A Criada (2016)

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The Handmaiden
Original:Agassi
Ano:2016•País:Coreia do Sul
Direção:Park Chan-wook
Roteiro:Park Chan-wook
Produção:Park Chan-wook
Elenco:Kim Min-hee, Kim Tae-ri, Ha Jung-woo, Cho Jin-woong.

O que dizer de Park Chan-wook, além de: ele conseguiu, de novo! Um filme de aproximadamente 2h30 que passam tão rápido que a vontade é começar tudo de novo. Sim, virei fã! (Mais ainda).

O roteiro, adaptado pelo próprio Park, tem origem no livro Fingersmith, da escritora britânica Sara Waters. Sara é conhecida por abordar em suas obras o período vitoriano e protagonistas lésbicas (ou Yuri, para os otakus de plantão). A obra já foi adaptada uma vez, no filme da BBC Falsas Aparências (2005). Mas, claro, sem a magnitude visceral de Park, que faz muita falta.

Na passagem desse contexto para a Coreia do Sul, o diretor fez a esperta escolha de recortar o período de ocupação japonesa na Coreia (1910 – 1945), época de grande conturbação cultural para os coreanos, onde a mescla com elementos japoneses se fazia presente na arquitetura do país. Mas além disso, sob a justificativa de obsessão de uma das personagens pelos elementos estilísticos britânicos, Park consegue trazer as influências vitorianas presentes no livro de Sara para o filme, através da composição arquitetônica e de parcela do vestuário, atitude que enriqueceu a estética fílmica.

A trama central gira em torno da Sook-hee (Kim Tae-ri), que ao lado do Count Fujiwara (Ha Jung-woo) planejam um golpe na japonesa Hideko (Kim Min-hee), para abocanhar parte da fortuna de seu milionário tio excêntrico (Cho Jin-woong). Muitos percalços existirão nesse caminho, mas não, você não faz a menor ideia do que vai acontecer. É sério! O formato dessa narrativa não deixa o espectador supor seu final. Não tive a oportunidade de ler o livro de Sara (mesmo porque não o conhecia antes desse filme), mas, por pesquisas, percebe-se que o estilo da narrativa é esse no original e se manteve o mesmo na adaptação.

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Basicamente, o filme é dividido em três atos, que possuem uma virada marcante conectando um ato ao outro. Quando o primeiro ato está se desenvolvendo, você, espectador inocente, acha que sabe tudo o que está rolando e começa, inclusive, a sentir uma falta de sangue no ar. Mas, de repente, sem te avisar ou preparar seu psicológico para isso, a virada aparece, o novo ato se inicia, e tudo muda. E você fica ali, perdido, maravilhado e cogitando fazer uma tatuagem com o nome de 박찬욱 (Park Chan-wook) em sua homenagem. Porque depois de uma atuação meia-boca nos Estados Unidos, você achava que ele nunca chegaria ao patamar de Oldboy novamente… que ilusão maravilhosa!

A produção é conectada, de forma geral pelo sexo e a busca por prazer que as personagens vão desenvolver. A partir desse fio condutor principal, podemos observar algumas ramificações, como a característica violência de Park, a busca que as personagens estabelecem pelo conhecimento de seus corpos e a capacidade de controlar seus desejos almejando prazeres, além da vingança, grande estrela do diretor. Podemos fazer uma alusão propícia a um polvo, onde o sexo seria o corpo e essas características ramificadas seus braços. Impossível um aspecto viver sem o outro em The Handmaiden.

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Além disso, vale destacar o Tio de Hideko, que seria o grande motivador dos acontecimentos ali gerados. Ele é um senhor excêntrico, obcecado por livros, principalmente os eróticos. Promove leituras dessas obras em sua casa e vive numa busca por sensações extremas, que são capazes de lhe gerarem prazer. Sabe o mote criativo de Hellraiser na busca exagerada e sobre-humana por prazer? Pois bem, o Tio representa uma alegoria próxima. Muito doentia e violenta, também.

The Handmaiden veio para provar que Park Chan-wook está na sua melhor forma e que o cinema coreano continua incrível. Uma narrativa violenta, surpreendente e esteticamente belíssima. Vale cada momento dos seus 145 minutos.

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Luana Caroline Damião

Graduada em museologia, fã de faroestes e Christopher Lee, deseja que o mundo acabe com um apocalipse zumbi, onde, certamente, será um dos mortos-vivos.

3 thoughts on “A Criada (2016)

  • 04/02/2017 em 21:52
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    Q FILMÃO DA PORRA!!! Vida longa ao cineasta!! Tenho q confessar apenas q torci para q o tio usasse aquela tesoura no ato final, estilo Lars Von Trier em Ninfomaníaca, mas talvez isso tirasse o ar requintado do filme e poderia cair p um lado d filme d terror B. Vc tbm achou isso, Luana?

    Resposta
  • 17/01/2017 em 14:42
    Permalink

    Filmaço realmente! O cinema coreano e francês não deixa de surpreender, original como a tempos os EUA não é.

    Resposta

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