Siembamba - A Canção do Mal
Original:Siembamba / The Lullaby
Ano:2018•País:África do Sul Direção:Darrell Roodt Roteiro:Darrell Roodt, Tarryn-Tanille Prinsloo, Samuel Frauenstein Produção:Samuel Frauenstein, Andre Frauenstein Snr Elenco:Reine Swart, Thandi Puren, Brandon Auret, Deànré Reiners, Dorothy Ann Gould, Shayla-Rae McFarlane, Eckardt Spies, Amjoné Spies, Samuel Frauenstein |
Após fugir de casa e da cidade de Eden Rock no fim da adolescência, Chloe (Reine Swart) finalmente retorna para reencontrar a mãe, Ruby (Thandi Puren), quase um ano depois, exatamente no momento do parto de seu primeiro filho, Liam. Embora bem recebida, mesmo com a separação complicada, a garota, que ainda nutre sentimentos pelo jovem Adam (Deànré Reiners), passa a sofrer de constantes alucinações e pesadelos, numa balbúrdia de sensações e paranoias, pressentindo que a vida do bebê possa estar em risco. Essa é a premissa básica do longa sul-africano Siembamba (The Lullaby, 2017), dirigido por Darrell Roodt, a partir de um roteiro de Tarryn-Tanille Prinsloo, para os argumentos de Samuel Frauenstein e do próprio Roodt.
Como se nota pelo enredo, Siembamba se baseia na assustadora depressão pós-parto, uma condição que afeta muitas mulheres logo ao término da gravidez e que pode culminar até mesmo com a morte da criança, deixada de lado, esquecida. Nessa enfermidade psicológica, em grande maioria temporária, as mães passam a rejeitar seus filhos, enxergando situações em que os bebês são mortos por elas, por não serem boas o suficiente para cuidar deles. No caso de Chloe, como se trata de um filme de horror, o problema é ampliado a uma forma de maldição que acompanha a cidade em que cresceu, quando, no início do século passado, soldados se estabeleciam no local, estupravam as mulheres, e os frutos eram condenados.
O enredo cria uma confusão interessante ao mesclar cenas em que a Chloe possa estar realmente fazendo algum mal à criança ou enxergando a ameaça em sua própria mãe, vista como uma bruxa de véu negro. Por diversas vezes, ela confunde os cuidados da avó com o recém-nascido com uma tentativa de feri-lo, sem perceber que o problema pode ser ela mesmo. Para ajudar a se entender, ela passa a ser consultada pelo psiquiatra Dr. Timothy Reed (Brandon Auret), construído como um personagem sombrio no seu explanar sussurrante ou através de sua coleção de borboletas.
Com as consultas e a ameaça crescente, a dúvida que paira é sobre a identidade do pai da criança. A jovem parece não se importar com esse enigma, estabelecido em suas lembranças, buscando apenas formas de entender o que está acontecendo, levada ao espectador através da atuação histérica de Reine Swart, que não permite qualquer empatia com sua personagem. Cada visão aterrorizante, seja do movimento dos bonecos de porcelana ou do bebê embebido de sangue, é reagida de maneira exagerada pela jovem, com gritos de desespero e agitação dos braços.
Sob o ritmo de uma melancólica canção de ninar, Siembamba vale pela curiosidade em acompanhar a primeira produção africana a conseguir alcançar os cinemas americanos, uma vez que a narrativa confusa e as câmeras frenéticas de Darrell Roodt só permitem entender que se trata de um experimento psicológico no estudo de traumas e depressão, disfarçado de filme de terror.