Os Monstros do Terror
Original:Los Monstruos del Terror
Ano:1970•País:Espanha, Alemanha, Itália Direção:Tulio Demicheli, Hugo Fregonese, Antonio Isasi-Isasmendi, Eberhard Meichsner Roteiro:Paul Naschy Produção:Jaime Prades Elenco:Michael Rennie, Karin Dor, Craig Hill, Patty Shepard, Paul Naschy, Ángel del Pozo, Manuel de Blas |
É preciso um bom enredo para a mistura de personagens populares não se tornar indigesta. Essa sempre foi a preocupação dos realizadores de crossovers, desde o período da Universal, quando o Monstro de Frankenstein encontrou o Lobisomem, até as recentes batalhas entre ícones contemporâneos como Freddy Krueger e Jason Voorhers, assim como a de Alien e Predador. De certa forma, em qualquer situação, um sempre vai assumir as rédeas, tendo destaque para o lado positivo como um anti-herói. Ainda sem o pseudônimo Paul Naschy, Jacinto Molina Alvarez fez de Los monstruos del Terror, de 1970, seu terceiro roteiro, considerado a primeira bola fora de seu “el hombre lobo“.
Na verdade, a culpa não foi somente dele. Por conta de dificuldades financeiras, muitas ideias foram deixadas de lado como o surgimento de naves espaciais e até um Golem, entre as criaturas fantásticas que viriam auxiliar o alienígena no domínio do planeta (ideia vista em Plan 9 From Outer Space). Com recursos reduzidos, é claro que um roteiro cheio de monstros não teria como se desenvolver adequadamente, o que resultou em diversas falhas técnicas, incluindo maquiagem, efeitos especiais e direção (com três envolvidos na função!). Assim, o que era para ser uma divertida produção de ficção científica com elementos de horror acabou tendo apenas o rótulo de comédia involuntária.
Los monstruos del Terror – o primeiro dos títulos criativos, incluindo o absurdo Dracula Versus Frankenstein, sendo que nenhuma dessas criatura está presente no filme – começa com dois alienígenas passeando por um parque, já pensando como irão dominar o Planeta. Oriundos de Ummo, Dr. Odo Warnoff (Michael Rennie, de O Dia em que a Terra Parou, em seu último filme) e Maleva (Karin Dor, de Com 007 Só Se Vive Duas Vezes, 1967) planejam ferir a raça humana através de sua principal fraqueza, os sentimentos. Ao observar em um show de horrores a apresentação de um verdadeiro vampiro – na verdade um esqueleto com uma estaca -, em uma ideia chupada de A Casa de Frankenstein, 1944, eles têm a ideia de dar início ao domínio.
Primeiramente, sequestram belas mulheres, a fraqueza masculina, e fazem lavagem cerebral para que elas somente obedeçam a ele. Depois começam a caçar monstros, tirando a estaca que trará de volta o vampiro, Conde Janos de Mialhoff (Manuel de Blas), trazendo de volta o lobisomem Waldemar Daninsky (Paul Naschy) por meio de uma cirurgia de extração de balas de prata de seu coração, resgatando a Múmia Tao-Tet (Gene Reyes) e o Monstro de Farancksalan (Ferdinando Murolo), versão genérica do de Frankenstein. A organização desse exército de monstros já consume mais da metade do filme, com cada um deles tendo seu momento de mostrar sua força ao eliminar alguma vítima.
Apesar de ser um humano transformado em lobisomem, Waldemar auxilia o doutor em seu plano maléfico devido a certas dosagens de um soro, aplicado por uma das garotas sequestradas e que acaba se apaixonado pela fera. E ele não é o único a ter um flerte na película: o inspetor Tobermann (Craig Hill), que está investigando o caso, passa a se envolver com uma das vítimas de Waldemar, a belíssima Ilsa (Patty Shepard, de La noche de Walpurgis, 1971). O mesmo acontece com a assistente do doutor Odo, evidenciando sentimentos humanos pelo tempo em excesso na Terra.
No final, ocorre o confronto de todas as criaturas, com o lobisomem dando cabo da Múmia e assumindo o papel de anti-herói, já pensando numa possibilidade dar fim à sua maldição, já que somente o sacrifício de um provável amada pode levá-lo ao descanso eterno. O Dr. Odo, embora tenha a capacidade de prever o futuro, não consegue imaginar que fim terá nessa batalha entre os monstros e os humanos, com a proximidade da polícia.
Com direção de Tulio Demicheli (de Um Homem Chamado Sabata, 1970) em parceria dos não-creditados Hugo Fregonese (Terra Selvagem, 1966) e Eberhard Meichsner, ainda é possível curtir Los monstruos del Terror, caso você releve as maquiagens ruins da Múmia e de Farancksalan e o enredo óbvio, cheio de ideias copiadas. Talvez você se flagre admirado pelo laboratório do alienígena, repleto de tubos de ensaios e computadores cheio de botões coloridos, e ache curioso o cenário escolhido para esconder a Múmia. Não vai ficar com a sensação de tempo perdido, como muitas produções atuais nos provoca, até mesmo porque ver em cena Paul Naschy contracenando com Michael Rennie é algo que já vale uma conferida.