Planeta dos Tubarões
Original:Planet of the Sharks
Ano:2016•País:EUA Direção:Mark Atkins Roteiro:Marc Gottlieb, Mark Atkins Produção:David Michael Latt Elenco:Brandon Auret, Stephanie Beran, Lindsay Sullivan, Lauren Joseph, Daniel Barnett, Christia Visser, John B Swart, Angie Teodora Dick |
Com o derretimento das geleiras da Antártida, devido ao Efeito Estufa, o Planeta Terra passou a se chamar Planeta Água, como previa Guilherme Arantes. Os poucos sobreviventes das inundações se estabeleceram em pequenas cidades marítimas, como Junk City e Salvation, e são obrigados a conviver com o forte calor, a falta de água potável e os iminentes ataques de tubarão. Como o Rei dos Mares está também sendo prejudicado pela falta de alimentos, a carne humana se tornou o prato principal, com as criaturas se unindo para se atacar através da comunicação elétrica emitida por um exemplar gigantesco. Talvez a solução esteja na emissão de um foguete, capaz de abafar os mares para o renascimento da Terra, mas, para isso, terão que primeiramente elaborar um plano para eliminar o cardume voraz.
Faz algum sentido pra você? Essa mistura de Waterworld com O Planeta dos Macacos, sob o patrocínio do canal picareta SyFy – o que já garante efeitos de quintal -, é a premissa insana de Planeta dos Tubarões, produção made-for-tv, dirigida por Mark Atkins (Tubarões da Areia, 2012), que estreou na TV em 27 de julho de 2016, antecipando os absurdos de Sharknado 4. O trailer até funcionava ao abordar o estilo pós-apocalíptico, e estabelecer uma tensão claustrofóbica, sem inicialmente apresentar os defeitos técnicos. Mas, é só arriscar uma conferida para se defrontar com um dos piores filmes de tubarões de todos os tempos, graças ao roteiro sério de Atkins e Marc Gottlieb (Alien Convergence, 2017), que inclui diálogos científicos demais para tentar explicar o inexplicável.
Depois que os tubarões destroem a cidade de Junk, restando apenas a jovem Bea (Lauren Joseph), a vizinha Salvation já começa a se preocupar. Nem todos. Joanne D’amato (a escandalosa Angie Teodora Dick, com a personagem como referência ao diretor Joe D´Amato, que entre tantas trasheiras dirigiu sua versão de Tubarão, Deep Blood, 1990) imagina que se trata de um exagero, e para provar sua teoria, provoca as criaturas em um ridículo ritual tribalista. A Dra. Roy Shaw (Lindsay Sullivan, que teve o nome de sua personagem como homenagem aos atores Roy Scheider e Robert Shaw, de Tubarão) pede o apoio do instituto Oceanic, contando com a ajuda da bióloga Dra. Shayne Nichols (Stephanie Beran), da cientista Caroline Munro (Christia Visser, referência a bond girl), de seu colega Hideo Ishiro (que tem nome de japonês, mas é interpretado por John B Swart), pelo pescador Dillon Barrick (Brandon Auret, único ator de renome, tendo feito O Ataque dos Vermes Malditos 5: Linhas de Sangue, Elysium, Chappie…) e pelo piloto de helicóptero Nathan (Alex Anlos). Eles têm a ideia de arrastar os tubarões até uma região vulcânica para que a lava despertada por uma explosão possa derretê-los – numa ideia que combina bem com o desenvolvimento caseiro do filme.
Assim, depois que as duas cidades caem, os tubarões passam a ser coadjuvantes das operações técnicas para reativar a energia do laboratório, a partir da eletricidade emitida pelos animais, e lançar o foguete que irá salvar a humanidade. Em meio a brigas internas, resta ao espectador sangrar pelos olhos com os efeitos ruins e a falta de carisma do elenco. É difícil selecionar apenas uma ou duas cenas horríveis, até mesmo porque a edição porca faz questão de repetir sempre a mesma tomada dos tubarões submersos, como se aquilo fosse realmente genial. E chega a ser engraçado ver os atores sérios apontando para o mar, expressando desespero, para depois a câmera mostrar os animais embaixo d´água, sempre da mesma forma.
Planeta dos Tubarões leva o Rei dos Mares ao seu nível mais embaraçoso. É o fim do mundo, sem foguete ou ritmo tribal que resolva.