Nós
Original:Us
Ano:2019•País:EUA Direção:Jordan Peele Roteiro:Jordan Peele Produção:Jason Blum, Ian Cooper, Sean McKittrick, Jordan Peele Elenco:Lupita Nyong'o, Winston Duke, Elisabeth Moss, Tim Heidecker, Shahadi Wright Joseph, Evan Alex, Yahya Abdul-Mateen II, Anna Diop, Cali Sheldon, Noelle Sheldon, Madison Curry, Napiera Groves, Lon Gowan, Alan Frazier |
“Us is a horror movie”, post de Jordan Peele em seu twitter, classificando em que gênero seu novo filme se enquadra, é claramente uma provocação aos novos rótulos como Pós Horror ou Horror Elevado. Depois de ganhar o Oscar de melhor roteiro por Corra!, Peele apresenta seu novo e também crítico trabalho dentro do Horror.
Peele revelou em entrevista um medo de infância: ele era aterrorizado pela ideia de existir doppelgängers, lenda germânica em que uma criatura pode se passar por uma cópia idêntica da pessoa que ela escolhe, porém com personalidade diferente, o que significa em sua crença que todas as pessoas têm um duplo. Esta é a inspiração para a realização de Nós, sobre uma família em férias, encurralada por pessoas idênticas, em uma narrativa construída como forma de reflexão para convenções sociais atuais.
Em Corra!, Peele trouxe a tona questões inerentes ao racismo de forma perturbadora, já em Nós, o diretor amplia sua crítica à sociedade, em uma obra repleta de metáforas em forma de uma espécie de pesadelo visual. Nada do que está presente em Nós é de graça: cada elemento presente tem um significado, que abre várias camadas de interpretações. Os espelhos, as luvas, as tesouras, os coelhos… elementos que enriquecem essa percepção e constroem o subtexto da narrativa.
A direção conduzida por Peele, dentro das convenções do gênero, aposta em uma estética sutil, repleta de sombras, acertando na construção do clima crescente de suspense e tensão que o roteiro proporciona. Belíssimas cenas e enquadramentos amparados por uma bela e incômoda trilha sonora constroem situações assustadoras, mostrando como o Horror pode ser bonito; não que seja uma novidade no gênero, mas sempre há de enaltecer quando um diretor acerta o tom. Assim como em Corra!, o diretor opta por momentos de humor que funcionam muito bem e servem como alívio cômico entre as situações angustiantes. Não fosse por esta escolha de Peele, o filme poderia ser um dos mais aterrorizantes dos últimos anos.
O diretor reserva ainda espaço a sutis homenagens, a algumas obras do gênero. Entre elas, O Iluminado e A Noite dos Mortos Vivos. Há também uma grande influência da série clássica Além da imaginação. Curiosamente, o diretor está envolvido como produtor e narrador do revival da série que está prestes a estrear. O roteiro peca por escolher um caminho onde a narrativa segue para algo maior do esperado, perdendo-se na tentativa de uma explicação para os acontecimentos, que acaba não se sustentando.
A atuação de Lupita Nyong’o é magistral, tanto na construção da corajosa Adele, que faz de tudo para proteger sua família, quanto na personificação de sua cópia, assustadora entre suas expressões faciais, movimentos e por sua voz. As crianças estão muito bem, assim como Winston Duke (Pantera Negra). São deles os momentos de alívio cômico da trama. Apesar de uma pequena participação, Elisabeth Moss (June, de Handmaid’s Tale) também se destaca, principalmente pelo papel bizarro de sua cópia.
Aprofundar no subtexto existente dentro dos elementos que o diretor apresenta em tela fica pra outra ocasião. Neste momento, revelar ou discutir sobre pode atrapalhar a experiência de quem ainda não viu o filme. A reflexão deixada por Peele já começa pelo próprio título da obra. Nós não é sobre a família que protagoniza ou sobre qualquer outro personagem. Simplesmente, é sobre nós.
Este filme é um dos melhores filmes que eu já assisti o final tem uma reviravolta maluca maluca 👍
Talvez a expectativa de um bom filme após ter visto o excelente “Corra” tenha contribuído para tornar a experiência mais frustrante, mas, mesmo assim, não acho que “Nós” seja tão bom quanto essa avaliação superestimada. Em ambos os filmes, é preciso “comprar a ideia” apresentada, como em muitos filmes de terror ou de outros gêneros. Mas a explicação apresentada em “Nós” não cola, não se sustenta e parece não ter lógica nenhuma. Sem contar que a revelação de Adele é previsível.
Um monte de hipster cheirador de bufa curtiram essa bosta de filme, hollywood têm de voltar as origens e fazer filmes de terror raiz!
Falou pouco, mas falou bosta!
O comentário do Santos aí em cima resume perfeitamente a experiência dos dois filme de forma simples
Bom texto. Pelo que li por aí, o título refere-se também à sociedade estadunidense especificamente. US – United States. Daí uma das personagens responde a uma pergunta com “Somos americanos”.
Fui assistir Corra esperando um puta filme de terror e encontrei uma crítica social foda, fui assistir Nós esperando outra crítica social foda e encontrei um puta filme de terror.