3
(1)

 

Elysium
Original:Elysium
Ano:2013•País:EUA
Direção:Neill Blomkamp
Roteiro:Neill Blomkamp
Produção:Simon Kinberg
Elenco:Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Alice Braga, Diego Luna, Wagner Moura, William Fichtner, Brandon Auret, Josh Blacker, Emma Tremblay, Jose Pablo Cantillo

Embora estivesse na ativa desde a década de 90 trabalhando com efeitos visuais, a popularidade do cineasta africano Neill Blomkamp só se estabeleceu em 2009, com o lançamentos nos cinemas do excelente Distrito 9. O filme foi tão bem recebido pela crítica que arrematou diversos prêmios e quatro indicações ao Oscar no ano seguinte, algo raro se levar em consideração que se trata de uma produção de ficção científica independente. Talvez pudesse alcançar um resultado ainda melhor se Avatar, extremamente inferior ao longa de Neill, não tivesse dividido a atenção dos avaliadores, sendo respeitado principalmente pelo comando de James Cameron. Com uma crítica ácida sobre a grande diferença entre as classes sociais e o  racismo, Distrito 9 fez o público enxergar o lado perverso da humanidade ao trazer alienígenas como a representação dos discriminados, remetendo-o aos países pobres do Terceiro Mundo. Tendo um orçamento estimado em 30 milhões, o filme arrecadou mais de 115, possibilitando continuações e tornando o nome do diretor referência de bons argumentos. Enquanto os fãs aguardavam o anúncio de uma nova visita ao “distrito 9“, Neill já ganhava luz verde para um outro trabalho, Elysium.

Desde 2010 há informações sobre o filme, apesar do projeto só entrar em pré-produção em meados de 2011, quando o estúdio independente Media Rights Capital iniciou uma parceria com a Sony Pictures. Com isso, o orçamento acabou se estimando em 115 milhões – curiosamente, o valor adquirido por Distrito 9 – e grandes nomes de Hollywood se animaram com a possibilidade de estrelar o longa. Mesmo com o interesse das estrelas, Neill optou por um elenco de naturalidade diversificada, com atores dos Estados Unidos, México, África do Sul e, como todos sabem, Brasil – provavelmente fazendo uma alusão ao que se veria na tela no roteiro de sua autoria. A Sony chegou a indicar a estreia para 2012 e posteriormente março de 2013, mas, para evitar um confronto com o mágico Oz, de Sam Raimi, foi estabelecido agosto para o lançamento nos EUA, enquanto o Brasil anunciaria 20 de setembro.

Elysium conseguiu uma boa estreia na América, alcançando o primeiro lugar nas bilheterias, e se manteve no topo na semana seguinte. Sem a estreia pelo mundo, o filme já fez mais de 80 milhões e deve ultrapassar seus gastos tranquilamente. As críticas são, na maioria, favoráveis: mesmo considerado inferior ao Distrito 9, Elysium foi bem recebido apresentando mensagens muito mais claras sobre os temas em pauta. E é realmente um ótimo filme, embora existam falhas visíveis, principalmente na estrutura do roteiro e nas motivações dos personagens, como será comentado abaixo.

Ambientado em 2154 – o mesmo ano de Avatar, numa ironia do diretor -, o Planeta Terra está sofrendo de superpopulação, poluição e uma grande diferença entre as classes sociais. Depois que os recursos se esgotam, os ricos se mudam para uma luxuosa estação espacial chamada Elysium, fazendo uso das tecnologias para acabar com as doenças e mortes, enquanto os demais ficam na Terra, trabalhando e tentando sobreviver ao rígido regime estabelecido por robôs policiais. Nesse palco sujo e violento está Max Da Costa (Matt Damon, num papel trivial na carreira), um rapaz que sonha em alcançar Elysium, desde quando era pequeno e fazia promessas a Frey (Alice Braga, sempre bonita e talentosa). Como o dinheiro do trabalho não lhe trazia os benefícios necessários, os roubos de carros o deixaram em condicional permanente, além de tornar seus anseios ainda mais difíceis.

Max vive no que sobrou de Los Angeles, trabalhando para a Armadyne Corp., de John Carlyle (William Fichtner). Certo dia, ao ser exposto a uma dose letal de radiação, o rapaz percebe que sua única possibilidade de sobrevivência é alcançar Elysium e o sistema de restauração de saúde Med-Bays, o que o obriga a pedir ajuda para o líder de expedições de imigrantes, Spider (Wagner Moura, excelente no papel). Contudo, devido ao alto custo da viagem, ele permite o ingresso gratuitamente caso ele consiga roubar informações sobre financiamento e que possibilitem a invasão no sistema da Armadyne. Enquanto isso, em Elysium, depois de ser reprimida pelo Presidente Patel (Faran Tahir) pela morte de civis com a queda de uma nave de imigrantes graças a uma ação do mercenário Kruger (Sharlto Copley), a Secretária de Defesa Jessica Delacourt (Jodie Foster) orquestra um plano com Carlyle para iniciar um Golpe de Estado e torná-la Presidente. Ela só não contava que Max iria escolher exatamente Carlyle como alvo de sua ação terrorista.

Spider faz modificações no corpo de Max, com o acréscimo de um exoesqueleto, deixando-o com mais força e resistência. Motivado por uma possibilidade de sobrevivência e de realizar seu sonho de infância, Max coloca em prática suas intenções, mesmo sabendo que terá grandes desafios como um Kruger também atualizado e os potentes robôs policiais. Muitas cenas de ação e suspense disfarçam as metáforas e garantem o entretenimento e a diversão, motivos mais do que essenciais para recomendar uma conferida.

Apesar das inúmeras qualidades que tornam a produção acima da média, é possível perceber algumas falhas no roteiro. Por exemplo, a estrutura de Elysium, uma estação espacial sem proteção de vidros e sistema de oxigênio, é imprópria para a vida do ser humano. O local possui uma segurança eficiente, mas é estranho que a dependência de uma invasão esteja apenas nas ações de um homem (Kruger) e suas armas tecnológicas. E onde estão as demais nações? Será que o mundo inteiro se resume aos EUA? Mesmo com a crítica adequada à diferença principal das classes sociais – a busca por um sistema de saúde adequado -, chega a ser curioso quando os mais pobres resolvem roubar uma nave e invadir a estação espacial sem proteção alguma, conhecendo os riscos e perigos de morte, apenas para pousar no quintal de algum rico, fugir dos policiais para chegar à câmara de restauração da saúde.

De todo modo, Neill Blomkamp fez um excelente filme. Se deixar de lado os exageros da trama, o conteúdo é importante e adequado, podendo ser estendido para discussões em salas de aulas e até servir de motivação para o público inconformado com a situação atual de um Brasil cheio de protestos, cujas diferenças sociais transformam os mais carentes em alienígenas e dificultam o acesso aos sistemas básicos de saúde e saneamento.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 3 / 5. Número de votos: 1

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

4 Comentários

  1. filme é um lixo, lixo lixo lixo… podre… a indústria fica se importando muito com os efeitos e nada com script. Desperdiçaram talento e dinheiro nesse filme. Roteiro ridículo e sem lógica.

    Outra coisa que não entendo é que todo brasileiro fica ser regozijando só pq tem uma brasileiro atuando lá fora…. fod@-se, desculpa a sinceridade… mas isso é bom pro ator e só pra ele ($$$)
    tem que parar com complexo de inferioridade e achar que tem que ter, necessariamente, brasileiro em tudo pra haver “valorização” do brasil… ridículo

  2. Vi esse FDS, e olha, eu curti muito o filme. Sala lotada, pipoca pra tudo quanto é lado, e quando a PROJEÇÃO se iniciou…, a coisa realmente fluiu! E olha, eu não sou muito fã de filmes assim, confesso, mas, me SURPREENDI com este. Tem uma parte lá, que eu escutei em ALTO e BOM SOM, o SPIDER (Wagner Moura) dizer: MERDA! MERDA! ou eu tô enganado?
    E olha, que ele conseguiu um papel muito bom… SUPER 10 o filme!

  3. Filmão! Uma pena que perca um pouco do cunho político/social no terceiro ato pra preencher o filme com ação desenfreada, mas mantém o interesse até o final.

  4. vou assistir, é bom ver atores brasileiros crescendo nesse meio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *