O Paradoxo Cloverfield (2018)

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O Paradoxo Cloverfield
Original:The Cloverfield Paradox
Ano:2018•País:RUA
Direção:Julius Onah
Roteiro:Oren Uziel
Produção:J.J. Abrams, Lindsey Weber
Elenco:Gugu Mbatha-Raw, David Oyelowo, Daniel Brühl, John Ortiz, Chris O'Dowd, Aksel Hennie, Ziyi Zhang, Elizabeth Debicki, Roger Davies

Eis que o projeto Cloverfield segue cada vez mais interessante. No final de 2017 notícias não confirmadas de um novo filme começaram a circular de forma desencontrada pela internet. No meio dos rumores,  o produtor J J Abrams explicou que estava sim envolvido no quarto filme da série, mas que ainda era muito cedo para falar do projeto. Depois ele não falou mais nada e até desconversou sobre qualquer assunto relacionado.

A informação pegou todo mundo de surpresa até poquê, até onde sabíamos, as contas não batiam. O primeiro filme, Cloverfield – Monstro, foi lançado em 2008. Em 2016 tivemos Rua Cloverfield, 10, que não é bem uma sequência, mas digamos que se passa no mesmo universo fílmico.  De uma forma ou de outra, tínhamos dois filmes. E onde estaria o terceiro? A resposta veio do nada no dia 04 de fevereiro no intervalo da final do Super Bowl americano com o trailer de O Paradoxo Cloverfield, com estreia para o mesmo dia na Netflix.

Produzido e gravado em segredo, e com o título falso de God Particle, O Paradoxo Cloverfield não é necessariamente uma continuação, mas, assim como Rua Cloverfield, 10, um novo produto do universo criado por Abrams em 2008 e que não necessariamente vai responder aos pontos abertos nos filmes anteriores, mas com certeza continuará expandido o universo e chamando cada vez a nossa atenção.

O novo filme acompanha um grupo de astronautas da Estação Espacial Cloverfield em uma missão para tentar um experimento capaz de produzir energia limpa para a Terra através de um acelerador de partículas uma vez que os recursos no planeta estão se esgotando e uma guerra entre as potências se mostra cada vez mais eminente. Durante uma das inúmeras tentativas, o grupo parece ter conseguido, mas antes da conclusão do processo acaba entrando em uma espécie de universo paralelo completamente diferente do real.

É neste ponto que começam os problemas e não estamos falando dos problemas com os personagens, mas sim o público. Se os dois filmes anteriores traziam tramas interessantes e extremamente capazes de provocar tensão, O Paradoxo Cloverfield se mostra apenas como mais um thriller de ficção mediano e genérico repleto de clichês. Vamos ter a eterna briga de ego dos personagens, a mulher determinada e capaz de salvar a galáxia inteira, o vilão com olhar malvado e plano maligno, além de personagens que estão lá apenas para morrer. Aliás, uma morte veio totalmente do universo Alien.

Se fosse um filme sem a marca Cloverfield, este passaria despercebido e cairia no esquecimento. Culpa do roteiro assinado pelo desconhecido Oren Uziel, de Anjos da Lei 2, e principalmente da direção do estreante Julius Onah, que assinou apenas curtas até então e demonstrou ter pulso e criatividade zero na condução da trama que lhe foi entregue. Parece que Abrams estava ocupado demais com Star Wars e decidiu deixar o trabalho para os estagiários.

Mas como temos no produto a marca Cloverfield, o público pode até ser capaz de ter interesse em acompanhar a preguiçosa trama até o fim apesar dos inúmeros ruídos e final previsível. Como bônus, também vai ser possível coletar referências dos dois filmes anteriores e estas estão evidentes durante a trama dialogando tanto com o primeiro quanto com o segundo.

SPOILER!!! SPOILER!!! SPOILER!!! SPOILER!!! SPOILER!!! SPOILER!!! SPOILER!!! SPOILER!!!

Das referências às produções anteriores temos a aparição do monstro do primeiro filme, embora ele esteja bem maior agora. Fãs da franquia já estão se questionando se vemos realmente o mesmo monstro ou uma segunda criatura da mesma espécie. Ou se realmente estamos na Terra.

A referência ao segundo filme é mais difícil de ser percebida ao mostrar uma jornalista (Suzanne Cryer) que aparece entrevistando Mark Stambler (Donal Logue). Trata-se da mesma mulher que tenta entrar no abrigo que Michelle está em Rua Cloverfield, 10. Na entrevista, Mark Stambler fala do risco da operação espacial alertando justamente para a possibilidade de um paradoxo capaz de abrir portais dimensionais e trazer monstros nunca antes vistos. Em Rua Cloverfield, 10, o personagem de John Goodman se chama Howard Stambler.

FIM DO SPOILER!!!! FIM DO SPOILER!!!! FIM DO SPOILER!!!! FIM DO SPOILER!!!!

O que o futuro reserva para o universo Cloverfield? De acordo com J J Abrams, um dia todos os filmes da franquia farão sentido como uma obra única. Esta afirmação inclusive vem ao lado da certeza de que existirão outros filmes. Esperamos apenas que os próximos sejam mais próximos do primeiro e do segundo em matéria de qualidade e que este terceiro possa permanecer esquecido em algum universo paralelo.

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Filipe Falcão

Jornalista formado e Doutor em Comunicação. Fã de filmes de terror, pesquisa academicamente o gênero desde 2006. Autor dos livros Fronteiras do Medo e A Aceleração do Medo e co-autor do livro Medo de Palhaço.

7 thoughts on “O Paradoxo Cloverfield (2018)

  • 15/02/2018 em 12:36
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    Não vou e dizer que odiei o filme, pelo contrário, o filme me prendeu bastante, eu curti num geral, mas nem de perto chega da sensação de assistir os dois primeiros, os problemas no roteiro são bem visíveis, principalmente problemas de tom e sub-tramas que poderiam ter sido explicadas melhor e aproveitadas melhor.

    Daria 2,5 de 5,0 pro filme.

    Pra terminar, o que mais me entristece é que ao meu ver, esse é o filme mais importante da franquia em termos de explicar melhor a mitologia. Uma pena que essas respostas foram entregues em um filme tao mal-estruturado como Paradox!

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  • 13/02/2018 em 15:01
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    Achei o filme excelente e repleto de referências e homenagens à outros filmes de ficção. Achei tão bom e interessante quanto o segundo e anos luz à frente do fraquíssimo primeiro filme, nos possibilitando pensar em diversas teorias sobre a correlação entre os três filmes.

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    • 18/02/2018 em 11:58
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      O primeiro filme é excelente. Esse terceiro é que é tedioooooso demais. É tanta coisa repetida (o que vc chama de homenagens), parece que tava assistindo aqueles filmes ruins que copiam filmes melhores no espaço. A ideia é bem legal, mas a execução….

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    • 08/06/2020 em 01:22
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      Eu também gostei desse filme, entendo que tem seus problemas e está longe de ser espetacular. Mas dizer que está “anos luz a frente do fraquíssimo prefiro filme”, rapaz… Realmente, gosto é que nem c# mesmo. Rs

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  • 13/02/2018 em 01:36
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    Será que alguém poderia me explicar o porque o site está saindo tanto fora do ar ultimamente ?

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      13/02/2018 em 09:36
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      Oi, Lucas! Tudo bem?

      Em breve, publicarei um editorial explicando essas quedas. Mas, o que eu posso adiantar é que o site está sofrendo invasões de hackers (foram três até o momento), por mais proteção que tenhamos colocado. Felizmente, temos backups que ajudam a restaurá-lo, mas é um incômodo ter que corrigir esses problemas constantes.

      Abs

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