Fantasmas do Passado (2017)

4.3
(4)

Fantasmas do Passado
Original:Ég man þig
Ano:2017•País:Islândia
Direção:Óskar Thór Axelsson
Roteiro:Óskar Thór Axelsson, Ottó Geir Borg, Yrsa Sigurðardóttir
Produção:Skuli Fr. Malmquist, Sigurjon Sighvatsson
Elenco:Jóhannes Haukur Jóhannesson, Elma Stefania Agustsdottir, Thor Kristjansson, Ágústa Eva Erlendsdóttir, Sara Dögg Ásgeirsdóttir, Anna Gunndís Guðmundsdóttir

Um thriller de mistério e investigação ou uma fantasmagórica produção envolvendo uma casa assombrada? É difícil definir esse longa da Islândia, dirigido por Óskar Thór Axelsson, a partir de um enredo seu escrito em parceria de Ottó Geir Borg, com inspiração num romance de Yrsa Sigurðardóttir. São tantos sentimentos envolvidos nas duas narrativas apresentadas que funcionam como uma belíssima antologia macabra: suicídio, assassinato, sequestro, vingança sobrenatural – o que diabos acontece em I Remember You (Ég man þig) e por que você não irá conseguir desviar os olhos da tela durante sua projeção?

Na cena inicial, uma senhora de 71 anos é encontrada enforcada numa capela, para o estranhamento do psiquiátra Freyr (Jóhannes Haukur Jóhannesson). O local está destruído, provavelmente por um ataque de fúria da suicida, que teria escrito na parede a palavra “imundo“. O especialista traz um pouco de conforto ao senhor que a encontrou, mesmo sabendo que possui uma própria tragédia inaceitável: seu filho Benni (Gudni Geir Jóhanneson) desapareceu, o que culminou no término de seu casamento e em sua destruição pessoal.

Ao mesmo tempo, um casal e uma amiga (!!) acabam de adquirir uma velha casa, no litoral de uma região inóspita, com a intenção de prepará-la para receber turistas. Katrin (Anna Gunndís Guðmundsdóttir) e Garðar (Thor Kristjansson) não tiveram sorte no primeiro filho e estão tentando renovar as forças na união, mas – sabe-se lá porquê – resolvem levar nessa empreitada a melhor amiga Lif (Ágústa Eva Erlendsdóttir). Aliás, não se sabe também a razão pela escolha daquele local, velho e abandonado, sem sinal de celular e sem grandes atrativos, para tentar desenvolver o tal do “bed and breakfast“. O problema é que Katrin começa a ver coisas na casa, como se o ambiente tivesse uma presença maldita, provocando os principais arrepios do longa.

Freyr descobre estranhas cruzes marcadas nas costas da senhora suicida, além de uma relação assustadora com o sumiço de um garoto na região, sessenta anos antes. Bernódus (Arnar Páll Harðarson) aparece numa velha fotografia ao lado de vários colegas de escola que o perseguiam e que foram vítimas de acidentes fatais. Ele também começa a ter a visão de uma criança misteriosa e acredita que seja seu filho desaparecido. Qual a relação das cruzes nas duas narrativas? Como elas irão se encaixar de maneira absoluta na sequência final?

A melhor maneira de entender tudo o que acontece em I Remember You é se ater à fala de um dado personagem. Um advogado sensitivo analisa o sumiço de Benni e apresenta sua posição sobre os mistérios, servindo como uma ferramenta de compreensão para o espectador. Há outros que aparecem aqui e ali e servem apenas para instigar o público, como a esquizofrênica Ursula (Ragnheiður Steindórsdóttir), o menino autista e até a parceira de Freyr, Dagni (Sara Dögg Ásgeirsdóttir). Mas, o mais interessante é que a solução dos principais enigmas está ali o tempo todo, aparecendo por diversas vezes durante o filme, sem que o espectador tenha entendido seus sinais. Ainda assim, pode causar uma certa confusão no entendimento dos fatos, assim como o ritmo lento pode incomodar boa parte do público.

I Remember You deve ser recomendado para aqueles que se cansaram dos clichês americanos e querem acompanhar uma obra que não insulta a inteligência do espectador com sustos vazios. Traz um forte e triste enredo, sem se esquivar dos arrepios, e deve ficar na lembrança do espectador por um bom tempo!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

3 thoughts on “Fantasmas do Passado (2017)

  • 10/09/2019 em 19:43
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    Ótimo filme, prende a atenção. Gostei muito do mistério construído, embora a solução não seja inovadora. Trilha sonora também contribui muito bem para o clima tenso.

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  • 26/08/2018 em 19:51
    Permalink

    Filme excelente, uma atmosfera assustadora e um enredo bem instigante. Ótima produção!

    Resposta

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