Possuídos
Original:Bug
Ano:2006•País:EUA Direção:William Friedkin Roteiro:Tracy Letts Produção:Kimberly C. Anderson, Michael Burns, Gary Huckabay, Malcolm Petal, Andreas Schardt, Holly Wiersma Elenco:Ashley Judd, Michael Shannon, Lynn Collins, Brian O’Byrne, Harry Connick Jr |
O diretor norte-americano William Friedkin se notabilizou entre os amantes do cinema de horror por seu trabalho atrás das câmeras no clássico absoluto do gênero: O Exorcista, 1973. Embora tenha transitado por diversos gêneros, seu nome até hoje ficou associado à produção de filmes de horror. Após produzir obras polêmicas como Parceiros da Noite, e cult movies como Viver e Morrer em Los Angeles, Friedkin teve altos e baixos, voltando plenamente com uma produção pequena e ao mesmo tempo perturbadora intitulada Bug aka Possuídos, 2006, baseado na famosa peça teatral de Tracy Letts, que também assina o roteiro do filme.
Essa não é a primeira vez que Friedkin adapta um texto teatral para o cinema. Em 1970, ele dirigiu Os Rapazes da Banda, outro famoso espetáculo que chegou a ser encenado no Brasil e posteriormente censurado. Com Possuídos, o diretor delimita bem o espaço de toda ação e coloca em cena dois protagonistas em um crescente confronto psicológico que ultrapassa a cada sequência os limites da sanidade ao mesmo tempo que envolve o espectador nas obsessões das personagens a ponto de abrir a possibilidade de que tudo o que está acontecendo é a mais pura realidade.
Em um quarto de hotel de um lugar indeterminado do interior dos EUA, vemos Agnes, interpretada por Ashley Judd. Sozinha, fragilizada por um relacionamento conturbado com o violento e sedutor Jerry, interpretado por Harry Connick jr, ela acaba conhecendo um homem misterioso, Peter, interpretado por Michael Shannon, que interpretou esse mesmo papel na montagem teatral. O grande mérito do filme é a direção de Friedkin que consegue criar um filme que não parece teatro filmado. Mesmo com dois atores em cena na maioria do filme, a interpretação excelente dos atores e a maneira como a loucura começa a tomar conta deles acabam conquistando o espectador que vai até o fim da projeção curioso e ansioso para ver como tudo vai se consumar.
O encontro de Agnes e Peter é mostrado aos poucos. Ele é apresentado para Agnes por uma amiga: RC. Tudo parece um encontro casual de apenas uma noite, onde a cena de sexo entre eles é mostrada de maneira original e muito estilizada. Porém, Peter vai pouco a pouco conquistando a já fragilizada Agnes e o relacionamento deles se torna cada vez mais sério. Tudo parece se encaminhar para uma história de amor entre duas pessoas muito feridas pela vida e que se encontram no meio do nada, ficando “aprisionados” em um quarto de hotel. Claro que as coisas não são bem o que parecem. Sutilmente percebemos que Peter tem uma atenção especial com relação aos insetos, daí o título original Bug. Pouco a pouco percebemos que essa atenção especial é na verdade uma obsessão cada vez mais doentia e relacionada aos traumas dele como ex-combatente da Guerra do Golfo, onde teria sido cobaia de experiências secretas do Exército Norte-Americano. Nessa altura da história percebemos uma mudança clara na atmosfera do filme e então os elementos do horror começam aos poucos a surgir, em sequências brutais e inesperadas de auto-mutilação e assassinato.
A atmosfera crescente de loucura das personagens muda até o cenário, de maneira radical, mas nunca saímos plenamente daquele quarto. Somos trancafiados com eles, como testemunhas daquele mundo insano, do ponto de vista de duas personagens em um caminho sem volta de auto-destruição, sempre com a presença “ameaçadora” dos insetos. Em alguns momentos da parte final lembra muito o universo de David Cronemberg. Como já comentei, o roteiro ainda abre a possibilidade de que tudo o que está acontecendo é real, na verdade eles não estão delirando. O final literalmente apocalíptico é perturbador. O esforço físico dos atores nos faz remeter a origem teatral desse roteiro. Imagino o estado dos atores no final de cada espetáculo. O único porém é a interpretação over em alguns momentos de Michael Shannon. Por ter feito o mesmo papel no teatro ele teve dificuldades de modular o grau de interpretação do teatro para o cinema, mas Ashley Judd e sua Agnes conseguem equilibrar tudo.
Um filme de horror autoral, para fãs adultos do gênero.
Resenha anteriormente publicada no Boca do Inferno em 2006, em versão html.
Filme horrivel puta que pariu perdi meu tempo por causa dessa critica
Eu prefiro comer cocô de gato do que ver esse filme de novo, pq é mais rápido.