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A Noiva Ensanguentada / A Maldição da Vampira
Original:La novia ensangrentada
Ano:1972•País:Espanha
Direção:Vicente Aranda
Roteiro:Vicente Aranda, Sheridan Le Fanu, Matthew Lewis
Produção:Jaime Fernández-Cid Fenollera
Elenco:Simón Andreu, Maribel Martín, Alexandra Bastedo, Dean Selmier, Ángel Lombarte, Montserrat Julió, Rosa M. Rodriguez

Além de sua trajetória gótica na evolução do cinema de horror, a trilogia Karnstein também serviu de inspiração para novas adaptações da obra Carmilla, de Joseph Sheridan Le Fanu. Uma delas e pouco menos conhecida foi comandada por Vicente Aranda, em 1972, e se encontra disponível no box Vampiros no Cinema 3, da Versátil, ao lado de O Vício (The Addiction, 1995), de Abel Ferrara, As Filhas de Drácula (Vampyres, 1974), de José Ramón Larraz, e A Maldição de Lemora (Lemora: A Child´s Tale of the Supernatural, 1973), de Richard Blackburn. A Noiva Ensanguentada não está entre as produções mais conhecidas do diretor, lembrado muito mais pelo longa Os Amantes, de 1991, porém, ainda que seja levemente inspirada na literatura, tem seus méritos no subgênero do vampirismo.

A recém-casada Susan (Maribel Martín) está temerosa pelo fato de ter tido relações anteriores com o marido (Simón Andreu) antes do casamento. Depois de uma breve alucinação em que é violentada depois de morta por um estranho, ela chega à grandiosa residência, onde seu esposo crescera, e conhece a pré-adolescente Carol (Rosa M. Rodriguez), com seus próprios hábitos sinistros, além dos pais da garota. Ao notar a ausência de pinturas femininas nas paredes da morada, Susan as encontra no porão, estranhando uma, sem rosto, carregando um punhal, e com o nome Mircalla Karnstein.

Susan passa a sofrer pesadelos constantes, onde uma bela mulher aparece para atormentá-la. Essa mesma desconhecida será encontrada enterrada nas areias da praia (!!!), nua, com a câmera explorando a beleza estonteante de Alexandra Bastedo. Levada para casa, desmemoriada, Carmilla, como ela se auto-denomina, continua a atormentar Susan, mas agora com sua presença física, sugando seu sangue e sua vitalidade, destacando-se as mãos cheias de anéis invertidos. Aos poucos Susan parece influenciada pela visitante, que traz insinuações sobre a necessidade dela assassinar seu marido, com o punhal encontrado, e, por vezes, escondido.

Notando as loucuras da esposa, como na sequência em que ela se prende no viveiro, na torre, ele também percebe as semelhanças entre Carmilla e a pintura, incluindo as confeccionadas por Susan. Parece que Carol também sofre influências, e que algo precisará ser feito no túmulo de Karnstein para encerrar de vez esse pesadelo a fim de evitar que todos ali sejam vítimas da sedutora vampira, também conhecida como “noiva ensanguentada” – que inspirara Quentin Tarantino e seu Kill Bill Volume 1.

Não se pode dizer que o título é uma enganação. O filme de Aranda traz boas cenas embebidas de sangue, como a que acontece no pesadelo em que ela mata o marido com o punhal. Com conhecimento da obra da Hammer, o roteiro, do próprio diretor, a partir de um argumento de Matthew Lewis, busca vida própria, isentando-se da responsabilidade de seguir o texto de Le Fanu, apenas na manutenção do relacionamento entre a vampira e a garota, além, é claro, do nome da personagem e seu anagrama. Há o erotismo que se tornou a marca da personagem, como também a relação de sua força familiar, elevando o sobrenome dos Karnstein.

Com um enredo simples, sem muito o que ir além do que se propõe, A Noiva Ensanguentada vale como recomendação como uma obra de vampirismo e sedução, aliada ao texto original e que serviu de moldes para o subgênero. Um bom filme de horror gótico, mas bem inferior ao excepcional e atmosférico trabalho de Roy Ward Baker.

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