Do Fundo do Mar 2
Original:Deep Blue Sea 2
Ano:2018•País:EUA, África do Sul Direção:Darin Scott Roteiro:Hans Rodionoff, Erik Patterson, Jessica Scott Produção:Tom Siegrist Elenco:Danielle Savre, Rob Mayes, Michael Beach, Nathan Lynn, Kim Syster, Jeremy Boado, Adrian Collins, Cameron Robertson, Darron Meyer, Tamer BurjaqMarc Hyland, |
O ataque de tubarões inteligentes ao laboratório submerso Aquática, em 1999, promoveu um dos filmes B mais divertidos desse subgênero. Cenas de claustrofobia, sensação de insegurança e um elenco de rostos bem vistos no cinema como Thomas Jane, Samuel L. Jackson e Stellan Skarsgård amenizam os efeitos por vezes rasos e proporcionam cenas antológicas: a do doutor Jim Whitlock, com um braço devorado, sendo arremessado pela boca por uma das criaturas; o discurso voraz do financiador Russell Franklin; o confronto de um tubarão com o Pastor (Cool J) e seu papagaio. Do Fundo do Mar (Deep Blue Sea) se mostrou tão eficiente que por muitos anos houve questionamentos sobre a não realização de sequências, sendo que a própria Warner Bros., desde 2008, se mostrava interessada em explorar os animais marinhos de Renny Harlin.
Mais uma década se passou. Em 2017, foi anunciado o nome de Darin Scott para a cadeira de diretor de uma até então improvável continuação e as filmagens aconteceram em Cape Town, na África do Sul. Com o primeiro trailer lançado no começo de 2018, sem grandes nomes no elenco, e o enredo que aparentava ser apenas um remake do anterior levaram Do Fundo do Mar 2 para um lançamento direto em vídeo pela Warner Bros. Home Entertainment. Era evidente que todas as pretensões foram por água abaixo, ainda que tenha algo nunca visto no roteiro de Hans Rodionoff, Erik Patterson e Jessica Scott: o ataque de múltiplos bebês tubarões (!!!).
Com o sucesso em um trabalho de proteção aos tubarões, a especialista Misty Calhoun (Danielle Savre) é convidada pelo bilionário Carl Durant (Michael Beach) e seu sócio Craig Burns (Darron Meyer) para prestar uma assistência em seu laboratório submerso Akhelios, juntamente com os estudantes de neurobiologia recém-casados Leslie (Kim Syster) e Daniel Kim (Jeremy Boado). Lá ela conhece também os treinadores de tubarões Trent Slater (Rob Mayes), Mike Shutello (Adrian Collins) e Josh Hooper (Cameron Robertson), além do técnico de informática Aaron Ellroy (Nathan Lynn), e descobre que os animais, no caso tubarões-touro, estão sendo manipulados com uma droga que está desenvolvendo suas habilidades cognitivas – o objetivo seria apenas usá-los como teste, uma vez que a proposta é servir ao ser humano, “que está sendo substituído pela máquina“, no argumento ruim de Durant.
Misty estaria no local para observar o comportamento estranho do tubarão-fêmea Bella, algo que ela nota e responde em segundos: ela está grávida. Com essa resposta imediata, o animal repete o que aconteceu no primeiro filme, demonstrando não estar realmente inconsciente para arrancar a cabeça de um dos treinadores. Enquanto ela rapidamente libera seus filhotes vorazes, ágeis em ataques coletivos como piranhas, outro tubarão promove uma explosão do lado externo e o laboratório começa a ficar inundado, separando os sobreviventes em pequenos grupos, na tentativa de alcançar a superfície para pedir ajuda.
A grande novidade de Do Fundo do Mar 2 são os mini-tubarões, tanto que eles são mais perigosos do que os cinco libertos. Diferente do primeiro em que possível acompanhar a morte de cada um dos três espécimes, aqui basicamente há o ataque de Bella, enquanto os demais são findados em uma solução mais do que preguiçosa. Para diferenciar os ambientes do laboratório foram utilizados iluminações coloridas, sem que isso acrescente qualquer coisa ao enredo; e os efeitos são inferiores ao do longa de quase vinte anos antes, principalmente na movimentação ritmada dos tubarões, aproximando o filme da falta de qualidade técnica de outras obras precárias, desse subgênero trash moderno.
Além das criaturas, os sobreviventes precisam enfrentar um vilão humano, o egocêntrico Durant, que tem aplicado em si a mesma droga usada nos tubarões. “Mais inteligente“, algo que não significa absolutamente nada no enredo, o ator que o interpreta, Michael Beach, que já fez trabalhos muito mais exigentes, age de maneira extremamente artificial, arregalando os olhos como expressão de seu acréscimo cognitivo. E o efeito usado para mostrar a droga agindo, com fórmulas e tal, chega a ser risível de tão ruim.
Sem qualquer relação com o original, que felizmente não chega nem a ser mencionado, Do Fundo do Mar 2 é uma produção que transborda mediocridade. Ruim, mal realizada e sem inspiração, simplesmente não se justifica pelos recursos investidos, assim como a continuação Deep Blue Sea 3, prevista para ser lançada no dia 28 de julho nos EUA, com direção de John Pogue (Quarentena 2 e A Marca do Medo). Se existe uma boa notícia a respeito, parece que as ações serão centradas em uma ilha, sem laboratório submerso e um cientista louco com a intenção de dominar o mundo. Não que isso seja passível de inspirar confiança.
Terrivelmente ruim!