A Possessão de Mary (2019)

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A Possessão de Mary
Original:Mary
Ano:2019•País:EUA
Direção:Michael Goi
Roteiro:Anthony Jaswinski
Produção:Scott Lambert, D. Scott Lumpkin, Mason McGowin, Alexandra Milchan, Marty Eli Schwartz ... co-producer Tucker Tooley
Elenco:Gary Oldman, Emily Mortimer, Manuel Garcia-Rulfo, Stefanie Scott, Chloe Perrin, Owen Teague, Jennifer Esposito, Douglas Urbanski

A primeira impressão receosa que você pode ter com A Possessão de Mary vem de uma curiosa trívia: o renomado ator Gary Oldman foi contratado para substituir Nicolas Cage. Isso mesmo. Aquele ator que carrega em sua filmografia nos últimos anos um elevado número de produções de gosto duvidoso NÃO QUIS SE ENVOLVER com o trabalho de Michael Goi (da série American Horror Story)!! Já o seu substituto parecia ter um gosto mais refinado, tendo ultimamente atuado em Planeta dos Macacos: O Confronto (2014), Crimes Ocultos (2015) e O Destino de uma Nação (2017), não sendo possível entender como resolvera voltar ao gênero terror – o eterno Drácula do filme de Francis Ford Coppola – em uma obra que não há razão alguma para ter sido levada aos cinemas. E não esteve sozinho nessa enrascada.

A boa atriz Emily Mortimer (de O Retorno de Mary Poppins, 2018) faz o papel de sua esposa e mãe de Lindsey (Stefanie Scott, de Sobrenatural: A Última Chave, 2018) e também da pequena Mary (Chloe Perrin, de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, 2015), cujo nome é o mesmo da embarcação que, segundo a premissa, irá conduzir seus ocupantes a um inferno nas águas frias do Triângulo das Bermudas. Além da família, envolta no clichê dos problemas de relacionamento após uma traição, há também um mico reservado para Jennifer Esposito (da série The Boys), que faz o papel da Detetive Clarkson, que começa o filme interrogando Sarah (Mortimer), após o barco ter sido encontrado à deriva, tendo ela apenas como possível sobrevivente, uma justificativa plausível para acusá-la pela morte dos demais.

Nesse ponto, não é difícil perceber a lamentação do espectador ao saber que se trata de um longa-flashback, que irá mostrar, através da lembrança da protagonista, o que conduziu todos à tragédia. Esses momentos de interrogatório, se não bem trabalhados e servidos ao enredo, acabam quebrando o ritmo da produção, como um ponto de respiração do público até a próxima sequência. Já na conversa inicial, por exemplo, a mãe já fica sabendo que as filhas estão vivas, em um spoiler desnecessário e que diminui a preocupação com o episódio que será contado.

Sarah conta que o marido resolveu apostar suas finanças na compra de um barquinho antigo, seduzido pela estátua de uma sereia na frente e pela ideia de restauração – numa simbologia ao próprio casamento. Com a inscrição Mary, cria-se uma dupla possibilidade no roteiro de Anthony Jaswinski: será a garotinha a vítima da possessão ou o barco que é maldito? A resposta vem rápida, pelas próprias palavras de Sarah à Detetive ao se referir ao veículo e a situação a qual enfrentaram. Antes mesmo de embarcar, o Mal já deixa os primeiros vestígios de sua presença ao aparecer num jumpscare vergonhoso no momento em que Tommy (Owen Teague), namorado de Lindsey, é convocado para tirar uma foto.

Mais momentos assombrosos acontecem quando a pequena Mary fica presa em um compartimento; e outros incomodam Emily, que, posteriormente, encontrará informações sobre o passado trágico do barco, que atravessou o século passado, e que é mantido por David (Oldman) no local – um recurso necessário para substituir a pesquisa na internet. Também faz parte do passeio o amigo Mike (Manuel Garcia-Rulfo), levando o espectador a questionar sua presença ali, pela proximidade com os erros de Emily. A entidade sobrenatural logo começará a possuir todos os ocupantes, levando-os a ações agressivas como o ataque proferido por Tommy. Tais acontecimentos culminarão num confronto com a vilã sobrenatural, em sequências tão anti-climáticas e mal realizadas, que farão você entender a reflexão do começo desse texto.

Mal dirigido (a sequência final é uma confusão total), produzido, com péssimos efeitos especiais, um enredo banal, um terror pouco inspirado! São tantos os problemas de A Possessão de Mary, que fica difícil apontá-los em poucos parágrafos. A única certeza, com o surgimento dos créditos, é a que você fez um mau negócio ao investir na compra do ingresso. Nem mesmo para os fãs de Oldman ou para ver em casa, valeria a pena! Não embarque nessa ideia ou há grandes chances que você fique possesso!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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