Sharknado: Corra Para o 4º (2016)

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Sharknado 4: Corra para o 4º
Original:Sharknado 4: The 4th Awakens
Ano:2016•País:EUA
Direção:Anthony C. Ferrante
Roteiro:Thunder Levin
Produção:David Michael Latt
Elenco:Ian Ziering, Tara Reid, Masiela Lusha, Cody Linley, Ryan Newman, Imani Hakim, David Hasselhoff, Tommy Davidson, Cheryl Tiegs, Gary Busey

Parecia improvável que uma ideia banal envolvendo tubarões arrastados por um tornado pudesse ir tão longe. Efeitos ruins, interpretações caricatas e todo tipo de absurdo foi se desenvolvendo em roteiros cada vez mais nonsenses, partindo de uma produção mais “séria” – se é que essa palavra pode ser usada em qualquer um dos filmes – em 2014, para o total esculacho nas sequências seguintes, lançadas em 2015 e 2016. Sem limites para a gozação, a franquia passou a tirar sarro de si mesma, incluir elenco de rostos conhecidos em pontas miseráveis até tentar surpreender com os alcances inimagináveis das criaturas marítimas. Tudo bem, se pensar que os tubarões já assumiram o topo na escala dos animais mais utilizados no cinema fantástico – o mais recente foram os zumbis de Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar -, e que seus filmes já incluíram todo tipo de caracterização e peculiaridade (duas e três cabeças, fantasma, monstro de Frankenstein, híbrido de outras criaturas e oriundos de lugares estranhos). Assim, encarar um Sharknado: Corra Para o 4º precisa de muita boa vontade, e um acesso fácil ao botão de liga e desliga do cérebro para os momentos mais agressivos à sanidade.

Com uma abertura em créditos rolantes Star Wars (aliás, o Despertar da Força é satirizado no título original e no próprio cartaz do filme), ficamos sabendo que se passaram cinco anos desde o último ataque dos tubarões voadores. O bilionário Aston Reynolds (Tommy Davidson) desenvolveu uma tecnologia ultra-moderna para evitar novos tornados trágicos através de sua companhia Astro-X: com Astro-Pods espalhados pelo espaço, ele consegue neutralizar os fenômenos antes que se formem, deixando a América em segurança. A empresa ainda conseguiu a façanha de resgatar do espaço o Coronel Gilbert Shepard (David Hasselhoff), pai do eterno caçador de sharknados, Fin Shepard (Ian Ziering). Este encontra-se constantemente recluso numa fazenda no Kansas em homenagem à falecida esposa, April (Tara Reid). O que ele não sabe é que ela está viva e teve partes do seu corpo reconstruídas com elementos mecânicos pelo pai, Wilford (Gary Busey), que lhe deu habilidades extraordinárias como força, raios que saem da mão, ferramentas que aparecem no punho e a capacidade de voar – sim, ela virou uma versão feminina do Homem de Ferro.

Para celebrar o longo período sem desastres com sharknados, Aston abre um hotel temático em Las Vegas, o “Shark World“, com cassino, brinquedos radicais e, claro, tubarões em exibição. Ele convida Fin, que aproveita a viagem com a filha Gemini (Masiela Lusha), bem no momento em que seu outro filho, Matt (Cody Linley), usava um avião para saltar de paraquedas em seu casamento com Gabrielle (Imani Hakim). O sistema falha, e forma-se um sharknado em Las Vegas, causando ataques bizarros e a necessidade de ajuda do herói de sempre. Ele voa com um carro e comanda uma embarcação pelas ruas inundadas, usando de todos os recursos que aparecem pelo caminho para liquidar os tubarões. Toda essa sequência, que dura em torno de vinte minutos, é apenas a abertura do filme, que traz ainda créditos ilustrados e música personalizada.

Fin e seus familiares embarcam numa viagem pela América rumo ao Kansas, estando sempre presente em novas ocorrências do sharknado. Com o deserto da região, o tornado se forma com a areia, o que lhe traz o primeiro dos apelidos que surgirão a cada novo fenômeno, Sharksand. Ainda teremos a mistura de tubarões com pedra (bouldernado), fogo (firenado), eletricidade (lightningnado), lava (lavanado) e até nuclear (nukenado), dificultando a missão de abafar as aparições e mortes. Entre a necessidade de acabar com o problema – com a estupidez de Aston de explodir o Grand Canyon – e a viagem de Fin vão surgindo diversas referências ao cinema, lembrando em frases O Massacre da Serra Elétrica (“Família boa no Texas tem que ter serra elétrica“), O Mágico de Oz (“Não estamos mais no Kansas“), Christine – O Carro Assassino e até Twister (“Olhe, outra vaca.“, “Acho que é a mesma.“), além de menção a Titanic e muitas outras produções.

Depois que foi salvo da Lua, Gilbert passou a trabalhar com Aston na construção de uma roupa especial para enfrentar os sharknados. Essa roupa é usada na sequência final nas Cataratas do Niágara, com mais tubarões devorando personagens, e as ações necessárias de um mini-Shepard. Mesmo com todos os absurdos, desfilam rostos reconhecidos do cinema, da música e da TV por todos os lados. É difícil acompanhar todos sem um caderninho para anotar, mas destacam-se Steve Guttenberg, que devolve a ponta de Ian Ziering em Lavalantula e Lloyd Kaufman, numa ponta piscou-perdeu.

Sharknado: Corra Para o 4º é um pouco melhor do que o anterior, mas ainda perde para o segundo filme como o mais divertido da franquia. É impossível imaginar quais serão os próximos alcances dessa franquia, mas parece que a proposta do quinto filme é sair da América e transformar a ameaça a nível global. Sharknado 5: Voracidade Global está previsto para estrear no canal SyFy no próximo dia 6 de agosto, e deve ir para a Netflix, local onde estão os filmes anteriores.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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