City of Dead Men
Original:City of Dead Men
Ano:2014•País:EUA Direção:Kirk Sullivan Roteiro:Andrew Poston Produção:Alejo Arango, Laura Gomez Vargas Elenco:Diego Boneta, Jackson Rathbone, Maria Mesa, Camilo Calvo, Humberto Dorado, Sebastian Diaz, Ana Maria Perez |
Assim que se muda para uma nova cidade, Michael começa a perceber que o local pertence a uma gangue, da qual uma bela garota faz parte. Apaixonado pela jovem, ele decide entrar para o grupo, tendo que realizar determinados rituais de passagem mesmo que eles envolvam loucuras e sacrifícios. O rapaz começa a ter visões estranhas, e alterar completamente seus hábitos, até que finalmente percebe que terá que enfrentar o líder se quiser sair dali com vida. Essa é a sinopse básica do clássico oitentista Os Garotos Perdidos, de Joel Schumacher, que conta no elenco com Corey Haim e um jovem Kiefer Sutherland. A justificativa para essa lembrança se deve às coincidências narrativas com o terror City of the Dead Men, de Kirk Sullivan, uma produção bem sonolenta e mal realizada e que nem disfarça sua inspiração na fonte.
Michael (Diego Boneta, de Summer Camp, 2015) é um jovem americano perdido em Medellin, local onde nasceu e logo depois de mudou para a Califórnia, com a morte da mãe colombiana. Mochileiro e sem lugar para se estabelecer – e ainda se sentindo culpado por ter ocasionado um acidente fatal -, ele cochila no interior de um veículo e é expulso pelo dono, prestes a agredi-lo. Ele é salvo pela bela Melody (Maria Mesa), que oferece um espaço para residir, com um grupo de festeiros. Trata-se de um antigo hospital psiquiátrico infantil e que foi marcado por uma tragédia envolvendo o suicídio de várias crianças.
O rapaz aceita o desafio por se manter próximo da garota, e lá conhece uma gangue de jovens perdidos, que permite que ele fique no local, desde que aceite participar de determinados ritos de passagem, incluindo uma “falsa morte” e a ingestão de substâncias ilícitas. Os rapazes se auto-intitulam “homens mortos” e propõem a liberdade através de algumas ações estranhas como atirar em seu próprio reflexo no espelho com o intento de eliminar sua antiga vida. Drogado, sofrendo de alucinações terríveis associadas ao passado do hospital e ao seu próprio, Michael começa a realmente mudar, a ponto da própria Melody já perceber que ele está indo longe demais ao seguir os ensinamentos do líder Jacob (Jackson Rathbone). Violência passa a fazer parte de sua rotina, assim como se afastar de seu objeto de desejo.
Nota-se pela premissa que o filme é quase uma refilmagem do longa de 1986, mas sem o mesmo carisma, personagens interessantes ou trilha sonora adequada. E as referências vão além dos Garotos Perdidos: o visual do vilão na primeira festa remete à aparência de Malcolm McDowell em Laranja Mecânica (é uma festa à fantasia, claro, mas a intenção é lembrar o longa cult); e há muito simbolismo associado à Alice no País das Maravilhas. Quando Michael chega ao hospital ele é recepcionado por um rapaz vestido de coelho, que o orienta sobre o caminho a ser seguido; e também a importância do espelho.
Tais “homenagens” não funcionam, e desviam o conteúdo do assunto principal que seria explorar o garoto que liderou o suicídio no passado e usava uma máscara estranha. O longa de estreia de Kirk Sullivan, roteirizado também pelo novato Andrew Poston, é repleto de momentos oníricos que se arrastam para justificar a “viagem” do protagonista, mas que não chegam a lugar algum. Até mesmo o confronto com o chefe, depois de descobrir algo sobre seu passado, não importa ao espectador que sempre espera que algo interessante aconteça, antes dos créditos finais. Tempo perdido.
“A Cidade dos Homens Mortos” definitivamente não merece a sua visita.