Morte Negra
Original:Black Death
Ano:2010•País:Alemanha, UK Direção:Christopher Smith Roteiro:Christopher Smith, Dario Poloni Produção:Robert Bernstein, Jens Meurer, Douglas Rae, Phil Robertson Elenco:Eddie Redmayne, Sean Bean, Carice van Houten, Kimberley Nixon, John Lynch, Tim McInnerny, Andy Nyman, David Warner, Johnny Harris, Emun Elliott, Tygo Gernandt, Jamie Ballard, Daniel Steiner |
Um dos períodos mais apropriados para a expressão do horror é a Idade Média. Também conhecido como Idade das Trevas – devido ao desconhecimento, à ingenuidade -, essa é a época da “caça às bruxas” e da terrível Inquisição, da crença e descrença e da proliferação da Peste Negra, a doença que dizimou grande parte da população da Europa e da Ásia. Corpos putrefatos espalhados pelos povoados, o cheiro da morte pelo ar, um céu nebuloso e frio, pessimismo exacerbado… um ambiente ideal para desenvolver histórias macabras e concentrar o medo. Assim, o cinema de horror tem sempre visitado essa atmosfera sombria para trazer narrativas tétricas e assustadoras, levando o espectador a doses simbólicas do que representou o período. Uma dessas produções, com lançamento discreto no Brasil, direto em DVD, é Morte Negra (Black Death), dirigido por Christopher Smith, a partir de um roteiro de Dario Poloni. O filme é estrelado por Sean Bean, Eddie Redmayne e Carice van Houten.
Em 1348, numa das propagações mais aterrorizantes da Peste Negra, o jovem monge Osmund (Eddie Redmayne) sai de seu isolamento, depois de descobrir que não está contaminado, para se encontrar com a amada Averill (Kimberley Nixon). Temendo que ela possa sucumbir ao mal que aflige o vilarejo e o mosteiro, ele sugere que a garota deixe o local e vá para uma floresta próxima em busca de abrigo. Antes de partir, ela diz que o aguardará todas as manhãs, durante sete dias, na proximidade de uma cruz de pedra, para que possam se encontrar e perpetuar esse grande amor. Sem saber se deve ou não se afastar de suas obrigações religiosas, a pequena comunidade recebe a visita de cavaleiros, liderados por Ulrich (Sean Bean), a procura de um guia.
Com a oferta de Osmund para a missão, mais tarde ele descobre que o grupo de soldados tem um objetivo ainda mais profundo: visitar um vilarejo que não sofrera com a doença, devido à presença de uma bruxa, uma necromance com a capacidade de trazer os mortos à vida. Eles planejam levá-la até o Bispo para que seja feito o julgamento adequado. Depois de testemunhar as acusações de uma mulher no caminho e sofrer o ataque de bandidos – o que conduz a primeira metade da narrativa -, os viajantes chegam à floresta escura nas proximidades da comunidade. Eles, então, terão a oportunidade de testar a fé e até se sacrificar para tentar vencer o Mal, com Osmund adquirindo um papel fundamental nessa jornada.
Na primeira parte do filme, a aventura pela floresta e os questionamentos do grupo são bem interessantes porque permitem a reflexão sobre suas ações. Apesar dos dogmas religiosos, Osmund luta para acreditar na intervenção do mal no surgimento e no terror causado pela Peste. Não quer acreditar que os corpos amontoados sejam castigos divinos e que existam na sociedade criaturas com poderes demoníacos! Ele simplesmente busca uma vida fora do mosteiro ao lado da amada, mas é exatamente esse seu desejo que expõe sua fraqueza.
Quando chegam à comunidade, o longa remete a várias produções sobre grupos que chegam a locais aparentemente normais, mas que escondem seus segredos. Liderados pela bela Langiva (Carice van Houten), os vilões parecem satisfeitos pelas condições atuais e estão dispostos a qualquer ação pela manutenção do povoado. Esse embate entre fé e negação, sobrevivência e sacrifício, são os pontos altos do filme de Christopher Smith (de Triângulo do Medo e Plataforma do Medo), e que também é beneficiado pelo elenco de primeira e pela ambientação depressiva e bem construída. Não há efeitos especiais, levitação, raios azulados que saem das mãos, trovões artificiais; o terror se constrói com os pés no chão, num enredo que merecia uma atenção maior pelo contexto apresentado.