mandava cartas para os jornais e ligava para a Polícia, estava mandando mensagens cifradas com uma importante conexão do então denominado Zodíaco, com o filme de 1932: Zaroff – O Caçador de Vidas. A obsessão de Graysmith ao tentar reunir todas as peças desse quebra-cabeça, que pode revelar a identidade do Zodíaco, é o grande fio condutor da história e consegue prender a atenção do espectador com muito estilo, sem os malabarismos visuais de Se7en e O Clube da Luta.
As sequências dos assassinatos são encenadas de maneira surpreendente. Fincher optou por sugerir o horror, o gore, ao invés de mostrá-lo explicitamente. Mesmo assim o efeito da tensão e do suspense não perdem nada, pois tais sequências são muito eficientes e perturbadoras. O Zodíaco é visto pelo espectador apenas uma vez, encapuzado, no crime cometido por ele nas margens do lago Barryessa, em Napa County, onde esfaqueou brutalmente um casal. Mas nada supera a aterradora sequência do encontro entre uma jovem mulher que está dirigindo a noite em uma estrada, acompanhada de seu bebê, que é surpreendida pelo Zodíaco promovendo momentos de grande tensão e horror, onde a fotografia trabalha mais uma vez com maestria a questão da intensa escuridão com a luz dos faróis. Desde o notório Jack – O Estripador, que um serial killer não desafiava tanto a Polícia e a mídia. Ele ligava após seus crimes descrevendo detalhes de cada um deles. Era uma mistura de exibicionista com um ser atormentado que desejava ser capturado. A seqüência onde ele fala ao vivo por telefone em um Programa de TV famoso é sensacional, um dos pontos altos do filme sem dúvida. Sua fama foi tão grande que gerou um filme livremente adaptado em sua história interpretado por Clint Eastwood, intitulado Perseguidor Implacável. Em uma sequência de Zodíaco vemos o Inspetor Toschi e Graysmith em um cinema de San Francisco justamente assistindo a Perseguidor Implacável. Assim como no filme de Eastwood, o assassino mandava cartas para jornais e ligava para a polícia, assim como ameaçou atacar um ônibus escolar.
O longo percurso de Graysmith é mostrado no filme até uma sequência muito interessante onde ele tenta hipoteticamente realizar a sua grande obsessão: descobrir o rosto do Zodíaco, ficar frente a frente com ele. É essa história que vemos em cena, a história de um assassino misterioso e os homens que tentam desvendar sua identidade sofrendo sérias conseqüências por causa disso. A cena do assassinato do motorista de táxi também é uma das sequências de grande destaque no filme e serve como um dos cartazes oficiais da produção. Com um roteiro muito preciso e bem construído, uma atmosfera de crescente suspense onde mergulhamos na obsessão das personagens, fazem de Zodíaco um filme imperdível para quem gosta de bom cinema, sendo colocado em um lugar de destaque absoluto na galeria dos filmes de serial killers. Me arrisco a dizer que é o melhor já feito até hoje ao lado de Henry – Retrato de um Assassino.
É um bom filme, porém cansativo.
O filme começa muito bem mostrando os assassinatos e a busca por pistas que levem ao assassino.
Porém o filme perde o ritmo ao longo de suas 2h 37min, tornando-se cansativo.
Não é um filme ruim, mas poderia ser melhor!!!
Achei que o filme acaba perdendo o ritmo ao longo de suas 2h 40min. O início é ótimo, mas, com o passar do tempo a história fica confusa e as informações são jogadas muito rapidamente. Dou 2 caveiras.
É o melhor filme sobre serial-killers já feito, ou, pelo menos, um dos melhores ao lado de Henry, como diz o autor do texto. Foi também um divisor de águas para o subgênero. Não observei em momento algum qualquer possível erro cometido pelo diretor ou qualquer outra coisa que pudesse diminuir um pouquinho a trama. Não entendi as 4 caveiras.