O Silêncio da Cidade Branca
Original:El Silencio de la Ciudad Blanca Ano:2020•País:Espanha Autor:Eva García Sáenz de Urturi •Editora: Intrínseca |
Vinte anos atrás, a cidade de Vitória viveu com medo. Estranhos assassinatos duplos andavam acontecendo, casais eram encontrados mortos, em uma peculiar e macabra posição, em pontos históricos da cidade. Inúmeros fatos deixam o caso ainda mais estranho e único: as pessoas assassinadas não eram de fato um casal, não se conheciam, possuem nomes compostos e suas idades sempre eram múltiplas de cinco. No primeiro assassinato, bebês. No segundo, duas crianças de 5 anos, seguidas por crianças de 10 e adolescentes de 15 anos. De repente, os assassinatos cessaram. O provável assassino, um arqueólogo famoso chamado Tasio Ortiz de Zárate, foi enfim preso. Quem emitiu a ordem de prisão foi seu gêmeo, Ignacio, que acabou virando um herói local por ter livrado a pequena cidade desse horror.
Agora, passados vinte anos, Tasio está a alguns dias de sair da prisão por apenas alguns dias, e os assassinatos recomeçaram, seguindo o mesmo Modus Operandi anterior, durante as festas locais de Vitória. Dois jovens de 20 anos foram encontrados numa histórica igreja local.
O inspetor Unai, fã de Tasio e obcecado pelo caso em sua juventude, e a inspetora Estíbaliz são responsáveis pelo caso que tanto assombrou-os quando jovens. Unai, conhecido como Kraken, começa a receber tweets que parecem ser da prisão, de Tasio. Ao visitá-lo, Tasio afirma que não foi o autor dos crimes passados, e também não está por trás dos atuais. Unai, querendo impedir novos assassinatos a todo custo, fica dividido entre acreditar e achar que está sendo manipulado.
Conforme os dias passam, os assassinatos avançam, sempre levando em conta algum ponto histórico e sua época. Unai e Estíbaliz se vêem cercados de becos sem saída e, ao investigarem o passado dos gêmeos, acabam entrando numa rede de mistérios e mentiras.
Eva García descreve a história e tradições locais sem poupar detalhes, o que pode deixar o livro um pouco cansativo no começo. Porém, tais detalhes históricos são extremamente importantes para o desenvolvimento da trama e da investigação, acrescentando também uma leve pitada de ocultismo e espiritualismo, presente nos povoados locais. Até mesmo a posição que os corpos são encontrados e o jeito que foram mortos têm um motivo. O conhecimento local é tão importante quanto a psicologia criminal.
O livro não perde o ritmo em momento algum conforme avança, pelo contrário. Começando lento, logo engata e fica cada vez mais envolvente, mesmo com diversos caminhos frustrados ao longo da investigação. Quando a solução parece estar ali, só esperando para que juntem as pontas de fato, vem uma reviravolta e joga por terra o que parecia óbvio.
Cada ponto é importante e, no final, são ligados perfeitamente, sem deixar nada solto ou sem explicação. É tudo tão fechadinho que chega a ser surpreendente que este é apenas o primeiro volume de uma trilogia.
O Silêncio da Cidade Branca deixa bem claro que todas as atitudes têm uma consequência, por mais tempo que leve, e que nem tudo é o que parece.
O thriller espanhol teve mais de um milhão de exemplares vendidos e, em 2019, uma adaptação homônima foi feita pela Netflix.
Os outros dois volumes da trilogia ainda não possuem tradução no Brasil.